Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo ao Ministro dos Transportes, no sentido de uma atenção especial na recuperação das BRs 364, 425, 174, 421 e 429, em Rondônia.

Autor
Amir Lando (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Amir Francisco Lando
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Apelo ao Ministro dos Transportes, no sentido de uma atenção especial na recuperação das BRs 364, 425, 174, 421 e 429, em Rondônia.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2003 - Página 9130
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • REGISTRO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), RECEBIMENTO, PEDIDO, POPULAÇÃO, SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, ACESSO RODOVIARIO, AMBITO ESTADUAL.
  • ESCLARECIMENTOS, PREJUIZO, ECONOMIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), PRECARIEDADE, RODOVIA, DIFICULDADE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, ABASTECIMENTO, ALIMENTOS, POPULAÇÃO, AMBITO ESTADUAL.
  • SOLICITAÇÃO, ANDERSON ADAUTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), PROVIDENCIA, MELHORIA, SITUAÇÃO, BENEFICIO, RODOVIA, ESTADO DE RONDONIA (RO).

O SR. AMIR LANDO (PMDB - RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: os versos do poeta Sidney Miller me inspiram nas minhas caminhadas pelas estradas de Rondônia: “Parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado; rasgando tudo que encontra, a terra de lado a lado; estrada de Sul a Norte, eu que passo, penso e peço; notícias de toda sorte, de dias que eu não alcanço; de noites que eu desconheço, de amor, de vida ou de morte.” Como “a estrada e o violeiro”, da poesia, “eu que já percorri o mundo, cavalgando a terra nua, ... muitas coisas tenho visto, nos lugares onde passo...onde a vista pouco alcança... tanta gente e tão ligeiro, que eu até perdi a conta... se meu destino é ter um rumo só, choro, e meu pranto é pau, é pedra, é pó”.

Na história de Rondônia, foram milhares os “violeiros”, “caminhando só, por uma estrada, caminhando só”. Não há como contar a história de Rondônia, em verso e prosa, sem que se faça rima com a BR-364. De Sul a Norte, transporte, sorte, leito de morte. E, se a BR-364 se confunde com a história de Rondônia, hoje, prosa e verso rimam com abandono, pau, pedra, pó e buraco. A vida de Rondônia passa pela 364. A vida de Rondônia, hoje, pára na 364. Em muitos lugares, o que restou da estrada são verdadeiros descaminhos.

Recuperar a BR-364 é, portanto, continuar a construir a história de Rondônia. É uma história que não pode parar. A construção da BR-364 significou a ocupação da fronteira e a conseqüente delimitação da soberania. Quase tudo o que se produz no Estado passa por estradas. Pela BR-364, pela BR-425 e por outros caminhos. São as estradas que ligam a produção ao progresso, o trabalho à fartura.

Tenho recebido, diariamente, inúmeros pedidos no sentido de que o Governo Federal tome consciência da situação precária das estradas rondonienses. São estudantes e suas horas em vão, na tentativa da busca pelo saber. São produtores e seu suor desperdiçado na perda do alimento que não chega ao mercado. É “tanta gente...que eu até perdi a conta...fora a dor, que a dor não conta”.

Rondônia tem todas as condições de contribuir para que os objetivos no novo Governo sejam efetivamente atingidos. Ali se pode produzir o alimento que ainda falta para milhões de brasileiros. Ali se pode gerar o emprego que devolve a cidadania aos excluídos da mesa de comunhão. Ali, onde “a vista pouco alcança, mas a terra continua”, há espaço suficiente para que a esperança vença, efetivamente, o desalento.

Mas, as frustrações da população podem, também, se transformar no alimento do desalento. Há trechos de estradas, em Rondônia, por exemplo, por onde não passa, nem mesmo, a esperança. Entre Itapuã e Ariquemes, entre Presidente Médici e Pimenta Bueno, entre Porto Velho e Abunã e para Guajará Mirim, são alguns dos pontos críticos que merecem atenção imediata.

O produtor rural rondoniense corre o risco, se persistirem as frustrações, de se transformar, de potencial viabilizador das propostas de governo, como produtores rurais, em público-alvo dos programas de distribuição dos alimentos que eles mesmos poderiam cultivar, que virão de fora do Estado, não raramente importados de outros países. Não é à toa a grande avalanche populacional que inchou as cidades brasileiras nas últimas décadas, com todas as repercussões negativas dessa migração rural-urbana, incluindo a exclusão social, que gera a violência que já atingiu os limites de uma verdadeira guerra civil. “Fora a morte, quando encontra, vai na frente um povo inteiro”.

Quero, portanto, dirigir, neste instante, um apelo ao Sr. Ministro dos Transportes, Deputado Anderson Adauto, em nome do povo de Rondônia, no sentido de que seja dedicada, imediatamente, atenção especial às rodovias que cortam o nosso Estado, principalmente, às BRs 364, 425, 174, 421 e 429. Além disso, é de crucial importância para Rondônia a federalização da RO-399, que liga Pimenteiras à BR-364. Estou certo da sensibilidade do Sr. Ministro, e o povo rondoniense saberá responder à altura, contribuindo para a realização dos propósitos do Governo Federal: reduzir as disparidades pessoais e regionais de renda e construir uma nação verdadeiramente democrática e soberana.

Rondônia ainda é um Estado eminentemente rural. Em dois terços de seus municípios, a população que vive no campo ainda é maior. E as estradas de Rondônia, se preservadas, ainda comportam outros milhares de “violeiros”. “Tanta gente que virá, caminhando, procurando, na certeza de encontrar”.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2003 - Página 9130