O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, Alagoas está de luto. Eu estou de luto. E, de luto, deixamos de lado por um instante os grandes temas que formam a agenda e as preocupações de nosso Estado e de nosso País para partilhar com esta Casa a dor e a indignação pelo assassinato brutal de um dos maiores executivos de nossa terra. Foi assassinado, na sexta-feira, dia 25 de abril, em Rio Largo, Alagoas, Bernardo Oiticica, engenheiro mecânico, industrial, executivo de empresas, mas sobretudo um homem público na verdadeira acepção da palavra não apenas pela funções que exerceu, mas principalmente pelo espírito que o inspirou e balizou em sua curta vida de 43 anos.

Diretor da Empresa Alagoana de Terminal, que gerencia o Terminal de Açúcar de Alagoas, um dos mais eficientes do mundo; Diretor da Central Açucareira Usina Santa Maria; executivo maior da Usina Santa Clotilde, que pertence à sua família; comandante maior da Oiticica Industrial e Comercial Ltda, outra empresa familiar; Diretor do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Alagoas; Diretor do Hospital da Agroindústria do Açúcar, um dos maiores e mais respeitados de Alagoas.

Tão vasto e tão denso é o seu currículo que Bernardo Oiticica parece ter prolongado os dias de seus brevíssimos 43 anos. Com certeza, ele multiplicou exemplos, Sr. Presidente, tantas as sementes de dignidade, de seriedade e da mais absoluta correção pessoal que semeou nos cargos que exerceu, nos espaços que ocupou.

Desprendido, nem por um instante hesitou em deixar as empresas da família e assumir o cargo de diretor-superintendente da Fundação Teotônio Vilela, num dos momentos mais delicados e mais desafiadores da instituição, apenas porque, com toda a sensibilidade de seu generoso coração, ele percebeu que redirecionar a Fundação Teotônio Vilela era uma prioridade de Alagoas naquele instante. Homem de empresas por aptidão, mas sobretudo um homem de indústria por formação, Bernardo Oiticica se entregou por largo tempo de sua vida a um dos projetos mais bem sucedidos das associações comerciais do Brasil: o de plantar, em parcerias com o Sebrae, sementes de empreendedorismo Brasil afora, principalmente em pequenos Municípios de Alagoas. Só a história, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dimensionará em sua real abrangência a importância do trabalho de Bernardo para a produção, para a modernização de nosso setor produtivo e para o desenvolvimento de Alagoas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estou de luto, Alagoas está de luto, porque, mais que um dileto e fraternal amigo, perdemos um homem público inexcedível na competência profissional, admirável na ética de sua prática e na dignidade de seus gestos. Alagoas está de luto, eu estou de luto pela propagação da violência, que banaliza e coisifica a vida humana, tornando-a joguete desimportante nas mãos e na mira de qualquer louco e, sobretudo, de qualquer estúpido. Alagoas está de luto, eu estou de luto porque temos de chorar a perda de um ser humano único na sua inigualável lealdade e solidariedade pessoal, e temos de lamentar a impunidade que deixa livres os assassinos mais frios e cruéis.

A dor mais profunda e a indignação mais sentida reforçam e aumentam nossa esperança: justiça será feita. A Bernardo, a sua família, a seus amigos e a Alagoas. Nada, ninguém trará de volta à vida, à família e ao trabalho o Bernardo Oiticica de todas as Alagoas. Mas, fazendo justiça, pelo menos evitaremos que outros crimes tão estúpidos e gratuitos como esse voltem a manchar de sangue a nossa história, amargando de vergonha e de dor nossos corações. Justiça será feita.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.