Pronunciamento de Eduardo Azeredo em 07/05/2003
Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Contingenciamento pelo Governo Federal dos recursos para investimentos.
- Autor
- Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
- Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
- Contingenciamento pelo Governo Federal dos recursos para investimentos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/05/2003 - Página 9892
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
- Indexação
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- CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DESCUMPRIMENTO, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, AUSENCIA, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, INVESTIMENTO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR (FAT), FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), INFRAESTRUTURA, SERVIÇOS PUBLICOS, NECESSIDADE, EMPENHO, ESTADOS, MUNICIPIOS, OBTENÇÃO, PARCERIA.
- COMENTARIO, DECISÃO, CONSELHO MONETARIO NACIONAL (CMN), REDUÇÃO, EMPRESTIMO, DESTINAÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, EFEITO, DIFICULDADE, CRIAÇÃO, RENDA, EMPREGO, AMBITO ESTADUAL, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, EMPRESTIMO PUBLICO, BENEFICIO, INFRAESTRUTURA, DEFESA, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSISTA, MATERIA.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as expectativas de que o governo recém-empossado possa fazer algo novo e diferente do “possível” realizado pela era FHC, no tocante aos investimentos em infra-estrutura, vão aos poucos se esvanecendo.
O Orçamento Geral da União para 2003 consignou meros R$14,6 bilhões para investimentos (cerca de 1% do PIB nacional), com recursos próprios. Diante da decisão de ampliação da meta de superávit primário (4,25% do PIB) e da taxa de inflação negociadas com o Fundo Monetário Internacional - FMI, a totalidade desses recursos foi contingenciada, sem quaisquer perspectivas de liberação (principalmente os referentes às emendas parlamentares, sinalizam os áulicos governistas).
Assim, poucas são as possibilidades reais de os Estados e Municípios receberem repasses voluntários da União em 2003; menores ainda a partir de 2004, com o advento das reformas fiscal e previdenciária e (atenção!) o encerramento do prazo de aplicação da Emenda Constitucional nº 27, aprovada em 2000 e com vigência até este ano (tal dispositivo desvincula 20% da arrecadação de impostos e contribuições sociais da União, liberando-a para aplicação em projetos de seu estrito interesse). Restará a tais atores, a preparação de projetos de desenvolvimento auto-sustentáveis com recursos próprios ou a viabilização de financiamentos junto a agentes de fomento nacionais ou internacionais para a tão necessária melhoria da infra-estrutura dos serviços públicos essenciais.
O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT, em sua Resolução nº 289, de 23 de julho de 2002, autorizou a alocação de R$4,5 bilhões de recursos do FAT para o financiamento do PROEMPREGO III, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, no período de 2002 a 2004. Objetiva, com isso, preservar e expandir oportunidades de trabalho, incrementar a renda do trabalhador e proporcionar a melhoria da qualidade de vida da população, em especial das camadas empobrecidas, destinando os recursos para investimentos nos setores de energia, transportes, saneamento e no de turismo.
Sensibilizado com as declarações de intenções do novo governo federal, o Conselho Gestor do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, por meio da Resolução nº 409, de 26 de novembro de 2002, instituiu o Programa de Infra-estrutura de Transporte Coletivo - PRÓ-TRANSPORTE, atendendo, prioritariamente, áreas de baixa renda e contribuindo para a promoção do desenvolvimento físico-territorial, econômico e social, de melhoria de qualidade de vida e preservação do meio ambiente urbano. No total, R$1 bilhão foram disponibilizados, para aplicação no período de 2003/2006, neste Programa.
Atualmente, este Conselho Gestor administra, por intermédio da Caixa Econômica Federal, cerca de R$22 bilhões. Considerando o fluxo de caixa e as reservas necessárias para o cumprimento de suas obrigações sociais, R$3 bilhões adicionais poderão ser emprestados ao setor público, para aplicação nos segmentos de habitação, saneamento e infra-estrutura urbana, no mesmo período.
Naturalmente, terão acesso a esses empréstimos somente aqueles que se enquadrarem nas severas exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal e nos restritos limites para endividamento, impostos pelas Resoluções nos 040 e 043, de 2001, do Senado Federal.
Para grata surpresa, muitos são os municípios que realizaram os indispensáveis ajustes fiscais e administrativos internos e atendem a tais condicionamentos, assim como os Estados, embora em menor proporção. Parte deles estão municiados de bons projetos de investimentos e com decisão política tomada para captação de novos financiamentos.
Estas operações, prometidas pelo atual governo federal durante o processo eleitoral, e por diversas vezes ratificadas pelo Presidente da República, são indispensáveis para a retomada do desenvolvimento do País. Não ocorrem, entretanto, por força de ato burocrático de Conselho Monetário Nacional - CMN, que, em sessão realizada em 25 de abril de 2002, e tornada pública por meio da Resolução nº 2.954 do Banco Central, estabeleceu o teto máximo de R$200 milhões, em moeda nacional, para empréstimos aos entes públicos (estados e municípios), e, mediante a Resolução nº 3.039, de 28 de novembro de 2002, permitiu teto adicional de R$200 milhões, para contratação exclusiva com os municípios. Limites há muito atingidos.
Atualmente, propostas firmes para empréstimos ao setor público, totalizando R$2,8 bilhões, aguardam, na “fila” do Banco Central, a autorização do CMN para novas contratações. Enquanto isso não acontecer, os recursos do FAT e os do FGTS, destinados ao financiamento da melhoria da infra-estrutura e da qualidade de vida do país, continuarão aplicados na rolagem da dívida pública.
Aparentemente a nova equipe econômica do governo brasileiro não quer gerar emprego e renda, com receio do aumento do consumo e da pressão inflacionária decorrentes; não quer novos investimentos, com receio de reduzir o superávit primário. Distante dos sérios problemas econômicos e sociais de nossa população, não quer reduzir as taxas de juros, com receio da fuga de capitais.
Neste momento singelo de início dos trabalhos de uma nova legislatura, é indispensável que nossos representantes no Congresso Nacional demonstrem, na prática, a coerência entre seus sentimentos, palavras e ações; que o bordão repetido por todos, exaustivamente, de compromisso pessoal com a geração de emprego e renda, em suas campanhas, materialize-se; que se unam, articulam-se e ajam por esta grande causa pública suprapartidariamente agora; que aproveitem as condições macroeconômicas favoráveis para exigirem que, de imediato, o contingenciamento de empréstimos ao setor público seja suspenso, única alternativa para se injetar novos recursos em tais empreendimentos, vitais para o reaquecimento da economia e a efetiva geração de empregos.
Era o que eu tinha dizer.