Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio da visita do Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ao Estado do Acre, para discutir sobre o programa de desenvolvimento sustentável daquela região. (Como Líder)

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Anúncio da visita do Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ao Estado do Acre, para discutir sobre o programa de desenvolvimento sustentável daquela região. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2003 - Página 10058
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ANUNCIO, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REGIÃO AMAZONICA, REUNIÃO, GOVERNADOR, DEBATE, PROGRAMA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • EXPECTATIVA, APOIO, LIDERANÇA, CLASSE POLITICA, SOCIEDADE CIVIL, PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ATENDIMENTO, DEMANDA, POPULAÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.

O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco/PSB - AP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho a grata satisfação de anunciar, nesta tribuna, mais uma visita do Presidente Lula à Amazônia. O Presidente, acompanhado de seus Ministros, desloca-se, logo mais, para as cabeceiras do rio Amazonas, para o Estado do Acre.

Sou morador da foz tanto quanto os Senadores Duciomar Costa e Papaléo Paes, e o Presidente vai às cabeceiras para se reunir com Governadores e lideranças da região, para discutir um programa de desenvolvimento econômico e social para a Amazônia que se proponha a efetivar-se em harmonia com a natureza amazônica.

Não podemos reproduzir, em uma região ainda preservada como a Amazônia, aquilo que foi feito de negativo em outras regiões do País. Para nós, é uma alegria imensa receber o Presidente na nossa região, para debater o futuro. E o futuro da Amazônia interessa, sobretudo, a nós, amazônidas, que nascemos e crescemos ali e escrevemos uma história e uma cultura afeta aos povos que vivem na floresta e nas margens dos rios.

Buscando estabelecer um paralelo, não podemos dizer que o modelo de desenvolvimento implantado no Centro-Sul ou na Zona da Mata Atlântica - da qual hoje resta pouco ou quase nada - gerou riquezas capazes de atender as demandas sociais e de melhorar a qualidade de vida de todos aqueles que habitam aquele ecossistema fantástico. A Mata Atlântica desapareceu, e, em seu lugar, não surgiram riquezas que atendessem às necessidades sociais do povo que ali vive.

Portanto, é fundamental, neste momento, que os Governadores da Amazônia e as lideranças políticas e populares da região recebam o Presidente e os Ministros e possam desenhar um futuro melhor para todos nós. Para isso, necessitamos, fundamentalmente, de conhecimento. Nós, da Amazônia, necessitamos gerar conhecimento, para traduzi-lo em tecnologia e em invenções que possam melhorar a vida do povo da Amazônia.

Os modelos de desenvolvimento da Amazônia, os grandes empreendimentos, não foram pensados para atender as necessidades locais, as necessidades dos amazônidas, mas para satisfazer as demandas externas. Do manganês do Amapá à hidrelétrica de Tucuruí, esses projetos foram pensados para satisfazer demandas do Centro-Sul brasileiro, ou de fora do Brasil.

Contudo, é chegada a hora de repensar esse modelo e de mostrar, com clareza, que os amazônidas garantiram as fronteiras deste imenso País continental. Foi o povo do Acre que se alçou em armas para garantir aquele pedaço de chão e se incorporar ao Brasil. No Amapá, o fim da região contestada, que durou três séculos e meio, só ocorreu depois de um massacre odioso perpetrado pelas forças francesas no Município do Amapá. A partir de então, o Barão do Rio Branco conduziu para que, definitivamente, incorporássemos um imenso espaço ao território que é hoje brasileiro.

Portanto, o modelo de desenvolvimento da nossa região tem que pensar no povo que construiu a Amazônia. Tenho certeza de que o Presidente Lula conhece como ninguém a Amazônia. Tive a felicidade de acompanhar Sua Excelência - como farei hoje na viagem ao Acre - em sua última viagem ao Amapá, ainda antes de ser eleito Presidente da República, no final de 2001, quando visitamos uma fábrica de biscoitos de castanha, encravada no coração da floresta, às margens do rio Iratapuru, no alto Jarí. Naquela visita, o Presidente teve oportunidade de conversar com os castanheiros e de conhecer um projeto que inverte a lógica dos modelos para a Amazônia. Isso porque, do lado dessa indústria de biscoitos, que é uma cooperativa de castanheiros, conduzida, gerenciada por eles, que produz um bem de consumo com altíssimo valor agregado, o da preservação da nossa floresta e da distribuição da justiça social, do lado desse modelo que preserva, desse modelo que faz justiça social, está o Projeto Jarí, um projeto de conversão de floresta heterogênea em floresta industrial monoespecífica - um projeto que nunca deu lucro, que provocou danos ambientais profundos e concentrou pobreza social. Hoje, do lado do Amapá, onde estão os Municípios de Vitória e de Laranjal do Jarí, a população ainda vive em situação de extrema dificuldade, principalmente do ponto de vista sanitário, atraída que foi pelo megaprojeto de um cidadão que, aos 70 anos, tinha US$ 5 bilhões para gastar e resolveu fazê-lo naquela região. Mas não havia tempo útil - digamos - para executar o seu projeto.

O Presidente da República, conhecedor da Amazônia que é, vai, com certeza, junto com todos nós, garantir uma proposta duradoura que atenda às demandas do presente e respeite e seja solidário com as gerações futuras.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2003 - Página 10058