Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do Sr. Raymundo Faoro. (Como Líder)

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do Sr. Raymundo Faoro. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 16/05/2003 - Página 11372
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAYMUNDO FAORO, JURISTA, INTELECTUAL, ESCRITOR, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, DEMOCRACIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, VEREADOR, MUNICIPIO, SANTOS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem para homenagear dois brasileiros que prestaram um grande serviço ao País, amigos pessoais, pelos quais eu não me poderia omitir num momento como este.

Eu queria, em primeiro lugar, homenagear essa figura reconhecida por sua grandeza de espírito público, por sua integridade intelectual, por sua coerência histórica, por sua formação como jurista, por sua presença na resistência ao regime militar e na luta pela liberdade democrática. Autor de obras importantes, sobretudo Os Donos do Poder, foi um homem que, nascido em 1925, chegou a ocupar, com V. Exª, a cadeira nº 6 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Barbosa Lima Sobrinho. Por toda essa trajetória de militância intelectual, de jornalista presente em todos os momentos da ida pública, de presença ímpar na defesa da Constituição, dos princípios maiores do estado de direito das liberdades, é uma perda imensa para o Brasil. Quero falar da morte que ocorreu hoje, às 7h, de Raymundo Faoro. Aqui eu não poderia deixar de homenagear, de prestar nossos pêsames aos familiares e nosso reconhecimento pela contribuição inestimável que deu à nossa vida pública.

Eu queria, Sr. Presidente, igualmente e lamentavelmente, registrar a carta que encaminhei, de manhã, ao Ricardo, à Bárbara e ao Bruno, que são os familiares da companheira Luzia, Vereadora da cidade de Santos, minha amiga pessoal há muitos anos, por quem eu tenho um apreço único. Foi uma professora que lutou a vida inteira em defesa da escola pública, foi dirigente da POESP, foi, eu diria, uma presença marcante na cidade em que nasci, Santos. Acometida de uma doença implacável na sua juventude, deixa dois filhos pequenos e uma história muito bonita de luta e coerência.

Eu escrevi para a família e gostaria de deixar registrada nos Anais da Casa a seguinte carta:

Brasília, 15 de maio de 15 de maio de 2003

Ao Ricardo, Bárbara e Bruno,

Tão preciosa foi a convivência - amistosa e desprendida -, que só a memória poderia aplacar, mas não dissipar, o sentimento de pesar que abate quem compartilhou a companhia de Luzia. A dor, que se manifesta com o nome de saudade, transfigura-se num vazio que só poderia ser preenchido pela presença de quem conosco não está mais. A quem sofre com a perda, a lacuna é apenas tenuemente preenchida pela lembrança.

Melhor, então, que fiquemos com as melhores recordações.

Lembrar do seu ideal de luta por mais qualidade na educação santista e paulista, recordar sua militância no Partido, relembrar a atuação sem descanso pela justiça social, preservar como modelo seus gestos generosos.

Com a tristeza dos que a conheceram, lamento a perda e saúdo a memória imperecível de Luzia.

Do amigo,

Aloizio Mercadante”

            E assino.

            Por tudo isso, Sr. Presidente, pela sua história como militante, pela sua contribuição ao nosso Partido, pela nossa amizade, quero aqui deixar meus pêsames aos seus filhos, a seu companheiro e a toda a minha cidade, que está em luto nesta oportunidade.

Exatamente neste momento está ocorrendo o seu enterro. Não posso estar presente, mas estou em espírito, em memória, com a lembrança e os sentimentos. Eu gostaria de registrar a minha solidariedade e deixar nos Anais a homenagem a mais uma dessas grandes mulheres deste País, que ajudaram a construir as liberdades, que lutaram contra o regime ditatorial e que nunca abdicaram de sonhar com um país mais justo e solidário. Portanto, à nossa Vereadora deixo minha eterna saudade.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/05/2003 - Página 11372