Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo passamento do Sr. Raymundo Faoro. (Como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo passamento do Sr. Raymundo Faoro. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 16/05/2003 - Página 11373
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAYMUNDO FAORO, JURISTA, INTELECTUAL, ESCRITOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, DEMOCRACIA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder.) - Sr. Presidente, a Liderança do PSDB apresenta ao Partido dos Trabalhadores os mais sinceros pêsames pelo bravo e generoso militante que perdeu e se reporta, com muito pesar, ao falecimento desse grande brasileiro que se chamava, que se chama, até porque é imortal, Raymundo Faoro. Intelectual impecável e profundo, autor de Os Donos do Poder, análise, pela ótica weberiana, da relação que termina explicando porque este País, que um dia haverá de ser justo, é, secularmente, ele próprio, tão injusto.

Raymundo Faoro foi o herói que conduziu a Ordem dos Advogados do Brasil, numa hora em que os tempos exigiam heroísmo dos que pudessem se portar como heróis. E o povo brasileiro, ao lado dele, soube ser herói naquele momento histórico.

Raymundo Faoro foi o intelectual, o homem público que o tempo inteiro conseguia aliar a serenidade de que era possuído à coragem inabalável que demonstrava nas horas em que ela era exigida, sobretudo do ponto de vista da demonstração cívica que eternamente ele seria capaz de fazer em favor do seu País.

De minha parte, pessoalmente, tendo lutado ao seu lado por democracia no País, tendo tido todas as razões pessoais para estimá-lo e todas as razões históricas para venerá-lo, nem seria preciso que ele, eternamente, estivesse de acordo com as minhas idéias para eu dizer do meu pesar e da minha saudade. Lamento muito que eu tenha podido ter com ele a grande coincidência de termos, os dois, e tantos outros, lutado por democracia neste País. Melhor que eu não tivesse conhecido a sua bravura, na luta por liberdade, pois, se não nos tivesse faltado liberdade, não haveria por que termos lutado por ela. Mas, a história teve aquela curva, e nela Faoro nos deu a conhecer um homem admirável, que precisa ser reverenciado por todo o País, que precisa ser exibido às novas gerações, que precisa ser eternizado na compreensão de que as pessoas grandes, são grandes sobretudo pelo caráter, pelo valor que trazem dentro de si, exteriorizando, a partir daí, todas as coisas boas que a sua alma é capaz de compor na direção do povo brasileiro.

Portanto, é com dor que lamentamos o falecimento de um grande brasileiro, de um intelectual que haverá de ser estudado por muitas gerações. Todas as vezes em que se pensar para valer em justiça no Brasil, lá virá o nome Raymundo Faoro; quando alguém, neste País, pensar em liberdade, lá vem o nome de Raymundo Faoro, que nunca deixou de lutar por liberdade em todos os quadrantes da sua história; quando se pensar em doação e em generosidade na direção do nosso povo e da nossa sociedade, lá vem novamente o nome de Raymundo Faoro, por quem, com tanta dor, pranteamos hoje, que interpretou o Brasil e soube, sobretudo, ser ele também um grande brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/05/2003 - Página 11373