Pronunciamento de Valmir Amaral em 22/05/2003
Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Realização da Festa Nacional do Milho (FENAMILHO), de 23 de maio a Primeiro de junho próximo, em Patos de Minas/MG. Campanha de incentivo ao consumo do milho.
- Autor
- Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
- Nome completo: Valmir Antônio Amaral
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA AGRICOLA.:
- Realização da Festa Nacional do Milho (FENAMILHO), de 23 de maio a Primeiro de junho próximo, em Patos de Minas/MG. Campanha de incentivo ao consumo do milho.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/05/2003 - Página 12590
- Assunto
- Outros > POLITICA AGRICOLA.
- Indexação
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- REGISTRO, REALIZAÇÃO, FESTA NACIONAL, MILHO, MUNICIPIO, PATOS DE MINAS (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
- COMENTARIO, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, MILHO, BENEFICIO, PRODUTOR RURAL, EXPECTATIVA, PROGRAMA, COMBATE, FOME, GOVERNO FEDERAL, INCENTIVO, CONSUMO, PRODUTO NACIONAL, REDUÇÃO, IMPORTAÇÃO, MERCADORIA ESTRANGEIRA, ESPECIFICAÇÃO, TRIGO.
O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no período de 23 de maio a 1º de junho, será realizada na acolhedora cidade de Patos de Minas, que é sede de uma das maiores indústrias de alimentos do País, mais uma Festa Nacional do Milho - FENAMILHO. Na oportunidade, principalmente, o cereal será exaltado como o produto agrícola mais brasileiro, e aplaudida a iniciativa de se deflagrar a campanha de incentivo ao seu maior consumo, tal como em boa hora sugerido pela Associação Brasileira das Indústrias Moageiras de Milho - ABIMILHO.
Nada mais oportuno e procedente. Em nosso País, costuma-se valorizar o consumo de trigo, de tal sorte que se oferece à população o “pastelzinho português, a torta holandesa, o bolo inglês e o pão francês”, como lembra, com propriedade, o agrônomo Xico Graziano, ex-Presidente do Incra e Secretário de Agricultura de São Paulo.
Sem dúvida, porém, o milho é melhor, formando, com a mandioca, o “prato básico do brasileiro”. Produto das culturas de incas e astecas, modernamente foi substituído pela farinha de trigo, deixando de participar, como deveria, da mesa dos brasileiros, gerando maior dependência externa.
Com isso, foram ignoradas as prescrições de segurança alimentar, que desde a última Guerra Mundial recomendam às nações a prática de políticas de amparo à produção local, para garantir a alimentação de suas populações e a continuidade do trabalho dos produtores rurais. Por sinal, no Japão e em países da Europa, procura-se, com razão, incentivar esse tipo de protecionismo.
Aqui, com a instituição do Fome Zero, a segurança alimentar passou a integrar a agenda política, o que pode determinar a valorização dos produtos nacionais, o aumento da capacidade produtiva e apropriados hábitos de consumo da população. Também contribuem para isso as condições de solo e clima, as pesquisas e as tecnologias que exploram devidamente as potencialidades da terra brasileira.
No que se refere ao consumo do trigo importado, em detrimento do milho nacional, deve-se recordar que, na década de 50, o governo norte-americano, atendendo às pressões dos seus triticultores, que possuíam grande capacidade de produção e elevados estoques, decidiu distribuir gratuitamente o cereal, como parte de sua política de combate à pobreza. A partir daí, o produto invadiu os mercados dos países subdesenvolvidos, desde a África até a América Latina, elevando-o à condição de cereal mais consumido em todo o mundo.
No Brasil, há pouco mais de duas décadas, o trigo já apresentava elevado consumo, determinando o aumento da dependência de sua importação. A cada ano, consumia-se de 5 a 6 milhões de toneladas, acarretando a instituição de subsídios para cobrir a diferença entre o produto nacional e o importado, calculados em 25 bilhões de dólares, de 1967 a 1983. Hoje, produzimos praticamente a metade do que consumimos.
Impõe-se, conseqüentemente, que o Governo Federal determine a ampliação das políticas que objetivam prestigiar o produtor nacional, entre as quais despontam, na primeira hora, a multiplicação de investimentos no setor e o estímulo ao consumo do milho, inclusive pelo seu aproveitamento nas campanhas de combate à fome, missão para a qual foram convocados todos os brasileiros.
Era o que tínhamos a dizer.