Discurso durante a 67ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da reativação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) ou da criação da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA).

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Defesa da reativação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) ou da criação da Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA).
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2003 - Página 13852
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CRIAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), DESENVOLVIMENTO, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, CRITICA, EXTINÇÃO, ORGÃO DE APOIO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO, AUSENCIA, RECONHECIMENTO, BENEFICIO, ESTADOS.
  • CRITICA, CIRO GOMES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, DEFESA, REATIVAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), REFORMULAÇÃO, AGENCIA, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA.
  • EXPECTATIVA, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), DESENVOLVIMENTO, REGIÃO NORTE, AGILIZAÇÃO, REATIVAÇÃO, ORGÃO PUBLICO.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a busca do tão almejado equilíbrio regional depara-se com grandes obstáculos, uma vez que a concentração de poder econômico tende a se perpetuar, acentuando as desigualdades regionais. Para corrigir tal tendência é necessário adotar uma política ativa de compensação, identificando as vocações e os fatores vulneráveis nas economias das regiões menos desenvolvidas, passando a estimular aquelas vocações e a reforçar esses fatores de modo abrangente e articulado.

Um marco dos mais importantes para dinamizar a economia das regiões brasileiras menos desenvolvidas consistiu na criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene - em 1958, seguida da criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia - Sudam - em 1966.

Seria praticamente impossível contabilizar todos os benefícios que produziu para as respectivas regiões, de modo direto ou indireto, a atuação de ambas as superintendências durante mais de três décadas. Em seus últimos anos, entretanto, a revelação de sérios problemas de irregularidades e desmandos na aplicação dos incentivos da Sudene e Sudam conduziu a uma reavaliação da atuação das duas entidades, resultando em sua extinção.

Não há dúvida, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que, ao serem fechadas tanto a Sudene quanto a Sudam, bons funcionários, consistindo na maioria de ambas as instituições, foram equiparados àqueles menos escrupulosos, que concorreram para consumação dos ilícitos; empresas corretas, que aproveitaram os estímulos concedidos para seu legítimo crescimento, retornando benefícios para o conjunto da sociedade, viram-se na mesma vala de empresas fantasmas, constituídas tão-somente para usufruir de recursos públicos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muitos projetos importantes elaborados em Rondônia e aprovados pela Sudam tiveram um final feliz. Temos, hoje, em Rondônia, pequenas centrais hidrelétricas, um frigorífico de aves, laticínios e indústria de transformação do leite, a Gramazon, que faz o beneficiamento do granito da região para ser exportado para a Itália, Estados Unidos e tantos outros países, enfim, mais de uma dezena de boas empresas, criadas com recursos da Sudam, estão hoje funcionando, gerando riqueza, emprego e ICMS para que o Estado de Rondônia possa investir na educação, saúde, agricultura e tantas outras áreas.

É lamentável, portanto, que isso tenha acontecido com a Sudam, empresa que contribuiu muito para a nossa região. É claro que muitos projetos não deram certo, mas não podemos generalizar. A Sudam é uma empresa que merece, com certeza, ser reativada.

Ambas as entidades, de relevante papel histórico no passado e de grandes perspectivas para o futuro, uma vez empreendida a correção dos rumos, viram-se simplesmente extintas. Para assumir parte de suas atribuições são criadas a Agência de Desenvolvimento do Nordeste - Adene - e a Agência de Desenvolvimento da Amazônia - Ada.

A mudança na Presidência da República veio trazer, entrementes, novo alento para todos os que acreditavam que a Sudam e a Sudene poderiam novamente representar, uma vez ressuscitadas, importantes instrumentos de estímulo ao desenvolvimento do Norte e do Nordeste do País.

Eis que aí mesmo, Srªs e Srs. Senadores, inicia-se uma nova ordem de problemas. Admite-se, endossa-se, exalta-se, enfim, a proposta de recriação da Sudene. Mas a Sudam permanece no limbo, no esfumaçado do talvez.

Em janeiro do corrente ano, o Ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, vem a público declarar, após visita a ambas regiões, que “percebeu nos nordestinos uma disposição maior de recriar a Sudene”, enquanto “a sociedade amazônica (lhe) pareceu ter pouco empenho em proteger a Sudam”.

No último dia 11 de fevereiro, foi instituído grupo de trabalho interministerial para examinar o processo de extinção da Sudene e de criação da Adene, responsabilizando-se ainda pela proposição de medidas para que a Sudene venha a ser recriada.

Enquanto isso, o Ministro Ciro, afastada a hipótese da recriação de Sudam, defende a reformulação da Agência de Desenvolvimento da Amazônia - Ada.

E o processo de liquidação da Sudam estende-se indefinidamente, agora sob o comando de um quarto interventor.

Conheço muito bem a palavra interventor, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Ela deveria ser extinta do nosso vocabulário, porque intervenção é o que há de mais danoso para uma instituição. Isso nunca deveria acontecer, mas já estamos no quarto interventor na Sudam. Isso não vai nos levar a lugar algum.

É necessário, portanto, que a Sudam seja novamente reformulada ou que a Ada seja efetivamente implantada para que os nossos projetos possam ter prosseguimento.

Os servidores da Sudam permanecem à espera de uma solução, sem que tenham aproveitamento laboral, ou qualquer definição que venha minorar a angústia de pais e mães de famílias aflitas.

Grande número de projetos em andamento, de relevante interesse para os Estados nortistas, teve, sistematicamente, a liberação de recursos sustadas, em particular aqueles provenientes do Fundo de Investimentos da Amazônia - Finam, que sobrevive apenas em estado vegetativo.

Segundo o próprio Ministério da Integração Nacional, “empresários que se sentiram prejudicados com a extinção da Sudam ameaçam processar o Governo Federal por lucros cessantes”.

Não apenas essa, mas diversas manifestações nos mostram seu inconformismo com a menor atenção, para não dizermos simplesmente descaso, com que vêm sendo tratados os referidos problemas de nossa região.

Sr. Presidente, milhares de empregos, recursos em caixa de R$200 milhões, previsão de entrada de mais de R$200 milhões em 2003, tudo isso poderia ser investido em novas empresas ou para concluir algumas que estão em andamento, gerando, assim, mais empregos para a nossa região, para o nosso povo.

Se é necessário mostrar empenho pela criação da entidade mais adequada para estimular o dinamismo econômico da Região Norte, com recursos, força política e capacidade de conceber e encaminhar planos articulados de desenvolvimento, não faltará quem clame por esse direito. Reivindicamos, antes de tudo, Sr. Presidente, a isonomia de tratamento com a Região Nordeste.

É louvável a determinação demonstrada pelo Governo Federal para a recriação da Sudene - nós também a aplaudimos -, mas não concebemos e não aceitamos que se dê um tratamento diferenciado e discriminatório à região Norte do nosso País.

O que exigimos, Srªs e Srs. Senadores, é a disposição para o diálogo franco por parte do Ministro da Integração Nacional e demais autoridades do Governo Federal, que não parta de posições preconcebidas, mas que avalie os legítimos anseios e as verdadeiras necessidades da nossa região.

Afinal, temos todos os motivos para crer que é de interesse comum fazer desenvolver nossa vasta região, depositária das maiores riquezas naturais do Brasil, de integrá-la ao conjunto do País, de resgatar o seu povo da carência em que se encontra, em prol de uma nação desenvolvida de modo harmonioso em todos os seus quadrantes.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2003 - Página 13852