Discurso durante a 68ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o apoio do PFL a elevação do salário mínimo para R$ 260,00.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.:
  • Considerações sobre o apoio do PFL a elevação do salário mínimo para R$ 260,00.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2003 - Página 14078
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • REFERENCIA, DECLARAÇÃO, AUTORIA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REUNIÃO, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, DEFESA, COBRANÇA, TAXAS, VENDA, ARMAMENTO, OBJETIVO, INVESTIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, COMBATE, POBREZA, PAIS SUBDESENVOLVIDO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, REGISTRO, AUSENCIA, VIABILIDADE, PROPOSTA, MOTIVO, INSUFICIENCIA, TEMPO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, PRIORIDADE, POLITICA SOCIAL, CONTRADIÇÃO, AUMENTO, TAXAS, JUROS, REDUÇÃO, CONSUMO, PRODUÇÃO.
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, CONDUTA, JOSE ALENCAR, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
  • REGISTRO, PROXIMIDADE, APRECIAÇÃO, SENADO, PROPOSTA, AUTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), AUMENTO, SALARIO MINIMO, DEFESA, APROVAÇÃO, MATERIA, REDUÇÃO, SITUAÇÃO, POBREZA.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Sr. Senadores, eu gostaria de fazer um registro e uma convocação. O registro consta de praticamente todos os jornais da grande imprensa do País no dia de hoje, que dão conta da posição assumida por Sua Excelência o Presidente Lula da Silva, na Reunião de Evian, que propôs a instituição de uma taxa sobre as operações de venda de armas, imposto que constituiria um fundo para aplicação em investimentos geradores de emprego e enfrentadores da pobreza nos países emergentes e pobres do mundo.

É uma iniciativa meritória, que teve boa repercussão, pelo menos junto ao Presidente Chirac, um dos membros do grupo dos oito países mais ricos do mundo, que prometeu levar a proposta para a apreciação dos Presidentes dos países membros do G-8. Mas a proposta teve, de imediato, um reparo do Presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que - preciso reconhecer -, com lucidez, sugeriu que não se apresentassem propostas que, por se suporem novas, iriam demandar muito tempo para sua apreciação e deliberação.

Tenho certeza de que o Presidente Thabo, que preside uma nação importante do mundo, a África do Sul, conhece, como nós conhecemos, a proposta, que é antiga e que está em discussão, da Toben Tax, que a ONU discute há anos e que é muito mais ampla do que a proposta do Presidente Lula de instituição de um imposto apenas sobre venda de armas para a constituição de um fundo de combate à pobreza.

A Toben Tax encerra uma proposta muito mais ampla, muito mais larga. Ela propõe que, nas operações financeiras entre países ricos do mundo, se desconte um percentual - e a discussão se dá em torno do percentual - para se constituir, com o produto dessa taxação, um volume de recursos expressivos que teria eficácia para o combate à pobreza nos países emergentes do mundo.

A colocação do Presidente Lula, do ponto de vista político e de marketing, é perfeita. Mas do ponto de vista de eficácia, deixa a desejar, como bem colocou o Presidente Thabo Mbeki, da África do Sul. Mas a colocação que é feita pelo Presidente me traz à tribuna para reclamar de atitudes concretas. Acho que o País precisa, mais do que de jogadas de marketing, de jogadas politicamente inteligentes, de ações efetivas. O combate à pobreza - e o Presidente Lula ganhou a eleição com a proposta de gerar dez milhões de empregos, de elevar a renda dos brasileiros -, o combate à pobreza, de forma efetiva, se faz gerando emprego e elevando o nível de renda dos que já estão empregados.

Para gerar emprego é preciso, em primeiro lugar, fazer o contrário do que está sendo posto hoje: a elevação e a manutenção, em patamares altíssimos, da taxa de juros, que inibem o consumo e a produção em função do baixo consumo. E, sobre isso, declarações recentes, de última hora, do Presidente da República em exercício, José Alencar, foram coerentes com o que S. Exª dizia quando era Senador, com o que dizia quando era candidato a Vice-Presidente.

S. Exª chegou até a falar, na semana passada, em pedir perdão, caso não fosse corrigida a questão a taxa de juros, caso o Copom não iniciasse um processo progressivo de queda da taxa de juros, pedir perdão aos eleitores que elegeram Lula Presidente e José Alencar Vice-Presidente da República.

Estou com o Vice-Presidente José Alencar, por uma razão muito simples - coerência. O Vice-Presidente está significando, no Governo, a banda da coerência. Ele está pronunciando agora o discurso que pronunciava quando era candidato a Vice-Presidente. E ele foi escolhido candidato a Vice-Presidente porque interpretava o pensamento de empresários, que o Presidente Lula, então candidato, queria agregar à sua campanha. E ele pronunciava um discurso com o qual conseguiu adeptos para a candidatura Lula e ganhou as eleições. O Vice-Presidente nada mais está fazendo do que, de forma coerente, repetindo o discurso de candidato a Vice, agora que é Vice-Presidente eleito, e é Presidente em exercício. Apenas a divergência não é mais apenas entre um Deputado ou um Senador e o Presidente da República, mas entre o Vice-Presidente no exercício da Presidência e o próprio Presidente da República, que mostra, claramente, incoerência entre o seu discurso e sua plataforma como candidato e o discurso de agora, no exercício do Governo, com uma formulação completamente diferente.

Acho, portanto, que Sua Excelência o Presidente Lula, que, com seu brilhante marketing político, com sua base política, fez uma boa proposta na Reunião de Evian, precisa, a rigor, seguir os conselhos do seu Vice e dar passos concretos no sentido da geração de empregos. Já há condições técnicas para tal, assim como há condições para iniciar um processo de queda das taxas de juros...

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa) - Nobre Líder, Senador José Agripino, lamento interrompê-lo, mas quero afirmar que V. Exª já me convenceu e convence o País.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Já vou concluir, Sr. Presidente. Só quero mencionar mais um ponto importante.

Geração de empregos e manutenção do nível de renda para os que estão empregados. E, sobre isso, vamos ter uma ótima oportunidade, possivelmente esta semana, de apreciar a proposta de elevação do salário mínimo. No ano de 2001, o PT e o PFL, que eram Oposição e Governo respectivamente, juntaram-se para majorar em 11% o valor do salário mínimo. Creio que o combate à pobreza deve ser feito, efetivamente, elevando-se o nível de renda dos mais pobres.

Esta semana, provavelmente, será apreciada por este Plenário a proposta de elevação do salário mínimo. O PFL, coerentemente com o passado, com as posições que defendeu, vai apresentar uma proposta de R$260,00 e vai querer, vai pedir e vai solicitar a parceria desejada, que tivemos no passado, do PT, para elevarmos de forma condigna o salário dos mais pobres no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2003 - Página 14078