Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o Relatório Anual 2002, da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Comentários sobre o Relatório Anual 2002, da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2003 - Página 14218
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ANALISE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, EFEITO, RECESSÃO, ECONOMIA NACIONAL, VARIAÇÃO, TAXA DE CAMBIO, RISCOS, AUMENTO, INFLAÇÃO.
  • COMENTARIO, RELATORIO, BALANÇO ANUAL, BOLSA DE MERCADORIAS, AUMENTO, CONTRATO, COMPARAÇÃO, EXERCICIO FINDO, REGISTRO, DADOS, MOVIMENTAÇÃO, MERCADO FINANCEIRO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, AGROPECUARIA, BRASIL.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no ano de 2002, o mercado financeiro nacional foi marcado por constantes oscilações em virtude das incertezas sobre o resultado final das eleições e, também, em virtude da crise Argentina, que abalou seriamente as estruturas do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul). É bom relembrar que o agravamento da crise na Argentina causou enormes prejuízos às exportações brasileiras e, até hoje, o País ainda não conseguiu superar as conseqüências dos impactos econômicos vindos dos Pampas.

Além da expectativa interna causada pelas eleições presidenciais e do quadro pouco animador no cenário econômico internacional, principalmente nas maiores economias mundiais, a situação não era muito diferente. Por exemplo, o estouro de escândalos milionários, na Europa e nos Estados Unidos, provocou grave retração nas disponibilidades e diminuição do crédito em direção das chamadas economias emergentes, causando forte incerteza a respeito da capacidade de financiamento externo do déficit crescente nesses sistemas econômicos.

Dessa maneira, todos esses fatores combinados tiveram importância capital na formação das grandes ondas de turbulências que o mercado financeiro nacional teve de enfrentar durante todo o ano de 2002.

Em meados de outubro, por exemplo, a taxa de câmbio brasileira bateu recorde, com 3,955 reais sendo igual a 1 dólar norte-americano. Por outro lado, desde o início do ano, a taxa mensal de inflação medida pelo índice IGP-M insistia em apresentar sinais preocupantes de elevação.

Apesar de todas essas tensões, da volatilidade e oscilação constante dos indicadores econômicos brasileiros, o Relatório Anual 2002, da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), registrou volume da ordem de 105,8 milhões de contratos, apresentando, assim, uma elevação de 8% em relação ao ano de 2001.

Segundo o Relatório, em termos de volume financeiro referencial, foram movimentados, com base na média diária, 40,1 bilhões de reais. De acordo com o documento, esse montante representou um aumento de 2,1% em relação à média de 2001. Todavia, é importante ressaltar que houve recuo apenas quando se comparam os volumes em dólares. Convém notar, igualmente, que a desvalorização do Real frente ao dólar foi de 52,3% e, por esse motivo, o movimento financeiro, quando expresso em dólar, teria que apresentar queda, com base na média diária, de 14,4% em relação a 2001.

No que se refere à distribuição total dos contratos negociados na Bolsa, o segmento de mercado de maior participação foi o de taxa de juro, com 71,3%. Seguiram-se: taxa de câmbio, com 16,6%; índice, com 5,6%; agropecuários, com 0,7%; ouro, com 0,4%; e títulos da dívida externa, com 0,001%. O mercado de balcão concentrou 5,4% do volume geral, sendo 3,8% com swaps e 1,6% com opções flexíveis.

Por fim, com base no movimento financeiro, os segmentos de negociação ficaram assim distribuídos: taxa de juro, 71,4%; taxa de câmbio, 23,0%; índice, 1,9%; agropecuários, 0,1%; ouro e títulos da dívida externa, 0,3%. Quando falamos em mercado de balcão, sua participação no volume financeiro global foi de 3,6% - 1,9 para swaps e 1,7% para opções flexíveis.

            Quanto ao estoque de posições em aberto, no final de dezembro, o Relatório apontou 10,7 milhões de contratos, 73% a mais que o total registrado no mesmo período de 2001, quando foram registrados 6 milhões de contratos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde a sua criação, a BM&F contribui de maneira importante para o fortalecimento da comercialização de produtos agropecuários, não só por meio do fechamento de contratos futuros de produtos agropecuários, como também no sentido de promover a modernização do sistema de comercialização dos produtos do agronegócio. Foi justamente com esse propósito que a BM&F participou da criação da Associação Brasileira de Bolsas de Mercadorias, da implementação do Programa de Desenvolvimento dos Mercados Agrícolas (Promerc), e da implantação dos leilões eletrônicos de produtos agropecuários, tanto pelo Banco do Brasil quanto pelo Ministério da Agricultura.

Papel igualmente importante desempenhou a BM&F na criação, na regulamentação e na geração de liquidez da Cédula do Produto Rural (CPR), nas versões com entrega física e com liquidação financeira.

No que se refere à lei de armazenagem promulgada em 2001, a presença da BM&F foi fundamental, e todas as suas sugestões foram aceitas pelo Ministério da Agricultura e incorporadas à legislação.

A BM&F, em sua estratégia de organizar o mercado brasileiro de produtos agropecuários com a participação de bolsas de mercadorias regionais, entende que uma iniciativa mais agressiva deve ser adotada, para permitir melhor organização da comercialização dos produtos gerados no campo. Assim, a criação de mercados organizados, nas modalidades à vista, a termo e de opções, é fator indispensável para o fortalecimento dos negócios agrícolas, para a organização ideal do processo de formação de preços, para a geração segura de liquidez, para atrair a iniciativa privada, para aumentar a produção, para melhorar a qualidade dos produtos, para conquistar novos patamares de produtividade e para aumentar o montante dos investimentos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como podemos concluir, o papel de uma bolsa é estar sempre atenta à dinâmica dos negócios. É justamente nessa direção que a BM&F, como parte integrante da cadeia agropecuária nacional, tem cumprido o seu papel. O Relatório de suas atividades em 2002, que ora comentamos, é revelador dessa posição e define claramente a importância que a BM&F tem como mola propulsora da agricultura brasileira.

Era o que tinha a dizer!

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2003 - Página 14218