Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reivindicação de fiscalização na produção de remédios e alimentos, em decorrência do episódio de intoxicação com o medicamento Celobar.

Autor
Íris de Araújo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Íris de Araújo Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Reivindicação de fiscalização na produção de remédios e alimentos, em decorrência do episódio de intoxicação com o medicamento Celobar.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2003 - Página 15183
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, EXISTENCIA, PESQUISA CIENTIFICA, LEGISLAÇÃO, GARANTIA, QUALIDADE, FARMACOLOGIA, PRODUÇÃO, MEDICAMENTOS, CRITICA, INEXISTENCIA, FISCALIZAÇÃO, IMPEDIMENTO, ADULTERAÇÃO, PRODUTO FARMACEUTICO, CONTAMINAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, MORTE, USUARIO, MEDICAMENTOS, ADULTERAÇÃO, SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, FISCALIZAÇÃO, PRODUÇÃO, PRODUTO FARMACEUTICO, GARANTIA, CUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO.

A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há mais de uma centena de pessoas contaminadas, 23 mortes, 15 delas somente no meu Estado de Goiás. Este é, por enquanto, o resultado doloroso de mais um episódio de agravo à vida e à saúde dos brasileiros: o episódio de intoxicação com o medicamento Celobar, que só não se tornou ainda mais grave graças à valiosa contribuição do professor Luiz Carlos da Cunha, da área de Toxicologia, da Universidade Federal de Goiás, responsável pelo alerta às autoridades, no dia 29 do mês passado, em depoimento ao jornal O Popular.

Falo em “episódio Celobar”, Sr. Presidente, porque se trata disso mesmo, de uma prolongada saga vivida pelos brasileiros, pontuada por episódios de morte e sofrimento, seja pelos desabamentos de casas que rolam pelos morros abaixo em tempo de chuva, seja pelo consumo de medicamentos ou alimentos adulterados ou, ainda, pelas catástrofes provocadas pela poluição das águas e do ar.

Será que nos faltam leis que protejam a saúde de nosso povo? Não sou uma especialista na área, mas estou informada de que temos uma legislação avançada e capaz de dar conta da qualidade de nossos medicamentos e alimentos, da qualidade da água que bebemos e do ar que respiramos.

Falta-nos, quem sabe, conhecimento científico? Também não. O Brasil produz excelência nas áreas de pesquisa, de tecnologia e da boa prática. Exemplo disso acaba de dar, mais uma vez, aqui em Brasília, a Rede Sarah de hospitais. A Rede Sarah é, no momento, responsável pela formação e treinamento de profissionais dinamarqueses, que, a serviço do seu país, estão aqui para aprender como se constrói, instala e mantém uma instituição de alto nível na área hospitalar. E o que me surpreendeu, caros Senadores e Senadoras, foi o fato de que um dos aspectos mais impressionantes para os profissionais dinamarqueses foram as práticas de limpeza e higiene em toda a Rede Sarah. Eu não poderia imaginar - acredito que V. Exªs também não - uma faxineira brasileira, magnificamente protegida em seu uniforme, trabalhando com os materiais de limpeza rotineiros e com a ajuda de um microscópio que lhe possibilita controlar a contaminação dos espaços e objetos!

O Brasil conta com leis e conhecimento. O que está nos faltando é capacidade de fiscalizar e controlar o que se produz e consome. Já basta de episódios desse tipo!

O Governo Federal, que tanto se empenha em criar empregos, deveria atentar para o desperdício de vidas e de bens materiais. Faltam-nos profissionais na área da fiscalização! De nada adiantam leis, de nada adianta o conhecimento, se isso não se transformar em práticas de respeito ao brasileiro, cidadão e consumidor. De que nos vale a vigilância sanitária, se a lanchonete da esquina produz sanduíches num ambiente cheio de insetos e roedores e onde faltam as mínimas condições de higiene?

Formar, qualificar com a necessária atualização, e contratar fiscais para as áreas de saúde, alimentos, medicamentos e meio ambiente é uma obrigação do Estado brasileiro que não pode mais ser adiada. Não responsabilizo sequer este ou aquele governo, atual ou recente; essa é uma tradição brasileira de mesmice, de falta de respeito e de imaginação que já não pode mais se prolongar. Em nome do meu Partido, em nome do direito à vida e à saúde dos brasileiros, eu reivindico mais controle e fiscalização sobre o que aqui se produz e se consume. Não basta apenas clamar por punição contra os irresponsáveis que transformam a saúde da população em mercadoria barata. É preciso impedir que isso aconteça. É urgente que o Estado cumpra seu papel fiscalizador! Mão-de-obra não nos falta. O que está nos faltando é perceber que vai sair muito mais barato e eficiente contratar profissionais e realizar uma boa fiscalização do que continuar a chorar o leite derramado.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2003 - Página 15183