Discurso durante a 76ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato de viagem oficial à Líbia, com o objetivo de reativar os laços comerciais com aquele país. (Como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMERCIO EXTERIOR.:
  • Relato de viagem oficial à Líbia, com o objetivo de reativar os laços comerciais com aquele país. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2003 - Página 15211
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA OFICIAL, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, LIBIA, REATIVAÇÃO, ATIVIDADE COMERCIAL, BRASIL, RETOMADA, FLUXO, EXPORTAÇÃO.
  • REFERENCIA, DECLARAÇÃO, MUAMMAR KADAFI, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, LIBIA, MANIFESTAÇÃO, APOIO, DESENVOLVIMENTO, COMERCIO EXTERIOR, BRASIL, DEFESA, REAVALIAÇÃO, POLITICA EXTERNA, DIVERSIFICAÇÃO, CONTINENTE, EXECUÇÃO, ATIVIDADE COMERCIAL, ESPECIFICAÇÃO, AFRICA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumprimos uma missão ao visitar a Líbia, na semana passada. E aqui já falei aqui de uma visita à Ucrânia, mas ainda não havia falado da visita à Líbia, para o que aguardava uma oportunidade. Lamentavelmente, esta foi uma semana de muitas discussões, e, para não deixar o assunto envelhecer, só restava uma solução: pedir a palavra como líder. Penso ser isso um tanto odioso, pois detesto essa usurpação da lista de oradores. Peço desculpas aos oradores inscritos.

Mas o Brasil já teve com a Líbia US$2 bilhões de intercâmbio comercial. E hoje isso se reduz a US$50 milhões, o que não é nada comparado àquele valor. Tivemos alguns problemas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de ordem diplomática. Tivemos alguns entreveros. Os americanos, ao determinarem o bloqueio, nós os seguimos. Mas a verdade é que os americanos não bloquearam tanto, como pensamos. Eles entraram em firmas de outros países que não constavam do bloqueio e, por meio dessas terceiras entidades, estão operando, trabalhando, fazendo um papel que deixamos de fazer, porque quisemos ser mais realistas que o rei. É surpreendente que tenhamos deixado isso acontecer. Daí essa queda de US$2 bilhões anuais para US$50 milhões.

Como Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, procurei ver como estava o balanço comercial entre os países que conosco têm intercâmbio comercial e o Brasil. Surpreendi-me ao ver uma série de distorções. Vi países de que compramos US$1 bilhão e para os quais vendemos apenas US$40 milhões e países, como o Irã, que compram de nós US$1 bilhão e dos quais não compramos quase nada, US$40 milhões ou US$50 milhões. E perdemos o mercado da Líbia. Da Líbia e de outros, do Iraque inclusive. Urge que ocupemos esse espaço.

Sun Tzu disse, em A Arte da Guerra, que o poder não admite espaço vazio. Não podemos deixar esse espaço vazio. Quando procurarmos esse espaço, ele não mais existirá. É a terceira vez que vou à Líbia em missão do meu País. Levei uma carta de Fernando Henrique para o Presidente Muammar Kadafi e trouxe boas informações, pois eles queriam comprar tudo de nós. Não tivemos a agilidade. Agora, novamente, levei ao Presidente Kadafi uma carta, procurando reativar o comércio, e, de novo, o Coronel Kadafi falou da necessidade de fazer um intercâmbio com o Brasil, de querer que haja transferência de tecnologia, da simpatia que tem pelo Brasil. São palavras dele: “Aqui vieram os alemães e mataram milhares de líbios; vieram os italianos e não fizeram diferente; vieram os ingleses e não fizeram diferente; vieram os americanos e não fizeram diferente. Todo esse povo massacrou meu povo. O Brasil é um país irmão. Lula, o seu Presidente, é o Presidente de um país amigo. Mas também ele é da associação dos socialistas do mundo. Queremos maior intercâmbio com vocês”.

Graças a Deus, conseguimos acertar uma delegação de empresários brasileiros que, no próximo mês, irá a Trípoli, e é possível que comecemos, de novo, a fazer crescer esse comércio.

Não me conformo quando vejo os nossos diplomatas e empresários mirarem só a Europa e os Estados Unidos, onde há quotas. Tínhamos e temos de ocupar, e rapidamente, na área comercial, os países árabes, que não têm quotas, e as vendas dependerão de nosso engenho e arte de vendas, já que eles precisam de tudo. O caso da Líbia ainda é mais importante, porque Kadafi passou muito tempo tentando unir os árabes e não conseguiu. Desistiu, e passou a unir a África negra e já tem, em torno de si, uma quantidade enorme de países negros, quase 300 milhões de pessoas. Ele tem feito, por ter petróleo e um superávit de US$9 bilhões anuais, intercâmbio com esses países e pode comprar de nós produtos, pagando em dólar, para repassar àqueles países, recebendo deles madeira e outros produtos de que tenha necessidade. Temos os mesmos produtos que os países africanos: madeira, café, amendoim. Ele, entretanto, não tem e pode fazer esse repasse.

O objetivo de ter pedido a palavra, Sr. Presidente, é exatamente para marcar essa posição e dizer que esse mercado está aberto. O Brasil tem pressa. Estou cansado. Hoje mesmo, aqui no plenário, fiz uma poesia de blá-blá-blá. O que ouvimos é muito blá-blá-blá, conversa, conversa, adultos que se comportam como infantes, discutindo teses exauridas, brigando apenas para marcar posição. Esse não é o papel do nosso Senado, nem deve ser o papel da nossa Câmara dos Deputados. O nosso papel deve ser cobrar ação do Governo, do empresariado, para, urgentemente, este País ter empregos e riquezas, porque engenho e arte nós temos, mas, infelizmente, não temos tido a velocidade de que o mundo globalizado necessita.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2003 - Página 15211