Discurso durante a 78ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a reunião, amanhã, do Comitê de Política Monetária - Copom. (como Lider)

Autor
Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Considerações sobre a reunião, amanhã, do Comitê de Política Monetária - Copom. (como Lider)
Aparteantes
Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 17/06/2003 - Página 15671
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, MELHORIA, SITUAÇÃO, ECONOMIA, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, AUMENTO, CONFIANÇA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, DESVALORIZAÇÃO, DOLAR, QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, INICIATIVA, COMITE, POLITICA MONETARIA, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS.
  • REGISTRO, NECESSIDADE, URGENCIA, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, IMPEDIMENTO, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, ECONOMIA, BRASIL, RETORNO, CRESCIMENTO ECONOMICO.

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, o Copom começa a se reunir a partir de amanhã para decidir sobre a questão da taxa de juros.

Ouvi atentamente o Senador Tião Viana, Líder do PT. Mas, Senador, o PT usa um argumento numa determinada conjuntura e o mesmo não serve para outra conjuntura. O Presidente do Banco Central e o Ministro da Fazenda apelam para que os trabalhadores não olhem a inflação passada, não mirem na inflação passada para acertar a questão da economia do futuro. Na questão da taxa de juros, está havendo deflação há dois meses, o que significa uma inflação negativa. Agora é hora de dizer ao Ministro Palocci e ao Presidente do Banco Central para não olharem para a inflação passada e sim para a inflação presente. O que esteve fora do controle por causa do risco das eleições, por causa daquelas posições do PT que criavam interrogações, desapareceu. A conjuntura é inteiramente favorável a que se reduza a taxa de juros. Não é possível que não se reduza, significativamente, a taxa de juros amanhã.

Gostaria de mencionar aqui algumas vozes que se levantaram nessa direção. É injusto esse raciocínio com relação aos trabalhadores, porque a inflação já ocorreu, já houve uma corrosão dos salários e pede-se que não olhem aquela inflação. A inflação que estava fora de controle era aquela; a atual - para a qual o Ministro da Fazenda e o Presidente do Banco Central mandam mirar - está com deflação. Portanto, há um controle. O País está parado. O Brasil caminha célere para uma recessão: as universidades públicas estão paradas; o setor de saúde está com dificuldades; a área social do Governo não funciona; os Ministérios não conseguem liberar recursos; a economia brasileira está parada. Se não fosse o agronegócio, seria trágica a situação da nossa economia. Ainda assim, o Ministro da Fazenda, na reunião da Febraban, pregou que tivéssemos confiança, pois a decisão será exclusivamente técnica.

Tecnicamente se impõe que haja redução da taxa de juros; politicamente se impõe que haja redução da taxa de juros. Esse receituário não serve ao Brasil. O Brasil tem de seguir a sua vocação para o desenvolvimento e para o crescimento.

Gostaria de mencionar aqui algumas autoridades ou Lideranças que se postaram claramente favoráveis à redução da taxa de juros: o Vice-Presidente José Alencar; o Senador Aloizio Mercadante; o Ministro Jaques Wagner; mais de 220 economistas que apoiaram Lula; o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social; os vários intelectuais petistas que condenaram a política econômica e, conseqüentemente, a política monetária; o velho aliado PDT, no programa do Partido, exibido na última quinta-feira; a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; Luiz Marinho, atual Presidente da CUT.

Considerando todas essas vertentes; considerando os apelos da Oposição, entendemos que o Presidente Lula não tem outro caminho senão o de baixar a taxa de juros. É preciso aqui rememorar que, na primeira vez em que Henrique Meirelles decidiu elevar as taxas de juros, ficou mais do que claro que o Presidente Lula foi consultado, assim como nas outras ocasiões.

Gostaria aqui de fazer uma comparação. Em junho de 2002, a economia brasileira estava em situação muito mais preocupante. O dólar estava cotado um pouco abaixo do valor atual, em R$2,71. Era junho de 2002, mas já começava a preocupação com o risco PT, o risco Lula. O risco Brasil, em junho de 2002, era de 2.302 pontos. A taxa de juros da Selic, em junho de 2002 - e não é nenhuma taxa para ser comemorada -, era 18,5%. Estou mostrando a economia em situação diferente da atual. Hoje, a cotação do dólar é R$2,85; o risco Brasil é 700 pontos; e a taxa Selic é 26,5%.

E reduzir a taxa de juros não é estabelecer que os juros vão cair de 26,5% para 25,5%. Não é isso! Reduzir um ponto ou um ponto e meio percentual é estabelecer somente uma forma diferente de suicidar o setor produtivo da Nação. Ou seja, com 26,5% o cidadão vai pular de um prédio de 30 andares. Pulando de um prédio do 30º andar, ele vai morrer antes de chegar embaixo. Baixar um ponto é dizer o seguinte: Olha, não pule do 30º, pule do 27º andar. Vai morrer da mesma forma. O que se exige é uma redução significativa dos juros; do contrário, o que terá prevalecido terá sido exclusivamente...

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Senador, permite-me um aparte?

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT) - Infelizmente, não é possível, Senador Pedro Simon, pois estou falando pela Liderança.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Fico feliz, porque estou vendo que começamos a cumprir o Regimento. É uma novidade importante neste País.

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT) - Certo.

Eu dizia que a taxa de juros precisa ser reduzida fundamentalmente, para que ocorra a retomada do crescimento. Reduzir um ponto, um ponto e meio é continuar impondo condições de não crescimento à economia brasileira. A área econômica terá recebido os conselhos da Febraban, o que ficou muito claro, ontem, no Fantástico, da Rede Globo de televisão. Nós confiamos em que o Governo tomará uma decisão técnica. Neste momento, é o Brasil inteiro, são os sindicatos e os trabalhadores que querem a produção de emprego. É o setor produtivo que quer acabar com essa asfixia dos juros, contra a Febraban. Ou o Palocci e o Lula ouvem o Brasil ou vão ouvir a Febraban; e ouvir a Febraban é manter os juros, é indicar só viés de alta, é reduzir de forma pífia esses juros de 26,5%.

Era isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/06/2003 - Página 15671