Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobranças de uma política de reforma agrária para o país.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • Cobranças de uma política de reforma agrária para o país.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2003 - Página 16331
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • ANALISE, TENSÃO SOCIAL, CAMPO, AUMENTO, INVASÃO, SEM-TERRA, PROPRIEDADE RURAL, APREENSÃO, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, IMPLEMENTAÇÃO, REFORMA AGRARIA, RISCOS, CONFLITO.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o quadro de tensão social hoje vivido pelo Brasil, com o recrudescimento das invasões de terras, é inquietante e sobre ele há uma novidade: o Presidente Lula se diz preocupado com as ações dos Sem-Terra. E pediu a alguns Ministros que olhem com zelo para esse quadro.

Na realidade, o MST já vem obtendo espaços de interlocução e boa vontade de uma dezena de Ministérios. Foram assinados diversos convênios de programas para atender aos assentamentos. Mas não vendo atendidas suas reivindicações, o MST incentiva novas ocupações, com certa omissão dos encarregados de fazer cumprir a lei.

Nessa terça-feira, ao lançar um programa de financiamento de pouco mais de R$5 bilhões, o Presidente pediu paciência aos Sem-Terra. Para esse apelo, mais uma vez, recorreu a um palavreado inapropriado ao cargo.

Os invasores se dizem impacientes. A alegação é que o atual Governo não assentou uma única família. Uma ousadia e uma verdade. Ambas prejudiciais à continuidade do bom desempenho da agricultura brasileira.

A ousadia amplia a tensão da terra. A falta de pulso do Governo mantém o clima efervescente que apenas gera intranqüilidade.

Hoje temos quase 4 mil famílias instaladas precariamente às margens das estradas de Goiás. Em Pernambuco, por exemplo, o MST invade terras e divide-as, como se estivesse no governo do País.

A ameaça é clara. E a menos que providências urgentes sejam adotadas, o campo vai continuar intranqüilo. No Sul, os legítimos proprietários de fazendas produtivas já falam em confronto, cansados da inação governamental.

O Governo Lula, meio ano depois de empossado, ainda deve ao País uma política clara de reforma agrária. Os trabalhadores que precisam de terra para trabalhar estão cansados de esperar. Os proprietários rurais vivem um clima de intranqüilidade diante do crescimento das ocupações. Apenas com propaganda oficial e pedido de paciência não se poderá impedir o agravamento das tensões no campo.

Até quando a estratégia oficial será capaz de impedir um conflito de proporções desastrosas ninguém pode garantir.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2003 - Página 16331