O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, entendo perfeitamente que, nós, Senadores, temos de explicar o que estamos fazendo, o que não estamos fazendo, mas principalmente o que o Governo está fazendo e o que está deixando de fazer.

Eu gostaria de dizer que o Governo do PSDB foi o responsável pela reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em virtude das conquistas sociais havidas em nosso País. Hoje reconhecemos os projetos do Presidente Lula. Sabemos que existem boas intenções. Sabemos que S. Ex.ª está fazendo tudo para aproximar a sociedade do seu Governo. Sabemos que S. Ex.ª quer fazer o melhor para o País. E não poderia ser diferente o comportamento de um homem eleito com espírito de mudança. Não poderia ser diferente o comportamento de um homem, que, há 23 anos, vem prometendo gerar mais empregos, gerar garantias sociais para os trabalhadores da iniciativa privada e para os servidores públicos, conseguir melhores salários para os trabalhadores e funcionários públicos e independência maior em relação aos Estados Unidos.

Entendemos que o Governo eleito tinha o propósito, reconhecido pela população, de acabar com as invasões de terras, dando terra ao agricultor. Também sabemos e entendemos que o eleitor que votou para mudar votou contra a Alca, votou contra o FMI, votou contra os juros altos, votou contra o desemprego, votou contra várias coisas que o Lula dizia que iria mudar neste País. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito porque, nos seus primeiros 4 anos de mandato, transformou o Brasil em um país reconhecido no mundo inteiro como o mais avançado na área social. Até hoje, os Ministros da área social recebem prêmios pelo mundo afora pela redução da mortalidade infantil e da evasão escolar, pelo projeto de assistência à Saúde e pelo combate ao HIV. Isso foi reconhecido no mundo inteiro e recebemos prêmios em função do Governo do PSDB. É também preciso estender as mãos para o alto pelo que foi feito por este País. Diminuímos drasticamente a inflação, exportamos como nunca, produzimos como nunca. Se hoje existe colheita farta no Brasil, isso se deve aos investimentos feitos no Governo passado, que hoje estão dando frutos.

Não podemos esconder os fatos e tapar o sol com a peneira. Hoje não se fala mais em acabar com o seguro apagão, tão questionado. A CPMF, que foi odiada, contra a qual houve manifestações pelo Brasil afora, já não é um imposto provisório; hoje é um imposto fixo. Antes diziam: “Fora, FMI!” Hoje ele é parceiro, aliás, privatiza-se banco para atender o FMI. Houve até plebiscito para combater a Alca e para declarar a moratória, quando os padres e os bispos foram às ruas (foram usados); hoje, não se fala mais nisso. A taxa de juros está gerando um desemprego violento no País. É inegável. O Governo Lula prometeu 10 milhões de empregos em 4 anos, e já existem 600 mil novos desempregados. Isso é recorde neste País. Este Governo já está devendo 10 milhões e 600 mil empregos. Prometeram dobrar o salário, mas deram 1% para o servidor público e 1,8% para os trabalhadores da iniciativa privada.

Nem tudo o que o Governo diz é verdade. Também podem questionar um pouco o Governo anterior. Entretanto, isso está nos Anais, isso é claro. A imprensa e o Brasil inteiro conhecem. Não estamos aqui para questionar a nossa querida amiga, Senadora Ideli Salvatti, por quem tenho admiração profunda, porém sou obrigado, como Vice-Líder do PSDB, a defender o meu Partido e a dizer que nem tudo é rosa neste Governo. Ao contrário. Há uma desesperança, há um medo por parte dos trabalhadores, da população brasileira. As pessoas estão revoltadas e sentindo-se traídas, enganadas, porque acreditam que houve um estelionato eleitoral. É como diz a nossa Senadora Heloísa Helena, os Deputados Babá e Luciana Genro: “Se alguém mudou foi o PT; nós estamos mantendo a coerência”.

Estou dizendo que a coerência de 23 anos foi colocada no lixo.

Para finalizar, Sr. Presidente, não quero aqui entrar em debate com o Governo. Somos obrigados a dizer algumas coisas porque aqui é o Parlamento, aqui temos que falar, que parlar e colocar algumas questões que estão ocorrendo no País.

Para encerrar, cito algo que me disseram, que Deus quis estar em um lugar e o Lula disse: “Eu já estive lá, pode ir”.