Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pedido de cautela ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Pedido de cautela ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2003 - Página 16830
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CONGRESSISTA, APOIO, GOVERNO, ATENÇÃO, DECLARAÇÃO, IMPEDIMENTO, ERRO, INTERPRETAÇÃO, PREJUIZO, REPUTAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, REDUÇÃO, INDICE, MELHORIA, ECONOMIA, NECESSIDADE, AGILIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, SETOR, ENERGIA ELETRICA.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, evidentemente, meu discurso está prejudicado. Não estou fazendo uma queixa, mas um registro, porque não posso dedicar-me a uma análise de 180 dias de Governo de Luiz Inácio Lula da Silva em apenas 5 minutos. Certamente, cometeria uma injustiça, porque a pressa é inimiga da perfeição.

O que venho dizer hoje - e espero, na próxima quinta-feira, ter oportunidade de desenvolver melhor o meu raciocínio - é que o Governo precisa ter cuidado com relação às declarações de seus próprios auxiliares e de Parlamentares da sua base.

Em algumas ocasiões, diz-se que o Governo está saindo da UTI. Quem sai da UTI - e isso foi dito por um jornalista - não vai dançar samba logo depois. Em outras, diz-se que estamos vivendo um espetáculo ou que nos preparemos para viver o espetáculo do crescimento. É evidente que todos nós esperamos que o espetáculo do crescimento realmente aconteça, Sr. Presidente. No entanto, não será em um passe de mágica, do dia para a noite.

Este País é marcado por contradições em sua história, em sua vida política, em sua vida econômica e social. Não terá um governo o condão de modificar as coisas de repente, daí por que cautela não fará mal a ninguém.

Está falando aqui, Sr. Presidente, um representante da base do Governo. Hoje, como o Senador Mão Santa, pertenço à base governista pelo fato de o PMDB ter vindo ao seu encontro. Mas o que estou pedindo ao Governo é cautela, para que possamos dosar esse espetáculo de crescimento; cautela, cuidado com as declarações, para que não gastemos com facilidade esse capital político de que dispõe o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gostaria de me alongar, mas não é possível. Hoje, por incrível que pareça, estou numa tribuna, mas não é tempo de falar; é tempo de calar. Mas há algumas questões que comentarei.

Os indicadores econômicos indicam uma tendência declinante das exportações; por outro lado, se amanhã acontecer o pior não será por falta de aviso. Estão devagar, quase parando, os novos investimentos em geração de energia elétrica. São desafios que o Governo vai enfrentar - não com palavras e declarações - com decisões corajosas, audazes, decisões que venham devolver ao Governo a unidade que lhe é pertinente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o cenário atual recomenda certa cautela. Todos estamos empenhados em que o País dê certo e possa ser o País do futuro. Ainda ontem, ouvi isso do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lançar o Programa do Primeiro Emprego. Sua Excelência disse que estamos plantando hoje para colher no futuro. Precisamos construir esse futuro, mas em bases sólidas.

Agora mesmo estávamos empenhados - o Senador Mão Santa estava comigo - numa batalha inglória, aprovando o reajuste de 1% dado ao funcionalismo. Fui o Relator, assumi e dei um parecer favorável porque, na verdade, o Governo apenas cumpriu a disposição constitucional que diz que o aumento deve ser anual.

Sr. Presidente, V. Exª foi tão gentil, não lhe quero causar constrangimento. Já estou sendo advertido pelos sinais vermelhos...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Garibaldi Alves Filho, V. Exª me permite um aparte, com a aquiescência do ilustre Presidente, por um minuto?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Pois não, Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Garibaldi Alves Filho, estou ouvindo seu pronunciamento atentamente, mas entendo que o PMDB não deve se comportar como base. A base do Governo é o PT. Somos aliados - e não vamos confundir aliado com subserviente ou escravo. A história grandiosa do PMDB, que fez renascer a democracia, as experiências vitoriosas em muitos Estados que governamos, prefeituras, ministérios e o exemplo de Ulysses Guimarães, de Teotônio Vilela e de Tancredo Neves fazem com que o nosso Partido, nessa conjuntura, passe a ser, como disse Cristo, a luz, o caminho e a verdade. E um quadro vale por dez mil palavras. Neste momento, o Presidente da República está na Casa, lançando um livro. Que Sua Excelência se inspire e faça a mudança. O técnico tem que mudar o time que não está andando, que não está fazendo gol. E a primeira mudança, na experiência de V. Exª, que governou tão bem o Rio Grande do Norte, é melhorar a equipe do Governo, que está parada.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O Senador Mão Santa, como sempre, é muito bondoso, principalmente com relação a mim. Tenho uma dívida de gratidão muito grande com S. Exª.

Claro que aprovaremos essas reformas, não tenho dúvida. Talvez tenhamos que modificá-las porque não podemos aceitar tudo que vem da parte do Governo, mas as reformas, como um conjunto de propostas que visam trazer maior equilíbrio à Previdência Social, e contemplar a situação tributária do País com a situação de equilíbrio e de justiça fiscal, haveremos de fazer a nossa parte. Estou fazendo a minha, Sr. Presidente; estou aqui como Parlamentar dizendo que precisamos colaborar com o Governo, mas pedindo uma certa cautela, uma certa prudência porque, na verdade, precisamos chegar a bom termo e este País espera muito de nós.

Sr. Presidente, lamento ter feito um discurso tão mal-arrumado, mas não quero, de maneira alguma, ferir nosso Regimento e trazer constrangimento para V. Exª.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2003 - Página 16830