Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Agravamento dos desmatamentos na Amazônia. (como Lider)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Agravamento dos desmatamentos na Amazônia. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2003 - Página 16878
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • ADVERTENCIA, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, AUMENTO, DESMATAMENTO.
  • APREENSÃO, ORADOR, INTERPRETAÇÃO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NECESSIDADE, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA.
  • DEFESA, ZONEAMENTO ECOLOGICO-ECONOMICO, GARANTIA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, PRESERVAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. JEFFERSON PERES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero apenas fazer um breve registro, porque passou em branco neste Senado o último dado apresentado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais a respeito de um fato alarmante: o aumento substancial dos desmatamentos na Amazônia no ano passado.

De 1997 a 2001, o desmatamento manteve-se num patamar em torno de 18 mil Km² por ano. No entanto, no ano passado, houve um súbito agravamento do desflorestamento, que passou para 25.500 Km², uma área superior ao Estado de Sergipe.

Quando se pensava que o problema estava sob controle, ele se agrava. Nesse ritmo, Sr. Presidente, tendo em vista que grandes áreas, principalmente dos Estados de Rondônia, Pará e Roraima, já foram afetadas, dentro de algumas décadas não teremos mais aquilo que é considerado um patrimônio nacional pela Constituição - coisas inúteis que se colocam na Constituição, declarações de intenções para não serem cumpridas. A floresta amazônica é patrimônio nacional, como a mata atlântica e o cerrado, no entanto, permite-se que uma área do tamanho de Sergipe seja desmatada por ação de frentes agrícolas, pecuaristas, madeireiros, assentamentos do Incra, num ritmo insuportável em médio prazo - não diria nem em longo prazo. Veja o que está ocorrendo, Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, V. Exª que é paulista, mas é um apaixonado pela região e tem tantas ligações com a nossa Amazônia.

Preocupei-me ainda mais, quando o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve na semana passada no Amazonas para o Festival de Parintins, disse que, em nome da preservação, tem-se impedido o desenvolvimento da Amazônia. Essa frase pode dar lugar a duas leituras. A leitura boa seria que a preservação não deve impedir o desenvolvimento da Amazônia. A leitura ruim é achar que o desenvolvimento deve ser feito a qualquer custo, mesmo com devastação florestal. Se for isso que está na cabeça do Presidente da República, lamento que a Ministra Marina Silva, uma figura emblemática, esteja naquela Pasta e que tenha poucos meios para impedir a ação daqueles que pensam erradamente que desenvolver a Amazônia é adotar um modelo convencional de desenvolvimento, que esse modelo seja o caminho para a nossa região, porque não é.

Sempre tenho dito e repetido: ou o Brasil tem um projeto nacional para a Amazônia que contemple recursos permanentes, um planejamento global, zoneamento ecológico e econômico, ou deixem de conversa fiada, de bobagem, de ver fantasmas, de falar em internacionalização da Amazônia. A Amazônia não será internacionalizada coisa nenhuma, nem vamos perdê-la. O que ameaça a Amazônia não é a cobiça internacional, é a cupidez nacional, que está devastando a floresta em um ritmo alucinante, com a inação, com a inércia das autoridades federais, estaduais e municipais.

Sr. Presidente, fica aqui essa comunicação de Liderança como um alerta. Mas é claro que não bastam discursos, é preciso uma ação integrada de todos os Parlamentares da região, para que se ponha cobro a isso.

Era o que eu tinha a comunicar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2003 - Página 16878