A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, utilizo a tribuna no dia de hoje para fazer um apelo.

Na semana que antecedeu o período extraordinário, a Comissão de Relações Exteriores, atendendo a requerimento que apresentei, aprovou a realização de uma audiência para que ouvíssemos representantes do Nepad (The New Partnership for África’s Development), do Ministério das Relações Exteriores e diversos organismos brasileiros que buscam estreitar as relações com países africanos.

Solicitamos essa audiência tendo em vista que, agora, no início de agosto, o Presidente Lula visitará inúmeros países da África, dentre eles São Tomé e Príncipe, Moçambique, África do Sul, Namíbia e Angola, onde há grande expectativa dos integrantes do Nepad, cujo objetivos centrais são: promover o crescimento acelerado e o desenvolvimento sustentável, erradicar a vasta e severa pobreza existente naquele continente, e impedir a marginalização da África no processo de globalização.

            Essa expectativa dá-se porque o Brasil tem ligações - até diria - geológicas com o continente africano, tendo em vista que há muitos milhões de anos fazíamos parte de uma única placa geológica, depois separada; também somos a segunda maior população afro-descendente do planeta, só perdemos para a Nigéria. Portanto, essas relações geológicas, populacionais, culturais deveriam apontar para a aproximação do Brasil com o continente africano. Mas, infelizmente, não é essa a realidade.

            O Brasil desenvolveu muito poucas relações com os países africanos. Os Embaixadores dos países africanos, sediados em Brasília, estão numa grande expectativa não só nos países que serão visitados, mas em todos os países da África, com nosso novo Governo, com essa disposição já manifesta do Presidente Lula de estreitar relações comerciais, culturais, científicas e tecnológicas com os países africanos.

Sendo assim, o objetivo dessa audiência seria potencializar todo esse debate, trazê-lo para o Senado Federal, Casa Legislativa que tem como prerrogativa fundamental tratar das relações internacionais do nosso País. Mas, infelizmente, hoje pela manhã, fui comunicada que a audiência, por não estar na pauta, não poderá ser realizada. E não há tempo hábil para que ela ocorra antes da viagem do Presidente Lula, marcada para os primeiros dias de agosto.

Como não haverá reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional antes da viagem do Presidente, a não ser que encontremos uma alternativa, faço um apelo no sentido de que busquemos um dispositivo que possibilite a realização dessa audiência.

Foi esse o pedido do Embaixador da República de Camarões, quando participando de almoço em minha homenagem estive na residência de S. Exª. Todos os Embaixadores africanos estão na expectativa desse debate e gostariam muito que o Senado da República o promovesse, a fim de que tenhamos um aprofundamento maior, um estreitamento de relações, pois a vitória do Presidente Lula foi saudada, em todo o continente africano, como novos ares, como novas perspectivas de relações.

Estou trazendo essa preocupação para o Plenário porque gostaria - já que sou recém-chegada e aqui temos Senadores experientes - que buscássemos uma alternativa para que essa audiência ocorra durante o recesso, já que estava agendada para o dia 17 de julho. Também estou sensibilizada com a necessidade de aprofundarmos tal relacionamento. Portanto, creio que o Senado não pode se omitir.

Outro dia, o Senador Rodolpho Tourinho fez um brilhante discurso sobre a Comissão Mista do Mercosul, que está caminhando mais devagar do que todas as outras iniciativas do processo de articulação do Mercosul. Creio que o Senado deveria aproveitar - e temos como - bem este período de recesso para potencializar a discussão de um assunto dessa magnitude, dessa importância.

Senador Eduardo Suplicy, aproveito a oportunidade para solicitar a V. Exª auxílio no sentido de encontrarmos uma saída. Essa audiência é necessária para que o estreitamento das relações do Brasil com os países africanos possa ocorrer ainda durante o recesso.

Muito obrigada.