Pronunciamento de Arthur Virgílio em 09/07/2003
Discurso durante a 7ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários às declarações do Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre a existência de corrupção em governos recentes. (como Lider)
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- Comentários às declarações do Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre a existência de corrupção em governos recentes. (como Lider)
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/07/2003 - Página 17569
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
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- PROTESTO, DECLARAÇÃO, MINISTRO, CHEFE, CASA CIVIL, ACUSAÇÃO, OCORRENCIA, CORRUPÇÃO, ANTERIORIDADE, GOVERNO.
- REGISTRO, TENTATIVA, MINISTRO, DESVIO, ATENÇÃO, IMPRENSA, OPINIÃO PUBLICA, INCOMPETENCIA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL.
- COMENTARIO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), O ESTADO DE S.PAULO, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), AMEAÇA, GOVERNO FEDERAL, PUNIÇÃO, GREVISTA, REGISTRO, PARALISAÇÃO, INDUSTRIA, BRASIL.
- ANALISE, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, CONSOLIDAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, DEMORA, CUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, PRECARIEDADE, ELABORAÇÃO, PROGRAMA, EMPREGO, JUVENTUDE, INEFICACIA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, ECONOMIA, DENUNCIA, FUGA, CAPITAL ESTRANGEIRO.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem fui apanhado de surpresa por uma declaração bombástica do Sr. Ministro José Dirceu, sustentando ter havido corrupção farta em Governos recentes. Assim, eu tinha que responder, sobretudo pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Antes de tudo, duas explicações bem claras, nada escuras: se há corrupção, o Ministro domina e não diz quem roubou o quê, de quem e quanto, o Ministro é cúmplice de roubalheira neste País. O segundo ponto, bem claro também, bem direto, bem frontal: se houve irregularidades em relação à privatização das teles, é bom chamarmos às falas o Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado João Paulo, do Partido dos Trabalhadores de São Paulo, que arquivou a Comissão Parlamentar de Inquérito solicitada por número suficiente, legal e regimental de Deputados, e, portanto, começaríamos apenas a repor a verdade e o bom senso.
Eu fiquei, Srªs. e Srs. Senadores, a meditar sobre por que o Ministro José Dirceu teria dito isso, se S. Exª é tão raposa e se porta sempre com tanta cautela. No dia seguinte, a simples leitura dos jornais me mostrou o porquê: O Globo: “Dirceu: “Grevistas terão de assumir o ônus”” - de apoiador contumaz de greve de servidores públicos, virou capitão-do-mato -; Folha de S. Paulo: “Lula diz que greve é direito, mas ameaça punir grevistas”- é a mesma linguagem de capitão-do-mato -; um analista de O Estado de S. Paulo de hoje: “PT prometeu demais”, referindo-se ao conflito do campo; O Estado de S. Paulo de hoje: “Querem sugar o nosso sangue, diz delegado da Polícia Federal”; Correio Braziliense de hoje, pelo colunista de Economia Antônio Machado: “O Governo está com os nervos à flor da pele”; O Globo de hoje: “Sem apoio da CUT, servidores vão a Lula, Dirceu e Berzoini em protestos”; O Globo de hoje - vamos para o quadro de recessão econômica, que se instala de maneira perversa no País, sob o olhar complacente e cúmplice do Governo de Lula -: “Menos fôlego em toda a indústria: produção caiu 3% em maio e crise se espalha pela cadeia produtiva. Emprego recua”; Folha de S.Paulo de hoje: “Dados da Confederação Nacional da Indústria confirmam estagnação industrial”; O Globo de hoje: “A elite dos servidores vai à greve”; Folha de S.Paulo de hoje: “Até 40% dos servidores aderem à greve, diz Governo”; Folha de S.Paulo de hoje: “IBGE apresenta indústria parada” - quem diz, agora, sou eu: o que representa o aumento dos índices de desemprego que são cruéis neste País -; Folha de S.Paulo: “Indústria parada em maio, diz o IBGE”; O Globo de hoje: “Papéis trocados: Polícia Federal lidera greve e CUT é vaiada”; O Estado de S. Paulo de hoje - com o Ministro José Dirceu novamente, já numa posição mais cândida -: “Meta é elevar a renda de dez milhões de famílias.”
Senador Jefferson Péres, recebi um e-mail bem demonstrativo do que tem sido este Governo. Um e-mail, de um cidadão brasileiro, que me diz o seguinte: “Senador, continue a luta” - mas isso não é o mais importante. O que ele me diz de importante é: “Este Governo não passa o filme, só passa o trailer”. Ou seja, promessas renovadas, críticas, quadro de desgoverno, e o Ministro acha que pode, levianamente, dizer que houve corrupção no Governo anterior e, com isso, desviar a atenção, desviar o foco do não-governo! Porque há governos, e a gente critica o governo por ser bom, se a gente não gosta da boa linha dele, a gente critica por ser mal, se a gente não gosta da linha que se julga ruim dele, mas está havendo, agora, algo parecido com um não-governo, um Governo que não diz a que veio, e começo pelo Programa Primeiro Emprego, que não tem uma lei a legalizá-lo, a regulamentá-lo. Essa lei, se porventura existisse, eu não a conheço, não faz parte da prioridade desta convocação extraordinária. Ou seja, o Primeiro Emprego não é importante, não é fundamental. Se o fosse, o Governo teria tomado a atitude de agilizá-lo. Corre, hoje, Senador Efraim Morais, algo que não é piada - a não ser de humor negro -, em que o filho chega para o pai e diz - estou falando, agora, do primeiro emprego -: “Papai, tenho duas notícias: uma boa e outra ruim. Começo por qual, papai?” E ele diz: “Meu filho, comece pela boa, notícia ruim já tem demais nos últimos seis meses”. E o filho diz: “Papai, a notícia boa é que arranjei um emprego. Puxa, meu filho, que bom! E qual é a ruim? A ruim, papai, é que é o seu emprego; vou trabalhar no seu lugar, porque vai ser possibilitada essa mudança, que é prejudicial à sua vida, em função de um projeto mal-estruturado, que foi lançado, como se fosse um foguete de Cabo Canaveral, sem a certeza do retorno desse foguete a sua base”. Portanto, devo dizer que compreendi muito bem as razões do Ministro José Dirceu. Já não estou ofendido com S. Exª pois se ele tivesse, na verdade, certeza de corrupção no Governo passado, teria dito, repito, o nome do ladrão ou dos ladrões, quanto o ladrão ou os ladrões roubaram, de quem o ladrão ou os ladrões roubaram, sob pena de S. Exª ser cúmplice de quem teria assaltado os cofres públicos deste País. A outra coisa é que S. Exª continua passando o trailer, continua prometendo cada vez mais, enquanto não realiza. S. Exª, na verdade, o que queria, e aí tem o jogo tático, pode não ser ético, limpo, correto, mas é um jogo tático, que, imagino, possa até ser justificável, se pensarmos em termos da mediocridade política que se pratica por aí, era desviar a atenção desse calhamaço que tenho em mãos, (ergue-os, mostrando ao Plenário) que prova que o Governo não está implantando um ritmo administrativo adequado, que está transferindo o Risco Brasil do macroeconômico para o microeconômico, haja vista a atitude desastrada em relação às agências e a fuga de investidores. Denuncio, Srs. Senadores, que está havendo fuga de capitais deste País! Denuncio que o IED, Investimento Estrangeiro Direto, está significando saída de empresas deste País sem que outras venham para o lugar, porque tem havido essa agitação no campo, que perturba o investidor, têm havido, sem dúvida, esse titubeio e esse desastre em relação às agências, e tem havido aquilo que os brasileiros já se perguntam do porquê: tem havido algo que não é fácil de criticar. A gente critica o que existe. O que não existe a gente diz: que exercício duro que pedem da Oposição quando este Governo tem dentro das próprias hostes uma oposição interna tão forte! Que exercício duro se pede da Oposição, quando a Oposição teria que ser treinada e preparada para atacar governos. Denuncio que a nossa Oposição está sendo cobrada na função sofisticada, exigente - (o Sr. Presidente, fazendo soar a campainha) e já encerro, Sr. Presidente -, de criticar o não-governo, a inércia, a inação, a incompetência e essas coisas que, na verdade, para mim, não são éticas - não estou falando de roubo - é alguém dizer que há corrupção no País sem dizer quem roubou, apenas para desviar a atenção do quadro efetivo de desgoverno que se implanta no País.
Sr. Presidente, gostaria de solicitar a transcrição, nos anais da Casa, de algumas manchetes dos periódicos acima citados.
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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO
(Inseridos nos termos do art. 210 do Regimento Interno)
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