Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Importância de uma política moderna de desenvolvimento regional para o País, a propósito do anúncio da recriação da Sudene, Sudam e Sudeco. (como Lider)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA TRIBUTARIA. PREVIDENCIA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Importância de uma política moderna de desenvolvimento regional para o País, a propósito do anúncio da recriação da Sudene, Sudam e Sudeco. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2003 - Página 17576
Assunto
Outros > REFORMA TRIBUTARIA. PREVIDENCIA SOCIAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, PROPOSTA, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, IMPOSSIBILIDADE, ESTADOS, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, AUSENCIA, PARIDADE, SALARIO, FUNCIONARIO PUBLICO, ATIVIDADE, SERVIDOR, APOSENTADO.
  • COMENTARIO, PREVISÃO, RETORNO, FUNCIONAMENTO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO OESTE (SUDECO), REGISTRO, NECESSIDADE, MODERNIZAÇÃO, POLITICA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ORGÃO DE APOIO, IMPORTANCIA, IMPLANTAÇÃO, PLANO, DESCOBERTA, VOCAÇÃO, ESTADOS, PLANEJAMENTO, FORMA, ATRAÇÃO, CAPITAL ESTRANGEIRO, CAPITAL NACIONAL, ORIENTAÇÃO, SETOR, SUPERIORIDADE, PRODUTIVIDADE.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero fazer uma reflexão positiva sobre as últimas atitudes do Governo.

Esta Casa recorda, porque faz muito pouco tempo que o fato ocorreu, da chegada do Presidente Lula ao plenário da Câmara dos Deputados, acompanhado de um séqüito composto por Governadores e praticamente todo o Ministério, e pastas e pastas que continham as propostas de reforma tributária e previdenciária. Era como se uma barragem tivesse arrebentado e a água invadido o Congresso. Era como se a vontade do Brasil estivesse chegando naqueles pacotes cuidadosamente amarrados e transportados pessoalmente por Sua Excelência, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ocorre que, naqueles pacotes, estão escritas coisas que, no entendimento do PFL e - estou seguro - do PSDB, são danosas e inconvenientes ao interesse da sociedade brasileira.

É uma reforma tributária que pereniza como proposta a CPMF, que foi aprovada com o meu voto não para viger eternamente, mas para existir até o final do ano que passou e este ano está vigendo com 0,08%. Trata-se de uma reforma tributária que elimina a possibilidade de os Estados fazerem a política de atração de investimentos pelo estabelecimento de cinco alíquotas imutáveis para a taxação do que hoje é o ICMS. Aliás, a reforma tributária proposta é basicamente a perenização da CPMF e a intervenção em impostos estaduais. De resto, é perfumaria.

O pacote traz algo que reputo profundamente desinteressante à sociedade no que tange à reforma da Previdência: a não paridade entre o salário do trabalhador na ativa e na aposentadoria, a taxação do aposentado, o aumento da idade mínima para 60 e 65 anos para homens e mulheres, respectivamente, e por aí vai. Mas, pelo rio que desaguava, com a presença do Presidente Lula, dos Governadores e dos Ministros no Congresso, parecia que aquilo era o produto, a expressão da vontade nacional, o que não é verdade.

Estou para fazer uma constatação, o que faço com prazer. A voz das ruas, os argumentos da Oposição estão começando a se fazer sentir, porque o Governo, pela suas vozes mais autorizadas, começa a declarar que a negociação está posta e que partes importantes das reformas serão negociadas. Creio que está se encerrando a fase da truculência, que foi por nós, da Oposição, diversas vezes denunciada. Porque o regime democrático não admite, não aceita a truculência como prática política. Acredito que a voz das ruas, a cobrança da coerência, a cobrança do compromisso tomado e da prática efetiva de governo está começando a sensibilizar o próprio Governo, que está sendo encostado no canto da parede. Os números do começo do Governo estão cedendo espaço para os números reais, que são perversos e que foram apresentados pelo Senador Arthur Virgílio. Esses números representam a dura realidade que o Brasil está vivendo, de desemprego, de recessão, de dificuldade no campo social, de desentendimento no campo, que é um barril de pólvora, para cuja explosão a Oposição não vai contribuir. Pelo contrário, como aqui já se manifestou, vai ajudar.

A par de fazer essas constatações, Sr. Presidente, chamo a atenção para um fato que me preocupa. As nossas cobranças estão começando a fazer efeito, a voz das ruas está começando a produzir resultados sobre aqueles que ontem eram truculentos e que estão agora começando a ceder espaço à lógica, ao racional. Refiro-me ao entendimento e à negociação em torno do interesse da sociedade.

Está anunciada a recriação da Sudene, da Sudam e da Sudeco, mas ao lado da tramitação de uma proposta de reforma tributária que suprime dos Estados a capacidade de atrair investimentos pela prática de uma política de incentivos, que entendo legítima. É a capacidade de emolução entre os Estados que está em jogo. É a capacidade do pobre de lutar para deixar de ser pobre e é a subtração, pela via do incentivo, de retirar do rico a capacidade de, pela inércia, perenizar-se ou perpetuar-se como rico.

Está, portanto, colocada a proposta de reforma tributária que suprime da Sudene, conforme órgão tradicional, a sua capacidade de agir como instrumento de execução de política regional. Com a informação de que estão sendo recriadas a Sudene, Sudeco e Sudam, quero voltar a cobrar um fato que já solicitei desta tribuna por duas vezes. Esta é a terceira vez que o faço. A reforma tributária será apreciada. O PFL tomará posição e exigirá que a nova Sudene, a nova Sudeco e a nova Sudam surjam dentro de um modelo moderno. Se a política tributária decorrente da reforma tributária não der condições aos Estados de praticarem a política de desenvolvimento regional, é preciso que o Governo, com a criação da nova Sudene, proponha o novo modelo de política de desenvolvimento regional.

Recebi a informação de que a nova presidente da Sudene virá ao Congresso para discutir com Deputados e Senadores o modelo daquele órgão.

Aqui quero dar, como manchete, uma sugestão. A modernidade recomenda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a Sudene não seja apenas um órgão analisador de projetos e aplicador de incentivos fiscais. A nova Sudene tem que ser, dentro da organização global das nações, do capital globalizado, o órgão que vai identificar, Estado por Estado, do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, quais são as maiores vocações de cada Estado. Identificadas as vocações competitivas no plano nacional e internacional, fazer atração de capitais privados, nacionais e internacionais, para aí, sim, juntar aos recursos de incentivos fiscais, para viabilizar os empreendimentos que sejam trunfos nas economias dos Estados das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste.

Faço essa cobrança porque está em tramitação os projetos de reforma previdenciária e tributária, e o PFL, na hora em que a reforma tributária chegar a esta Casa, vai exigir a apresentação de um projeto real de retomada do desenvolvimento regional em termos modernos, como se pratica nos países modernos do mundo.

Sobre isso quero fazer uma lembrança. Sua Excelência o Presidente Lula está viajando para a Europa, a Europa moderna: Portugal, Espanha e Inglaterra. Portugal governado por um integrante do PSD e a Espanha governada por um integrante do PP. Partidos centro-reformistas, coligados do PFL na IDC - Internacional Democrata Cristã, partidos que estão em Portugal e na Espanha construindo nações novas pela via da modernidade, na prática de uma formulação política centro-reformista, a exemplo do que prega o Partido da Frente Liberal. E na hora em que cobram a proposta da nova Sudene em termos modernos, quero dizer a esta Casa que o PFL vai ficar de ouvidos bastante abertos para ouvir o que o Presidente Lula vai dizer em Portugal e na Espanha, países em que os Primeiros-Ministros Durão Barroso e José Maria Aznar, nossos companheiros da IDC, governam, e governam bem.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2003 - Página 17576