Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Propostas alternativas de transportes para escoamento da safra brasileira. (como Lider)

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Propostas alternativas de transportes para escoamento da safra brasileira. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2003 - Página 17764
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, AUDIENCIA, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), IMPORTANCIA, INICIO, ESTADOS, SUBSTITUIÇÃO, MATRIZ ENERGETICA, UTILIZAÇÃO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA, BIOMASSA.
  • APREENSÃO, UTILIZAÇÃO, TRANSPORTE RODOVIARIO, ESCOAMENTO, SUPERIORIDADE, SAFRA, GRÃO, NECESSIDADE, SUBSTITUIÇÃO, MATRIZ, TRANSPORTE, DEFESA, APROVEITAMENTO, HIDROVIA, RETOMADA, TRANSPORTE FERROVIARIO.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, Srª Senadora Ideli Salvatti, estive pensando sobre o importante comunicado de V. Exª. Fiz algumas contas, embora não seja versado em matemática, para de fato falar sobre o ponto.

Fico muito impressionado com o entusiasmo do nosso Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sr. Roberto Rodrigues. S. Exª, ao falar, o faz com conhecimento de causa, com convencimento, com garantia da observação real do que está ocorrendo sob a sua Pasta, que nos deixa acreditar que é a pessoa certa para a missão certa no momento certo. Creio que a meta de crescimento da produção, impulsionada pelo relato da Senadora Ideli Salvatti, já é fato no País.

Como ontem tivemos uma audiência com a Ministra Dilma Rousseff, das Minas e Energia, em que tratamos da situação de energia elétrica, aqui traçarei um quadro comparativo entre esse crescimento e o transporte brasileiro.

Conforme informação da Eletronorte, o Brasil consome hoje cerca de 75 gigawatts de energia, e a Amazônia dispõe de um potencial de 272 gigawatts apenas em recursos hídricos. Ou seja, apenas os rios da Amazônia podem produzir energia elétrica para três Brasis.

Inicialmente, fiz a seguinte pergunta à Ministra: como ficam os Estados que não dispõem de rios, de petróleo ou de gás? S. Exª respondeu de pronto que utilizaremos sua forma de biomassa, a exemplo do Estado do Piauí. A Ministra faz questão que três Estados comecem de imediato o grande plano de substituição gradativa da grande matriz de energia por uma acessível a todas as comunidades, não importando seu percentual social e econômico.

Agora, farei um paralelo entre a produção anunciada pelo Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sr. Roberto Rodrigues e a questão dos transportes.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, do Piauí - se minha conta estiver correta -, uma carreta das maiores deve transportar cerca de 35 toneladas, as mais antigas, cerca de 30 toneladas. Se nossa produção de grãos for de 120 milhões de toneladas e essa produção for toda transportada em carretas com a capacidade de 30 toneladas, precisaremos, imediatamente, de quatro milhões de carretas para executá-la. Se 35 toneladas, serão necessárias 3.428.571 carretas para o transporte.

Se a matriz brasileira continuar insistindo em transporte rodoviário, brincaremos de fazer estrada. Com isso, precisaremos inventar orçamento para construir e recuperar asfalto. Como exemplo, cito a BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho. Como por ela carretas transportam soja, aquela rodovia não está servindo para muita coisa. Imaginem como está a malha viária brasileira?

Aproveitando nossa feliz produção, devemos dar outro passo na direção do aproveitamento dos recursos hidroviários e também da retomada do transporte ferroviário, tão utilizado pelos plantadores de café do século XIX.

Sr. Presidente, talvez se diga aqui que o transporte rodoviário movimenta a grande indústria de automóveis, mas estamos gastando tubos de dinheiro na recuperação de estradas. Também devemos lembrar que o transporte rodoviário está desconectado do transporte de passageiros. Se trilharmos pelo caminho ferroviário e pelo hidroviário, aumentaremos a tonelagem de carga transportada e poderemos utilizá-los no transporte de passageiros.

Os aspectos negativos do transporte hidroviário e ferroviário são: a baixa velocidade e a dificuldade do porta a porta. Para aqueles que utilizam o ônibus coletivo e o táxi, a diferença é muito grande: o porta a porta e a maior proximidade das pessoas são fatores muito sérios.

Por acreditar que haverá crescimento significativo nos quatro anos de Governo Lula - Oxalá, se dobrem para mais quatro -, superando, a cada ano, a meta do ano anterior, alerto para a necessidade de outro meio de transporte que não o rodoviário, que atenda aos pequenos e aos grandes produtores deste País, em todas as localidades em que haja um rio ou seja possível construir uma ferrovia.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2003 - Página 17764