Pronunciamento de José Maranhão em 08/07/2003
Discurso durante a 6ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Voto de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal e ex-governador do Estado da Paraíba, Tarcísio Burity.
- Autor
- José Maranhão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: José Targino Maranhão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Voto de pesar pelo falecimento do ex-deputado federal e ex-governador do Estado da Paraíba, Tarcísio Burity.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/07/2003 - Página 17331
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, TARCISIO BURITY, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA.
O SR. JOSÉ MARANHÃO (PMDB - PB. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Paraíba, de fato, está muito triste com a morte do ex-Governador Tarcísio de Miranda Burity. Burity deixou um legado político e um legado administrativo que lhe valeu o reconhecimento da opinião do Estado quando se sagrou o mais votado deputado federal da história política da Paraíba até hoje.
Não era propriamente um político profissional no sentido restrito da palavra. Burity era sobretudo um intelectual, um teórico do Direito, mas a sua gestão como Governador do Estado o fez superar, junto às grandes massas populares, quaisquer limitações políticas. O fato de ter-se sagrado o deputado federal mais votado em toda a história da Paraíba comprova inteiramente o acerto de sua administração e sobretudo a sua grande empatia com o povo.
Conheci-o de perto como amigo pessoal que sempre fui, companheiro da turma de 1961 da Faculdade de Direito do Estado da Paraíba. Todos os colegas o admiravam, sobretudo pelo equilíbrio e pelo caráter de verdadeiro conciliador.
Burity era um homem de paz, governou a Paraíba com o coração. Ainda me recordo de seu primeiro mandato. A Paraíba atravessou uma seca sem precedentes na sua história, e àquela época o governo da República, talvez por ser um governo militar, não tinha a necessária sensibilidade humana para os problemas dos mais pobres e dos mais humildes e exigia que as frentes de emergência obrigassem as mulheres trabalhadoras a deixar seus lares, muitas vezes a quilômetros de distância, para carregar pedras nas frentes de trabalho. Burity, que era Governador do Estado, deu um murro na mesa, como se diz, e afirmou: “Aqui na Paraíba não se fará isso. As paraibanas pobres não serão humilhadas nem sacrificadas com essa medida”. De fato, as mulheres, a partir desse gesto de Burity, que não concordou com o governo central, passaram a trabalhar em seus próprios lares, o que já era bastante para uma mulher do campo.
Esse fato marcou a história de Burity como administrador sensível e humano de tal forma que, decorridos trinta anos, o seu nome ainda é lembrado com respeito, com admiração e sobretudo com gratidão pelas populações pobres e humildes da Paraíba.
Em 1986, Burity ingressou no PMDB, e até há bem poucos dias, permanecia integrando os quadros do nosso partido, sem dúvida nenhuma, oferecendo o contributo do seu grande prestígio junto às massas populares. A sua produção científica, a sua produção intelectual como escritor, principalmente como teórico do Direito, é reconhecida em todo o País, mas sobretudo a sua obra social no Estado da Paraíba será sempre lembrada pelas pessoas mais pobres e mais humildes.
Uma das provas maiores da grandeza desse homem foi a sua reação pacífica, ainda no leito do hospital, depois de ter sido vítima da agressão do então governador à época, Senador Ronaldo Cunha Lima: ele fez um bilhete aos seus filhos, pedindo que não cultivassem o sentimento da vingança se viesse porventura a perecer. Isso mostra o caráter pacífico e cristão desse homem extraordinário que a Paraíba perde hoje e que o Brasil lamenta.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.