A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, tendo em vista a solicitação de V. Exª, não responderei ao meu companheiro e eminente Líder do PSDB, Senador Leonel Pavan - cujo irmão e sobrinho são meus eleitores no Pará, graças a Deus.

Ater-me-ei a dar mais um exemplo, como já o fez o Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante, de como se faz oposição de forma inconseqüente.

Refiro-me ao artigo de autoria do eminente Líder do PFL na Câmara Federal, Deputado José Carlos Aleluia, intitulado: O Desmonte da Petrobras. Um título até pomposo, porém enganoso, pois parecia que iria indicar a crítica a alguma decisão equivocada do Governo em relação à empresa; contudo, o Deputado desfiou um rosário de desinformações e preconceitos, como poucas vezes já se viu, particularmente eu.

O reclamo principal do Líder do PFL é que o Governo Lula vem efetivamente mudando os rumos da empresa e, conseqüentemente, modificando a composição de sua diretoria - isso tinha que ser realmente feito. Mas a mudança só quanto à diretoria, pois é nossa obrigação elogiar o quadro técnico, os funcionários da empresa, um exemplo de compromisso com o nosso País.

Um “exemplo” do que seria esse “desmonte de empresa” teria sido a indicação do ex-Senador José Eduardo Dutra para ocupar a Presidência da Petrobras. Ora, grande parte dos aqui presentes conviveu por oito anos com o Dr. José Eduardo Dutra, geólogo, funcionário da Petromisa, uma empresa com especialidade inclusive na prospecção de petróleo, do ramo de petróleo, é homem de preparo e capacidade inquestionáveis, de maneira que só com muita má vontade pode-se atribuir sua indicação para a Petrobras como um “prêmio de consolação”, como disse o Deputado.

Mais à frente, o Deputado acusa o engenheiro Antônio José Pinheiro Rivas, nomeado gerente-geral da unidade da Bahia, de estar “afastado há dez anos da Petrobras e dedicado a atividades classistas...” Aqui, a má vontade se alia à mais completa desinformação, já que o engenheiro nunca esteve afastado da empresa, inclusive respondendo como geólogo dos campos de Fazenda Bálsamo, cidade de Entre Rios, Maiombê e Riacho Ouricuri, até dia 23 de março deste ano. Diz S. Exª que ele comanda vinte mil funcionários, quando, na verdade, comanda pouco mais de sete mil funcionários, entre empregados diretos e contratados.

O artigo chega a seu momento mais infeliz quando acusa o Diretor de Exploração e Produção Guilherme Estrella, de ter afirmado que “acionista da empresa não passa de especulador”.

Nesse ponto, a desinformação do Deputado deturpa, de maneira grosseira, a entrevista dada pelo Diretor à revista Brasil Energia, em março deste ano.

            Faço questão, para repor a verdade, de citar textualmente as palavras do Diretor Guilherme Estrella. A pergunta da revista foi a seguinte: “Será que os acionistas estarão dispostos a ter essa visão de longo prazo?” A resposta do Diretor Guilherme Estrella foi a seguinte:

Claro que o acionista continua sendo remunerado. Pode não remunerar integralmente, pode haver, de início, uma certa erosão da remuneração do acionista, mas, com certeza, ele terá maior lucratividade adiante. Se o acionista não for especulador, ele vai ter essa visão de longo prazo. Quem investe na Petrobras ou em qualquer outra empresa ligada ao setor de petróleo precisa ter uma visão de longo prazo.

            Como se vê, o que foi dito, em nenhum momento, corrobora a versão maldosa propalada pelo Deputado José Carlos Aleluia. Aliás, sobre as ações da Petrobras, ao que temos assistido, no Governo Lula, é justamente o contrário da tendência de “desmonte” alardeada pelo Líder do PFL, pois, se as ações fecharam o ano de 2002 valendo, conforme informações da Bovespa, R$ 45,00, hoje, segundo a cotação de 14 de julho, valem R$ 54,90, ou seja, um ganho para os acionistas de 22% em seis meses. Isso vem acontecendo justamente porque, ao contrário do que diz o Líder do PFL, a Petrobras vem sendo fortalecida no Governo Lula e mostrando resultados.

Do início do ano até a primeira quinzena de julho, foram registradas sete descobertas de jazidas, das quais seis localizadas no chamado bloco BC-60, no litoral sul do Espírito Santo, onde são estimados cerca de 2,1 bilhões de barris de petróleo.

Na bacia de Santos, foi feita a maior descoberta de gás natural já noticiada na plataforma continental brasileira, com reservas da ordem de 70 bilhões de metros cúbicos.

            Com a melhora da imagem da empresa e da percepção do risco Brasil, a Petrobras conseguiu realizar captações no mercado financeiro internacional da ordem de US$3,2 bilhões, alongando o perfil de sua dívida e diminuindo seus custos. Isso, inclusive, sem pedir garantias, mas pela confiança que a comunidade internacional tem na empresa.

            Foram alteradas as licitações das Plataformas P-51, P-52 e PRA-1, possibilitando a participação de empresas nacionais no processo de construção desses equipamentos. Combatendo sim o desemprego gerado, porque essas plataformas, pelo Governo anterior, seriam compradas do exterior, Senador Botelho, gerando desemprego. Estamos fazendo diferente, permitindo que a indústria nacional possa geram emprego aqui, em nosso País. Portanto, alteramos sim a licitação, com muito orgulho.

            Já estão sendo negociados, junto ao BNDES, financiamentos para a construção de mais quatro navios, dois do tipo Suezmax e dois Panamax.

A capacidade de refino do País obteve, nesse período, um acréscimo de 25 mil barris/dia, e prosseguem os investimentos para o incremento da capacidade das refinarias.

Tudo isso tem levado à valorização das ações da empresa. Ao contrário do passado recente, marcado pelos desastres ambientais, pelo afundamento...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma) - Senadora Ana Júlia Carepa, permita-me interrompê-la para prorrogar a sessão por quinze minutos, a fim de que V. Exª termine o seu pronunciamento e o Senador Garibaldi Alves Filho possa usar da palavra.

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA) - Obrigada, Sr. Presidente.

Exatamente na gestão passada da Petrobras, houve o afundamento da maior plataforma marítima do mundo, pela absurda tentativa - essa foi uma atitude do Governo anterior, entre outros fatores - da antiga diretoria de mudar o nome da empresa Petrobras, em uma iniciativa que apenas gerou prejuízos à empresa.

Talvez, o que esteja incomodando o Líder do PFL na Câmara dos Deputados não seja o “desmonte” da Petrobras que, como verificamos, em nenhum momento vem ocorrendo. Muito pelo contrário. Esse chamado “desmonte” é uma herança perversa que a antiga diretoria deixou. Essa herança está sendo e será desmontada; a herança daqueles que, hoje, devem estar tendo pesadelos, porque pretendiam privatizar uma empresa que é um orgulho para brasileiros e brasileiras. Hoje estamos mostrando que é possível não apenas fazê-la crescer e produzir mais, mas torná-la um exemplo. A Petrobras entrou para o ranking das melhores empresas do mundo.

Na verdade, o que está havendo é o desmonte do pesadelo que queriam imputar ao povo brasileiro, mas as ações praticadas têm em vista o benefício da Petrobras e do Brasil e não do PFL.

Lamento que se publique um artigo desses num jornal. Enviei a esse jornal um artigo, espero seja publicado, revelando as absolutas inverdades e incorreções dessa matéria. Esse é um exemplo de como não se deve fazer Oposição, de como, na verdade, se torce contra o País. Com certeza, o povo confia em que o Brasil dará certo.

Muito obrigada.