Discurso durante a 88ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Compromisso do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no sentido de fortalecer a economia brasileira para superar o problema da fome.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Compromisso do Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no sentido de fortalecer a economia brasileira para superar o problema da fome.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2003 - Página 21287
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, MOBILIZAÇÃO, GOVERNO, SOCIEDADE CIVIL, COMBATE, FOME, DEFESA, AUMENTO, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, AREA, CULTIVO, AMPLIAÇÃO, ACESSO.
  • SAUDAÇÃO, ATUAÇÃO, ROBERTO RODRIGUES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), EXPERIENCIA, COOPERATIVISMO, BUSCA, AMPLIAÇÃO, SAFRA, GRÃO, ALIMENTAÇÃO, BRASILEIROS, REGISTRO, ANUNCIO, RECURSOS, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), CREDITOS, COOPERATIVA.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS, PROGRAMA, COMBATE, FOME.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos ficamos tocados pelos propósitos afirmados e reafirmados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno da questão da fome. Com raízes no Nordeste brasileiro, assim como Lula e como representante de Roraima, não preciso ter acesso a elaborados estudos para saber que persiste a fome no Brasil e que, perante ela, não há nada a fazer senão firmar parcerias entre as diversas instâncias de governo e da sociedade civil.

E a superação desse problema, todos sabemos, não pode ser vista de maneira simplista, mas com a complexidade que ela exige. Não é de hoje que são feitos estudos sobre o tema, apontadas suas causas, e localizadas suas principais vítimas. Josué de Castro, médico e geógrafo pernambucano, com sua coragem científica, já denunciava o problema, nos idos de 1930. Desde então se sabe - uma verdade que por vezes se esconde - que entre as causas da fome no Brasil está a falta de recursos para adquirir comida. Mas, ao fim e ao cabo, resolver o problema da fome está vinculado ao aumento da produção de alimentos, assim como da acessibilidade destes a quem quiser (e puder) adquiri-los.

Por isso, é com grande satisfação que vimos ascender ao Ministério da Agricultura uma das pessoas que mais entende das duas coisas: agricultura e economia solidária. Roberto Rodrigues, além de agricultor, é o mais competente pregador do cooperativismo no Brasil. E entre os caminhos para alavancar a produção de alimentos está, com certeza, a ampliação do cooperativismo no campo.

Já em 1993, ao assumir a presidência da Sociedade Rural Brasileira, Roberto Rodrigues alertava que a “modernidade” no combate à fome e à miséria adviria da associação entre agricultura e tecnologia.

A meta do programa, segundo estimativas preliminares, seria alimentar dois milhões de famílias, ainda em 2003, e, em quatro anos, alcançar quase dez milhões de famílias, ou o equivalente a 46 milhões de brasileiros. O que implicaria para a agricultura, potencialmente, cumprir tais metas? Vejamos: aponta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) que seria necessário ofertar 1 milhão toneladas de alimentos por ano para cada grupo de 1 milhão de pessoas. Para o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio de janeiro (BGA), José de Souza e Silva, será necessário duplicar ou até triplicar a produção atual de grãos, para que o programa Fome Zero possa alcançar pleno êxito.

Esse desafio, que não é pouco, vai demandar dos agricultores brasileiros um grande empenho. E uma forma de potencializar essa produção é, justamente, por meio das cooperativas agrícolas.

E os sinais concretos da presença de Roberto Rodrigues no Ministério do Governo Lula já se fazem sentir. O governo federal, ainda nos primeiros dias de governo, declarou sua intenção de ampliar os recursos destinados ao cooperativismo de crédito para facilitar o acesso dos pequenos e médios produtores ao financiamento agrícola. Para começar, em torno de 1.600 cooperativas agrícolas anunciaram a doação de 24 mil toneladas de alimentos para o Programa Fome Zero.

Em seguida, em entrevista concedida junto com o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o Ministro Roberto Rodrigues informou que as fontes para ampliar o crédito cooperativo serão o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e instituições internacionais de crédito cooperativo.

A idéia do titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é fazer com que este atue como força auxiliar do Fome Zero. Esse envolvimento do Mapa no Fome Zero, não resta dúvida, deve-se ao fato de que haverá maior demanda por alimentos no País. Para atendê-lo, é necessário aumentar em mais 3 milhões de hectares a área agrícola brasileira. Segundo o Ministro Rodrigues, “a expansão da área agrícola movimentará toda a cadeia produtiva do agronegócio, pois vai exigir mais insumos, máquinas agrícolas, defensivos e também vai gerar mais renda e empregos”.

Por outro lado, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras lembrou que a entidade já desenvolve, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Programa Cooperativismo contra a Fome. Baseada nessa experiência, a OCB quer agora ter uma participação maior no Fome Zero. “Vamos turbinar o Fome Zero”, afirmou Freitas.

Por tudo isso, Srªs e Srs. Senadores, creio que, finalmente o problema da fome no Brasil terá uma solução à altura do que sempre foi necessário, pois vamos juntar a agricultura e o cooperativismo, duas formas de fortalecer nossa economia, para superar o problema da fome. Não só porque haverá aumento na oferta de alimentos, mas também porque passaremos a ter nas cooperativas uma fonte produtiva para alavancar a produção nacional.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2003 - Página 21287