O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho rapidamente a esta tribuna para dar conhecimento não só a esta Casa, neste último dia de convocação extraordinária, mas também aos telespectadores da TV Senado, aos ouvintes da Rádio Senado de ondas curtas e aos populares que assistem a esta sessão não-deliberativa do Senado que amanhã, dia primeiro de agosto, o PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira - realizará um grande encontro nacional na cidade do Rio de Janeiro.

Nesse encontro, denominado “Os Novos Desafios do PSDB”, haverá diversas palestras. A abertura será feita pelo ex-Governador Marcelo Alencar, Presidente do PSDB estadual do Rio de Janeiro. Em seguida, falará o Deputado Jutahy Junior, nosso Líder na Câmara dos Deputados; o Senador Arthur Virgílio, Líder do PSDB aqui no Senado Federal; o Presidente Nacional do PSDB, José Aníbal. Haverá uma série de debates e de palestras, com a presença de Reinaldo Azevedo, jornalista; Sérgio Abranches, cientista político; Yoshiaki Nakano, economista e diretor da Escola de Economia de São Paulo; Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro, economista, ex-Presidente do BNDES e ex-Ministro. Deputados e Senadores também participação dos debates, além de diversos outros convidados para o evento.

Sr. Presidente, o PSDB é um partido de perfil privilegiado. Teve em seus quadros homens como Franco Montoro, Mário Covas, entre outros grandes nomes nacionais. Tem oito Governadores de Estado e a grande liderança do Governador Geraldo Alckmin e do Governador Aécio Neves. Sua bancada na Câmara dos Deputados é excelente, como também a do Senado Federal. Aliás, um dos debatedores de amanhã será o Senador Tasso Jereissati, motivo de orgulho para qualquer Partido que o tivesse em seus quadros.

Tenho certeza de que esse encontro marcará um momento importante de amadurecimento para o PSDB. Tenho dito sempre que, no meu entendimento, a nossa oposição não pode ser outra senão a oposição construtiva. O Brasil esperou demais por este momento. Todos nós, que temos sensibilidade política, devemos aceitar o fato de que quis a sociedade brasileira uma profunda mudança ao eleger o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem desejamos que faça o governo de seus sonhos. Sua Excelência disse, no plenário desta Casa, que não desperdiçaria essa oportunidade. E todos vimos o quanto foi difícil a sua luta para chegar à Presidência da República.

Desta tribuna, assevero o profundo respeito que temos pela figura do Presidente da República. Esse respeito sempre será mantido. Jamais, desta tribuna, rasgaremos a Constituição Federal, jamais participaremos de atos públicos em ofensa ao Presidente da República e ao seu Partido. Não vamos voltar a algumas páginas do passado. Entendemos que cada Partido tem a sua luta, a sua história, os seus quadros, a sua formação.

Srª Presidente, eu me orgulho muito de integrar o PSDB. Pretendo manter a minha filiação partidária por este mandato inteiro do Presidente Lula e pelos próximos anos e enquadrar-me dentro da Oposição, com os limites, com as dificuldades, mas também com aquela empolgação de estar dando a minha contribuição crítica e construtiva ao que considero importante para o meu País. Disse ontem e repito hoje que não considero necessário para o meu Estado, para buscar maiores vantagens até para apoiar as ações do jovem Governador de meu Estado, Marcelo Miranda, que eu venha a mudar de Partido, indo para um Partido da dita base aliada. Não; entendo que ficando em meu Partido, que foi, há bem pouco tempo, Governo, do qual me orgulho e que tenho defendido desta tribuna na qualidade de vice-Líder, estarei dando uma contribuição maior à democracia, mostrando que existem os que acreditam nos Partidos, que entendem que Partido não serve apenas para eleição, mas para um mandato, uma vida inteira, a exemplo do procedimento de diversos Parlamentares desta e de outras Casas legislativas.

Aproveito para esclarecer a razão de não poder estar presente, amanhã, ao Encontro Nacional do PSDB, que irá acontecer no Rio de Janeiro, e que espero seja muito proveitoso, amplo em democracia; que seja profunda a reflexão do PSDB; que seja mantido um nível alto do que se entende como oposição. Mas, amanhã, primeiro de agosto, é um dia especial para os tocantinenses. Nele, comemoramos o aniversário do ex-Governador Siqueira Campos.

Srª Presidente, Siqueira Campos, por três vezes, foi eleito Governador do nosso Estado, sempre em primeiro turno. Como o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-Governador não teve oportunidade de freqüentar as escolas; iniciou sua carreira, sua luta, como carregador de trens, no Rio de Janeiro, como office-boy do Partidão - teve sua carteira assinada por Luiz Carlos Prestes.

Homem humilde, simples, hoje, Siqueira Campos está fora do Governo. Tendo 80% das intenções de voto na disputa para o Senado, disse-me: “Meu filho, não darei essa contribuição negativa ao País nem ao Senado. Estando você naquela Casa, o Tocantins há de estar bem representado, pois eu serei o primeiro a criticá-lo e a cobrar-lhe o seu mandato e os votos que obtiver. Não prestarei o desserviço de estarmos, os dois, membros da mesma família, ocupando vagas no Senado. Não! Deixo o terceiro mandato que o povo me conferiu para passar a ser um conselheiro. É essa função que pretendo exercer daqui para frente”.

Pela razão do aniversário de alguém tão querido, não por se tratar de meu pai, mas por ter sido o Constituinte que conseguiu, junto aos demais Srs. Senadores - muitos ainda aqui presentes, como o Senador Edison Lobão e tantos outros -, a vitória da criação do Tocantins, naquela Assembléia, por ter sido o fundador da cidade de Palmas, por ser um homem público que, com sua humildade, capacitou Tocantins a ter hoje a classificação “A” da Secretaria do Tesouro Nacional, como o Estado que menos gasta com folha de pagamento dos três Poderes.

Muito temos a comemorar em Tocantins. E, amanhã, celebraremos, em uma missa na cidade de Palmas, os 75 anos de vida de Siqueira Campos. Peço a Deus Todo-Poderoso que abençoe o meu Estado. Fico orgulhoso de ver o meu povo se reunir para homenagear meu pai, cidadão muito simples.

Srª Presidente, não posso deixar de ouvir o Senador Edison Lobão e, em seguida, o Senador Pedro Simon, haja vista que o Regimento me permite fazê-lo no horário destinado à comunicação de Liderança.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador Eduardo Siqueira Campos, V. Exª, nesta tarde, fala do que sabe sobre seu ilustre pai, e permita-me dizer que também falo do que sei. Senador Eduardo Siqueira Campos, conheço seu pai há cerca de 40 anos. Quando cheguei a Brasília era jornalista político. Depois, tornei-me Deputado. Desde essa época fomos colegas de Partido. Fomos vice-Líderes do mesmo Partido e do Governo. Convivi com Siqueira Campos longamente, uma das melhores figuras da vida pública brasileira que conheci em todos os tempos. Homem de uma têmpera extraordinária, obstinado na luta em favor do povo, nunca em favor de si próprio - jamais o vi lutar por algo que dissesse respeito a ele próprio. Sempre o encontrei na batalha pelo Brasil, por Goiás, Estado que representava, e na imensa batalha pela criação do novo Estado do Tocantins, o que, afinal, conseguiu quase com o sacrifício da própria vida. Só um homem com essa origem e obstinação seria capaz de fazer o que ele fez. O velho Siqueira Campos agora aniversaria. Sua pessoa confunde-se com o próprio Estado do Tocantins. Um e outro parecem caminhar juntos. Tocantins vive um período de crescimento econômico, demográfico e de importância. E Siqueira Campos também cresce - embora não seja mais portador de mandato eletivo - no respeito do seu povo e dos seus amigos. Leve ao seu ilustre pai esta minha mensagem, de que faz muita falta nesta Casa. Se Siqueira Campos aqui estivesse, seguramente estaria nos transmitindo as luzes da sua experiência e competência. Portanto, ele nos faz falta, embora jamais tenha sido Senador. Leve a ele, Senador Eduardo Siqueira Campos, o meu abraço, de minha família, de meus filhos, que, como eu, gostam dele. Que Deus o ajude a ter um aniversário feliz ao lado da família, ao lado de seu povo de Tocantins e ao lado do Estado pelo qual ele tanto batalhou.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Agradeço suas palavras, Senador Edison Lobão, pois sei que V. Exª é um dos amigos de quem ele muito se orgulha. V. Exª sabe o quanto ele o admira, portanto, certamente, receberá, com alegria, o seu abraço e o de sua família. Agradeço a generosidade de suas palavras para com a figura simples de meu pai.

Srª Presidente, encerrarei logo após o aparte do Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Senador Eduardo Siqueira Campos, não tive a felicidade de conviver, como o ilustre Senador do Maranhão, com o ex-Governador Siqueira Campos, e também não sabia que ele tinha uma atividade tão intensa - 45 anos só como Parlamentar. Mas quero dizer que tenho a mais profunda admiração por seu pai. Lembro-me de como foi estranha a criação do seu Estado. Em todas as emancipações, na criação de novos Estados, houve uma luta tremenda. O coitado do Mato Grosso muito se esforçou para não deixar sair o Mato Grosso do Sul. Quanto a Goiás, não; foi uma tranqüilidade. Todo o Goiás queria a emancipação do Tocantins. Eu perguntava para os Senadores: “Mas por que isso?” Ao que respondiam: “Aquela região é uma terra muito ruim; não há o que fazer ali; só atrapalha o desenvolvimento do Estado de Goiás; é muito difícil”. E vejo que as administrações seguidas daquele Governador fizeram uma revolução naquele Estado. Realmente, o desenvolvimento, o progresso, o crescimento e o avanço, a nova Brasília que se construiu em Palmas, com um lago que debocha do nosso, por ser muitas vezes maior que o de Brasília, tudo que foi feito ali nos dá uma demonstração da capacidade e do esforço excepcional do seu ilustre progenitor. Vejo a alegria com que V. Exª fala dele e a considero absolutamente justa e correta. V. Exª tem do que se honrar e a enorme responsabilidade de continuar uma obra tão importante e tão significativa como a do ex-Governador Siqueira Campos.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO) - Senador Pedro Simon, fico comovido sabendo da sinceridade, da autenticidade do valor das suas palavras, pois sei o que V. Exª representa para esta Casa. Levarei ao velho Siqueira Campos - como se diz no Tocantis - as palavras generosas de V. Exª.

Srª Presidente, volto a dizer que estarei ausente do Encontro do PSDB por razão mais do que justa. Agradeço a todos.