Discurso durante a 89ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o seminário "Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável", realizado neste final de semana na capital do Acre.

Autor
João Capiberibe (PSB - Partido Socialista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Alberto Rodrigues Capiberibe
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Considerações sobre o seminário "Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável", realizado neste final de semana na capital do Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 05/08/2003 - Página 22144
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, SEMINARIO, REALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO ACRE (AC), PARTICIPAÇÃO, MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA (MCT), GOVERNADOR, SENADOR, REITOR, ELABORAÇÃO, PROPOSTA, INCENTIVO, AREA, PESQUISA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, PRESERVAÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. JOÃO CAPIBERIBE (Bloco/PSB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna do Senado para fazer um relato do importante seminário que realizamos, neste final de semana, na Capital do Acre, Rio Branco, terra de Chico Mendes - mártir da preservação da Amazônia.

O Seminário reuniu o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Governador do Acre. Lá estavam os três Senadores do Acre: o Senador Sibá Machado, o Senador Tião Viana e o Senador Geraldo Mesquita. Também compareceram os reitores das quatro menores Universidades do País. O Reitor Jonas Pereira de Souza Filho, da Universidade do Acre, foi o nosso anfitrião e quem organizou o seminário denominado “Ciência e Tecnologia para um Desenvolvimento Sustentável”.

Defendo aqui, com insistência, a tese de que há uma atenção voltada para a Região Amazônica, de que a cobiça internacional existe, mas de que, pior que a cobiça internacional, é a negligência histórica com que aquela região tem sido tratada até muito recentemente.

Esse Seminário, que reuniu o Presidente do CNPq, Dr. Erney Camargo, o Diretor de Avaliação da Capes, Dr. Isaac Roitman, todo o staff da Ciência e Tecnologia do País, com a presença das quatro universidades, elaborou a proposta de formação de uma rede de excelência na área de pesquisa em ciência e tecnologia e dividiu a tarefa pelas quatro universidades. Parece-me fundamental explicar o que vai acontecer nos próximos anos, qual será o desenvolvimento dessas redes de base tecnológica.

O Ministério da Ciência e Tecnologia, dirigido hoje pelo Ministro Roberto Amaral, nosso companheiro do Partido Socialista Brasileiro, tomou a decisão política de equilibrar as diferenças regionais. E essa é uma decisão fundamental para a preservação da nossa soberania na região. Não tenho receio da internacionalização, da cobiça com que somos olhados hoje. A minha preocupação é exatamente construirmos um programa de desenvolvimento sustentável capaz de dar respostas aos que vivem na Amazônia, mas também comprometido com as teses de Chico Mendes que o levaram a transformar-se no mártir da preservação do patrimônio ambiental da Amazônia e do povo brasileiro.

Esse encontro foi muito bem conduzido pelo Ministro Roberto Amaral, que se comprometeu com a formação dessa rede e, mais do que isso, de garantir a formação dos nossos professores universitários na nossa região. O Ministro disponibilizou recursos para que possamos ter professores doutores para formar mestres e doutores nas universidades amazônicas, para que não seja necessário que os nossos professores deixem o Amapá, o Acre, Rondônia ou Roraima, para fazer cursos de aperfeiçoamento, de mestrado e doutorado fora da região.

O Ministro garantiu que teremos a oportunidade de formar aquilo que é fundamental: recursos humanos necessários para o uso correto da biodiversidade amazônica.

Portanto, dividimos os núcleos em quatro campos de atividades na área de Ciência e Tecnologia que serão objeto das preocupações da Universidade Federal do Acre, que se encarregará da tecnologia de produtos florestais não madeireiros - precisamos desdobrar a cadeia produtiva dos produtos florestais não madeireiros que são abundantes na floresta Amazônica; da Universidade Federal de Roraima, que se preocupará com o monitoramento ambiental e controle de endemias - lá trabalha Luiz Hildebrando, especialista em endemias; da Universidade Federal de Rondônia, que se ocupará do estudo das savanas; e da Universidade Federal do Amapá, que se dedicará à organização socioespacial e gestão territorial, pois houve um avanço significativo no nosso período de Governo.

Essas serão as ações prioritárias da construção do conhecimento necessário para mudarmos definitivamente o modelo de desenvolvimento da Amazônia.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essa manifestação atende a um apelo político, ao apelo do Presidente Lula, um profundo conhecedor da Amazônia, pois percorreu os rios e barrancos daquela região e sabe da necessidade de fazermos uma profunda mudança no modelo.

Fundamentado nas teses do desenvolvimento sustentável, o programa foi lançado no dia 09 de maio, em Rio Branco, e agora tem seqüência com a presença do Ministro Roberto Amaral e de sua equipe ministerial, do Governador e da Bancada de Senadores e também de Deputados presentes nesse evento.

É um momento importante para a região. Na hora em que se finaliza o Programa de Desenvolvimento Sustentável para a Amazônia, iniciamos um passo em direção à criação das estruturas necessárias para a construção do conhecimento para o desenvolvimento sustentável. Portanto, faço esse relatório com imensa satisfação.

Também quero dizer-lhes que estive em Sena Madureira acompanhando o Líder do Bloco de apoio ao Governo nesta Casa, Senador Tião Viana. Visitamos a população generosa de Sena Madureira, cidade que, nos áureos tempos da borracha, era riquíssima. Por lá escoava toda a produção do rio Iaco, afluente do Purus, que, por sua vez, é afluente do grande rio Amazonas. Eu visitava o povo das cabeceiras do rio como morador da foz.

Sr. Presidente, o que liga a todos nós, moradores da Amazônia, o que nos mantém em comunicação é o rio. Nós, da Amazônia, somos moradores de beira de rio e nos comunicamos, portanto, por meio da imensa e magnífica bacia do rio Amazonas. Agora, politicamente, o que nos liga em definitivo é o Programa de Desenvolvimento Sustentável para a Amazônia, que mudará o modelo predador do ponto de vista ambiental e excludente do ponto de vista social e que não dá as respostas econômicas de que este País necessita. A região precisa crescer e contribuir para a geração de riqueza do País.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/08/2003 - Página 22144