Discurso durante a 90ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação de S.Exa. com a condução pelo Partido dos Trabalhadores das políticas sociais e econômicas do País.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. REFORMA AGRARIA.:
  • Preocupação de S.Exa. com a condução pelo Partido dos Trabalhadores das políticas sociais e econômicas do País.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2003 - Página 22247
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • ANALISE, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APREENSÃO, FORMA, GESTÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, POLITICA SOCIAL, COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, PERDA, CONFIANÇA, MERCADO EXTERNO, BRASIL, AUMENTO, COTAÇÃO, DOLAR, CRESCIMENTO, CONFLITO, CAMPO, PREJUIZO, REPUTAÇÃO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, APREENSÃO, EX PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SITUAÇÃO, ECONOMIA, ATUALIDADE.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, JORNAL DA TARDE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ALEGAÇÕES, TENTATIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREJUIZO, REPUTAÇÃO, GOVERNADOR, CRITICA, PREFEITO, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, CONSTRUÇÃO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, INCAPACIDADE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, FALTA, VAGA, ESCOLA PUBLICA, PROTESTO, ATUAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, TRABALHADOR, SEM-TERRA.

UMA SUPERESCOLA DE LUXO EM VEZ DE 10 ESCOLAS, NA CIDADE SEM VAGAS PARA 200 MIL CRIANÇAS. É A RECEITA PETISTA

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Nação está chegando ao fundo do poço: a tensão no campo e nas grandes cidades atinge índices insuportáveis, o clima de insegurança para os investimentos afeta a retomada do crescimento, as bolsas caem, o dólar sobe e o risco Brasil se deteriora.

Só o PT não se dá conta do quadro negativo em que vive o País nem percebe que a popularidade inicialmente conquistada pelo Presidente Lula pode ser perdida se o governo não tiver capacidade de garantir o restabelecimento da ordem jurídica e institucional.

A imprensa brasileira, nesse final de semana, foi incisiva ao alertar o governo diante do grave risco que vai substituindo as esperanças do povo. Na revista Veja, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, deixou a quarentena de silêncio e mostrou, sem alardes, que a luz amarela já está acesa. E mais: o conjunto dos conflitos traz a sensação de que estamos vivendo um momento de definição. O resultado geral é preocupante.

Se não há conivência, há, seguramente, permissividade, tolerância e, não raro, palavras de estímulo do governo petista sempre que vem à tona a grave questão do campo, com as invasões se multiplicando todo dia. O culpado é o governo petista, que segue o caminho do afrouxamento das restrições das normas prescritivas de comportamento social.

São Paulo é o Estado de que mais e mais se alheia o Governo Federal e não é difícil entender o porquê dessa omissão. Eis o que diz, a propósito, um dos maiores jornais brasileiros, O Estado de S.Paulo:

O PT não apenas tem interesse, como o vem demonstrando, em enredar o governador tucano ( Geraldo Alckmim) em um cipoal de situações de tensão social, capazes, por sua própria natureza, de gerarem conseqüências dramáticas, com manifestações de violência e até perdas de vida....Por isso, mais ainda do que criar obstáculos para a administração tucana no Estado - de que foi exemplo a oposição do PT na Assembléia Legislativa a um projeto do Executivo sobre taxação de inativos, que em nada difere do que o governo Lula pretende ver implantado em escala nacional - convém aos petistas combatê-lo pelo lado dos conflitos sociais, forçando uma seqüência de episódios de confrontos públicos diante dos quais, no clima de opinião prevalecente, a autoridade acaba pagando um exorbitante preço político por fazer a coisa certa. É onde entra, ajustando-se como uma luva a esse propósito, o problema da ocupação do terreno em São Bernardo.

            Quem diz isso - repito - não é o PSDB; é o insuspeito e prestigioso jornal brasileiro.

Mergulhado nessa cega obsessão, o PT continua fazendo tudo errado. Não age quando é preciso, e quando age, age praticando equívocos. Não importa ao partido a realidade que o cerca, que é a realidade brasileira. Vou dar um exemplo e, uma vez mais, falo de São Paulo, a cidade.

Desde logo, indagaria a qualquer simples cidadão paulistano qual é o grande problema que as famílias de classe média para baixo enfrentam todo começo de ano escolar? É o problema da falta de vagas, obrigando pais e mães a permanecerem dias e dias em humilhantes filas para conseguir vagas nas escolas para seus filhos, com observa o jornal O Estado de S.Paulo.

O problema é um só e, segundo completa aquele jornal, São Paulo é uma cidade onde 200 mil crianças não têm escolas e outras 50 mil crianças ainda assistem às aulas em escolas de lata.

Pois é nessa mesma cidade de São Paulo que vamos constatar um dos mais gritantes erros do governo petista. A Prefeita local vem de inaugurar, na presença do Presidente Lula, uma superescola de alto luxo, que custou mais de R$15 milhões, com 900 vagas de educação infantil e 1.260 de ensino fundamental.

Agora, vejam o que diz a imprensa: Com esses recursos seria possível construir 10 escolas de alvenaria, cada uma com capacidade para 2 mil alunos. Seriam abertas 20 mil vagas, e não 2.160, com os mesmos R$15 milhões gastos na construção do CEU Jambeiro, este o nome da escola de superluxo que a Prefeita construiu como primeira de uma série de 21 que ainda pretende construir. É a hora em que o paulistano torce para que ela não se reeleja.

Prossigo na leitura do Estadão: quando essas 21 superescolas estiverem prontas abrigarão 28 mil alunos, quando, com o mesmo dinheiro se poderia resolver o angustiante problema da falta de vagas em São Paulo.

Pior ainda foi a afirmativa de Lula, ao inaugurar a superescola da Prefeita petista: essa é uma escola que vai mudar o padrão de educação no Brasil, disse o Presidente.

Rebatendo a fala como sempre empolgada do Presidente, eis como completa o jornal paulista, a propósito desse festival de jogar dinheiro pela janela: As superescolas de alto custo não vão mudar o padrão da educação no Brasil; isso é demagogia perversa, que impede ou retarda a ascensão social de milhares de pessoas.

Erros à parte, que outra coisa não tem feito o governo petista, o mais grave de tudo é que a Prefeita recorreu a remanejamentos orçamentários, para construir o escolão, sacrificando a construção de 56 escolas e creches na capital paulista. O Jornal da Tarde, edição de sexta-feira última, publicou o endereço das dezenas de escolas que não foram feitas para que o novo padrão de educação se instalasse em São Paulo.

Segundo o Estadão, se essas 56 escolas tivessem sido construídas seriam abertas mais de 150 mil vagas na periferia, para que “os filhos dos pobres que devem ter direito de oportunidade de acesso à Educação, como disse o Presidente Lula, efetivamente exercessem esse direito.”

Ao denunciar mais um dos equívocos que vão caracterizando o governo petista, o PSDB tem a certeza de que interpreta a perplexidade da população brasileira, que não se conforma, não deve se conformar nem pode se conformar com atos de menoscabo de governantes que se mostram em permanente desarranjo, parecendo não se aperceber que há uma grande distância entre o Brasil que supõem e o Brasil do dia-a-dia das nossas populações.

É o que estamos presenciando nessa angustiante noite de inverno, na qual pouco se lhes importa que estejam faltando agasalhos para todos. Nem se lhes importa que centenas de escolas paulistanas sejam de lata.

O desbarate de dinheiro público mal começou. A Prefeita está ainda no primeiro de 21 escolões de luxo que projetou para a cidade sem vagas para 200 mil crianças. As filas, noites a fio, por uma matrícula, não conseguem sensibilizar esses governantes, que pensam alto, cometem erros primários, chegando a esse tipo de demagogia perversa, na ingênua suposição de que o povo é tão cego como eles.

Feito esse relato, denunciando a demagogia perversa do governo petista, passo ao explosivo tema das invasões do MST.

Já se disse que esse movimento é político e, segundo editorial de domingo de O Estado de S.Paulo, falsos atrativos têm levado todo tipo de gente para acampar com o MST.

Os dirigentes desse movimento consideram que nunca foi tão fácil como agora arregimentar pessoas para os acampamentos. Como assinala o jornal, eles levam jornais e mostram aos candidatos em potencial - que incluem pedreiros, eletricistas, comerciários, funcionários públicos, cozinheiros, empregadas domésticas etc - declarações do ministro Rosseto de que o governo assentará todos os invasores. Garantem, ainda, que na região (Pontal do Paranapanema) existe, pelo menos, 1 milhão de hectares de terras públicas, que teriam sido griladas pelos fazendeiros no passado e que agora serão desapropriadas.

O Estadão conclui que esses falsos atrativos bem poderiam caracterizar um tipo de estelionato ideológico, que tem provocado a verdadeira corrida aos acampamentos,de pessoas que trabalham e mantêm suas casas nas cidades e apenas dormem nos acampamentos para se credenciar a um lote de terra.

Sobre isso, o economista Eduardo Gianetti, professor das faculdades IBMEC, adverte, em entrevista publicada nesse domingo, que política do afago não vai conter o movimento social; o governo tem de mostrar firmeza no cumprimento da lei, para não perder o controle.

É o que a Nação pacientemente espera.

E era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2003 - Página 22247