O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Sem apanhamento taquigráfico) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a morte de Roberto Marinho, ocorrida no início da noite de ontem, no Rio de Janeiro, alcança e comove a todos nós de maneira indisfarçável.

Há mais de sete décadas, o Brasil começou a conviver com essa personalidade singular, dotada de um especial talento para a comunicação.

Um homem que, pela força de seus inúmeros predicados, proporcionou a várias gerações a descoberta e mesmo a redescoberta da cultura brasileira e, portanto, do próprio Brasil.

Remonta ao final do primeiro quartel do século passado seu ingresso no jornalismo diário, seguindo-se ao falecimento de seu pai, o também jornalista Irineu Marinho, três semanas depois de entregar ao País aquele que se tornaria, nas últimas décadas, um de seus principais veículos de informação - o jornal O Globo.

Por opção, com a humildade dos raros seres abençoados pela verdadeira sabedoria, Roberto Marinho soube trilhar todos os caminhos da comunicação, iniciando-se na profissão em posições modestas - em um gesto de extemporânea maturidade, reconhecendo sua própria inexperiência de jovem -, até galgar um posto central, de referência, na comunicação brasileira dos últimos quarenta anos.

Sem qualquer bairrismo, Senhor Presidente, não hesito em afirmar que esse homem chegou a um lugar de destaque mesmo na comunicação mundial, de vez que, para orgulho de todos os brasileiros, os produtos das Organizações Globo, notadamente da TV Globo, espalharam-se por todos os quadrantes do planeta.

Em uma existência longa e fecunda, e graças, sobretudo, a suas múltiplas habilidades, as iniciativas de Roberto Marinho chegaram virtualmente a todos os campos da atividade humana, como educação e cultura, com a Fundação que leva seu nome, a edição de livros com obras de inegável valor, empreendimentos que se somam a uma vasta coleção de feitos.

Mas foi especialmente na modelagem das Organizações Globo que Roberto Marinho excedeu-se, levando cultura e informação, educação e entretenimento para milhões de brasileiros em toda a extensão do imenso território nacional.

As Organizações Globo, mais do que um mero conglomerado de empresas de comunicação em busca de lucro, mostraram-se, ao longo de sua existência, um complexo empresarial intimamente ligado e comprometido com os destinos dos brasileiros; sinceramente preocupadas com a vida desses milhões de cidadãos.

São incontáveis as promoções de utilidade pública e de cunho eminentemente social realizadas pelos veículos da Globo, em uma obstinada luta para reverter e desagravar o cotidiano dos brasileiros despossuídos, que se beneficiaram e se beneficiam de suas campanhas comunitárias.

A inteligência, a sensibilidade e o tino empresarial de Roberto Marinho, sempre impulsionado por um espírito audaz e inequivocamente inovador, garantiram a esse notável brasileiro a exemplaridade de sua existência.

Amigo de seus amigos, dotado de uma sincera e inexcedível preocupação com o Brasil e sua gente, Roberto Marinho adentra, por honra e mérito, o panteão dos verdadeiros pais-fundadores de um Brasil contemporâneo de si mesmo e perfeitamente à altura de seus desafios e potencialidades.

À dona Lily Marinho, aos filhos Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto, aos demais familiares e a toda essa formidável comunidade de profissionais que integram as Organizações Globo as minhas condolências.

Tenho certeza de que a vida de Roberto Marinho será sempre referência e inspiração para as gerações presentes e futuras de brasileiros que acreditam no Brasil e constroem, na luta cotidiana, um País melhor.

Muito obrigado.