Discurso durante a 93ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações a respeito da matéria "Produtor rural começa reação às invasões de terra em Goiás", publicada no jornal O Popular, edição de 8 do corrente.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • Considerações a respeito da matéria "Produtor rural começa reação às invasões de terra em Goiás", publicada no jornal O Popular, edição de 8 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2003 - Página 23029
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • APREENSÃO, TENSÃO SOCIAL, CAMPO, CIDADE, FALTA, SEGURANÇA, PREJUIZO, ECONOMIA, EMPREGO, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O POPULAR, ESTADO DE GOIAS (GO), MOBILIZAÇÃO, PRODUTOR RURAL, LIDERANÇA, SINDICATO RURAL, ACOMPANHAMENTO, COMBATE, INVASÃO, SEM-TERRA.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por diversas vezes ocupei a Tribuna do Senado para alertar sobre o clima de intranqüilidade no campo, que também se estendeu às cidades. A recorrência das invasões em prédios e terrenos urbanos e rurais, inclusive em área produtiva, não deixa inseguros apenas os que possuem direitos legais sobre esses imóveis, mas afeta todo o País.

Não se trata de condenar os movimentos sociais, indispensáveis para compensar o desequilíbrio de forças políticas. O MST, por exemplo, tem história e participação inegável nos avanços da reforma agrária.

O que não se pode é fechar os olhos ao acirramento das tensões, principalmente no campo, por seu papel na economia, gerando riqueza e empregos.

Goiás que produz 11 milhões de toneladas de grãos e é o terceiro produtor do Brasil, teve 13 fazendas ocupadas pelos sem-terra, só este ano. A Justiça já determinou a reintegração de posse para três delas.

Na ausência de uma postura firme do Estado, diante do crescimento das invasões, os produtores rurais goianos decidiram reagir e criaram o Movimento Paz e Ordem no Campo, como destaca a edição de hoje do jornal O Popular, que passo a ler.

O Popular - 07/8/2003

Produtor rural começa reação às invasões de terra em Goiás

Assustados com as recentes ações do MST, ruralistas fazem agenda de mobilização para barrar ocupações e lançam movimento ordem e paz no campo, com apoio de cem sindicatos

MARÍLIA ASSUNÇÃO

Uma semente da reação dos produtores rurais goianos contra o recente avanço dos sem-terra foi plantada ontem. Os líderes das principais forças que representam o setor - Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Sindicato e Organização das Cooperativas de Goiás e cerca de 100 dos 125 sindicatos rurais filiados à Faeg - decidiram organizar uma agenda de mobilização permanente para acompanhar e barrar a invasão de imóveis rurais.

A base ruralista está irritada e assustada com o avanço dos sem-terra que, da noite para o dia, estão virando seus vizinhos em acampamentos na beira das estradas ou invadindo os imóveis (veja quadro). “Convidamos os produtores para um basta nas invasões, mas os meios serão pacíficos”, declarou o presidente da Faeg, Macel Caixeta. Mas ele comparou a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com a guerrilha colombiana, condenou o “discurso” ideológico e socialista do MST e acusou o Incra de “queimar dinheiro público” com o modelo de assentamento vigente.

Como reflexo dessa “contra-ofensiva”, foi lançado ontem o movimento Ordem e Paz no Campo. Dos 125 sindicatos rurais filiados à Faeg, cerca de 100 registraram participação no evento, encerrado com uma manifestação na Praça do Ratinho, onde flores e panfletos foram entregues à população. O panfleto informava a posição dos produtores contra as invasões, contra a cumplicidade de autoridades com as invasões, contra a violência e destruição de patrimônio alheio.

A insatisfação da classe acabou fazendo explodir algumas declarações apimentadas entre produtores que lotaram o auditório da Faeg (veja frases). Um deles, que já teve imóvel ocupado, leu, exaltado, trecho de reportagem sobre a morte do padre italiano Giorgio Gagliane Caputo, 68, que apoiava os sem-terra da região de Heitoraí, em acidente na terça-feira. “O carro dele invadiu a pista contrária e chocou-se de frente com o caminhão (...) o pároco morreu na hora. Conosco deveria ser assim: invadiu, chocou e morreu”, leu, sob aplausos.

Não duvido das intenções pacíficas dos líderes dos produtores goianos, mas temo que alguns se vejam tentados a “fazer justiça pelas próprias mãos.”

Essas reações da sociedade só confirmam a falta de firmeza e de propostas do governo em relação à reforma agrária. Já se passaram sete meses. Encontram-se agora mobilizadas forças de todo tipo, à espera de atitudes do governo Lula em relação ao Plano Nacional de Reforma Agrária.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2003 - Página 23029