Discurso durante a 93ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações a respeito da matéria "'Espetáculo do crescimento não tem data para começar, diz Palocci", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 22 de julho último.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações a respeito da matéria "'Espetáculo do crescimento não tem data para começar, diz Palocci", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 22 de julho último.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2003 - Página 23023
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), QUESTIONAMENTO, CONTRADIÇÃO, MEMBROS, GOVERNO FEDERAL, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO, INERCIA, GOVERNO.

O “ESPETÁCULO” É DE INÉRCIA ADMINISTRATIVA

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Sem apanhamento taquigráfico) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Nação ouviu, mas não viu, o prometido Espetáculo do Crescimento, a menos que ele seja isso aí, isto é, o Espetáculo da Inércia com que o Governo vai marcando sua passagem pela administração do País.

Entremeado com a inanição, os próprios membros do atual Governo se digladiam uns com os outros e acabam colocando em posição de constrangimento o próprio Presidente Lula.

Foi ele quem lançou essa frase, num de seus destemperos verbais, sob a luz de holofotes da televisão. Prometeu o Espetáculo do Crescimento e, depois, seus Ministros correram atrás do prejuízo, como anteontem aconteceu com o Ministro Palocci, da Fazenda, que acabou criando um outro estereótipo: Não se pode esperar mágicas.

Aí está. Nessa bateção de cabeça, o Ministro leva o Presidente à condição de mágico. É provável que o aprendiz do mágico tenha mais razão. Afinal, a crise atual em que o País mergulhou torna difíceis quaisquer previsões.

A esse propósito, leio, para que conste dos Anais do Senado, a matéria publicada na edição de 22 de julho de O Estado de São Paulo, com o título “Espetáculo do crescimento não tem data para começar”, diz Palocci. Eis a sua íntegra:

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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“Espetáculo do crescimento' não tem data para começar”, diz Palocci.

Lula havia prometido estréia para este mês e expressão vira alvo de críticas da oposição

            CARLOS FRANCO

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou ontem que "o espetáculo do crescimento" não tem data marcada para acontecer. "Crescimento não tem ato inaugural, data marcada. É marcado por um início de processo em que as condições fundamentais para impedir a explosão inflacionária podem se colocar de maneira mais amena, hoje. O Copom, no mês passado, começou a reduzir juros. Se a inflação continuar caindo esse movimento pode continuar", disse ao ministro em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo.

Na sexta-feira, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Palocci já havia moderado as previsões, num recado direto aos metalúrgicos: "Não se pode esperar mágicas possíveis no setor automotivo" e emendou: "Não adianta produzir mais carros se as pessoas estão sem dinheiro para comprar". Naquele momento, Palocci já havia sido comunicado pela direção da Volkswagen do plano que irá cortar 3.933 vagas das 24.800 que a montadora mantém no País.

A expressão 'espetáculo do crescimento' foi usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 26 do mês passado, no mesmo auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço do PT e da sua trajetória sindical.

Naquele dia, Lula havia prometido a uma platéia de mais de 350 participantes da solenidade de abertura do Congresso dos Metalúrgicos do ABC que tal espetáculo começaria este mês. "Outro dia eu disse num debate que mês de julho seria o mês do espetáculo de crescimento. Estou convencido de que esse mês é o mês a gente vai começar a fazer a curva que deveríamos fazer", afirmou o presidente.

O problema é que a espera está colocando em xeque a expressão que Lula gostaria de ver materializada no seu primeiro ano de governo. Na semana passada, por exemplo, funcionários da Philips dependuraram faixa onde se lia: "Começou o espetáculo das demissões".

A oposição, especialmente o PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não perdeu tempo e atacou na quinta-feira o governo petista ao lançar o documento "O espetáculo da recessão já começou". Nele, extrapolam adjetivos na avaliação dos seis meses do governo petista, tais como "a reforma da Previdência é equivocada", "a tributária é acanhada" e o "espetáculo do crescimento anunciado por Lula trata-se apenas de mais uma das vãs promessas do PT (ou das bravatas do presidente)."

O documento, divulgado pela presidência do partido tucano não é assinado por nenhuma de suas estrelas, mas o líder do PSDB no Senado Arthur Virgílio Neto não se recusou a respaldá-lo.

O problema é que, agora, as críticas pela demora na estréia do 'espetáculo do crescimento' começam a ecoar no berço do PT e da vida pública de Lula.

Afinal, mesmo que a Volkswagen ajude 3.933 empregados a encontrar novo emprego, são 3.933 vagas que deixaram de existir.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2003 - Página 23023