Discurso durante a 94ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Centenário da chegada dos padres Barnabitas ao Brasil.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Centenário da chegada dos padres Barnabitas ao Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2003 - Página 23103
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, TRADIÇÃO, CERIMONIA RELIGIOSA, IGREJA CATOLICA, ESTADO DO PARA (PA).
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, CHEGADA, BRASIL, ORDEM, SACERDOTE, REGISTRO, OCORRENCIA, COMEMORAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), ELOGIO, ATUAÇÃO, MEMBROS.

O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 8 de setembro de 1793, uma quarta-feira, o Presidente da Província do Pará, Capitão-Mor Dom Francisco de Souza Coutinho, fidalgo português, organizou o Primeiro Círio de Nazaré, pagando uma promessa por ter se recuperado de uma enfermidade.

É longa a história que vem de 1793 até os dias atuais, quando a Procissão do Círio de Nazaré se transformou num acontecimento religioso monumental, de confirmação da devoção e da fé cristã de mais de um milhão de devotos de Nossa Senhora de Nazaré, de todo o Brasil, que se reúnem em Belém para orar e agradecer a proteção da Padroeira.

O primeiro centro de devoção, uma pequena palhoça construída em 1700 pelo caboclo Plácido, transformou-se, posteriormente, numa capela pela ação de Dom Bartolomeu do Pilar, primeiro bispo do Pará.

Em 11 de outubro de 1861 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro.

Sr. Presidente, desejo fazer uma homenagem especial à família de religiosos Clérigos Regulares de São Paulo, os conhecidos padres Barnabitas, cujos primeiros representantes chegaram ao Estado do Pará no dia 21 de agosto de 1903.

A comemoração do centenário da chegada dos padres Barnabitas ao Brasil é uma data muito especial e significativa para a cidade de Belém e para o Estado do Pará.

O trabalho, a dedicação, o zelo religioso dos padres Barnabitas, que construíram não apenas um dos mais belos monumentos representativos da fé religiosa, a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré (reprodução em escala menor da Basílica de São Paulo, em Roma), mas contribuíram firmemente para fortalecer e enriquecer a fé e o sentimento religioso de nosso povo, são dignos de nota.

Nada mais justo e merecido, portanto, do que a homenagem que o povo do meu Estado do Pará presta aos Clérigos Regulares de São Paulo, os padres Barnabitas, construtores da nossa Basílica e grandes incentivadores e responsáveis, pela realização do Círio de Nazaré, há faz um século.

De 17 a 24 de agosto, teremos a Semana Comemorativa do centenário da chegada dos Barnabitas ao Brasil, evento que contará com a participação do Superior-Geral da Ordem, que virá da Itália para a cidade de Belém.

No dia 21 de agosto, a Assembléia Legislativa do Pará realizará uma Sessão Especial, comemorativa do centenário, lembrando o trabalho realizado pelos Barnabitas em muitos Municípios do Estado do Pará.

No dia 22 de agosto, a Câmara Municipal de Belém também fará realizar uma Sessão Especial, enaltecendo o trabalho dos religiosos que se iniciou no antigo Seminário da Capital (Igreja de Santo Alexandre) e continua até hoje com grande dedicação e zelo apostólico.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, podemos perguntar-nos: de onde vem essa força, esse mistério, que leva inúmeros jovens, verdadeiros Cidadãos do Infinito, a deixar pátria, pai, mãe, irmãos, parentes, amigos, riquezas e facilidades de países mais desenvolvidos, para servir com fé e dedicação ao povo pobre do Pará, do Brasil e do mundo?

Como explicar a missão e o carisma dessa Ordem Religiosa, que hoje está no Pará, em Brasília, em Belo Horizonte, em São Paulo, no Rio de Janeiro, e em 15 países: Albânia, Argentina, Afeganistão, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Congo, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Itália, Polônia e Ruanda?

Certamente, não existe uma explicação do ponto de vista meramente humano, de racionalidade econômica ou de algum interesse material.

Podemos dizer que, na origem dos padres Barnabitas atua a força de Deus, por meio de um homem que soube superar o egoísmo e as fraquezas da natureza humana.

Para que essa missão de evangelização e prática da verdadeira caridade cristã possa realizar-se, a pedra angular da família Barnabita se encontra na força de um Santo: ANTONIO MARIA ZACCARIA, médico e sacerdote, nascido em Cremona, na Itália, em 1502 e morto, com apenas 36 anos, em 1539.

ANTONIO MARIA ZACCARIA muito cedo já aceitara o chamado de Deus para realizar um trabalho especial de amor ao próximo.

Renunciou aos bens paternos, estudou filosofia em Pavia e medicina em Pádua. Aos 22 anos, tornou-se médico dos pobres, cuidando do corpo e das almas. Aos 26 anos, foi ordenado sacerdote e fundou a Congregação de São Paulo, junto à Igreja de São Barnabé, daí a denominação de Barnabitas.

ANTONIO MARIA ZACCARIA viveu em tempos difíceis; em tempos, como os de hoje, de grande contestação da fé religiosa; no tempo da Renascença, em que o humanismo rejeitava a cultura cristã.

ANTONIO MARIA ZACCARIA tinha como Mestre o Apóstolo Paulo, em quem se apoiava para combater a influência do paganismo sobre os cristãos.

Assim como São Paulo, ANTONIO MARIA ZACCARIA repetia a seus religiosos: “Sede meus imitadores, como eu fui de Cristo”.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a presença dos padres Barnabitas no Brasil e, particularmente, no Estado do Pará, representa uma grande bênção de Deus para nosso povo, principalmente neste momento grave da humanidade, em que falsos profetas, utilizando fábulas e doutrinas vãs, tentam desviar nosso povo de sua verdadeira fé e compromisso cristão.

Desejo parabenizar todos os membros da família Barnabita, pelo trabalho de um século em benefício da educação e da fé do nosso povo, e apresentar os melhores votos de um trabalho cada vez mais profícuo, constante e dedicado, como “plantas e colunas da renovação do fervor cristão”, no dizer do próprio SANTO ANTONIO MARIA ZACCARIA.

Muito obrigado, Sr. Presidente, era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2003 - Página 23103