Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Declínio da economia brasileira, conforme matéria publicada no Jornal do Brasil, edição de hoje, intitulada "Indústria de São Paulo demite pelo quarto mês".

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Declínio da economia brasileira, conforme matéria publicada no Jornal do Brasil, edição de hoje, intitulada "Indústria de São Paulo demite pelo quarto mês".
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/2003 - Página 23385
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SOLUÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL.
  • LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, REDUÇÃO, NIVEL, EMPREGO, INDUSTRIA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

ECONOMIA EM DECLÍNIO

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o governo petista do Presidente Lula anuncia que espera dar uma acelerada nos programas e obras que constam do Plano Plurianual - PPA. É a forma escolhida, espero que não seja tarde para segurar um pouco o declínio da economia brasileira.

Cansei de fazer advertências ao governo, aqui desta tribuna, mas o governo parecia nem estar aí, fazendo ouvidos moucos também a todo o clamor da sociedade brasileira.

Só não vê a gravidade da situação da economia brasileira quem não quer ver. Basta ler os jornais para ficar em sintonia com o que o povo fala e clama nas ruas. O povo fala, o governo finge não ouvir e até vinha preferindo curtir as delícias e as benesses do poder.

Primeiro, cuidou de ajeitar o campinho de futebol da Granja do Torno, arrumou a churrasqueira e tratou de pedir a renovação do enxoval do Palácio da Alvorada, com direito a copos de cristal, lençóis com bordado inglês e uma fartura de fazer inveja para abastecer a despensa do poder, de bombons sonho-de-valsa a bebidas para ninguém botar defeito.

Em diversas oportunidades, mostrei que um dos caminhos seria a redução das taxas básicas de juros. O vice-Presidente José Alencar fez o mesmo, abrindo um berreiro do tamanho da boca do trombone.

Enquanto isso, de São Paulo, do Sul, do Sudeste, do Nordeste e do Norte, não faltam advertências. O comércio a desfalecer, a indústria demitindo e o desemprego aumentando. Seria necessário um quadro mais tenebroso?

Ainda hoje, conforme publica o Jornal do Brasil, as informações continuam negativas. “A indústria de São Paulo demite pelo quarto mês”.

Diz a nota que o nível de emprego no setor industrial de São Paulo completou em junho o quarto mês seguido de queda. Acrescenta o jornal, com base em informações da FIESP, que a indústria só voltará a contratar em setembro e outubro. E aduz: “Não há momento mais propício para uma redução substancial dos juros do que agora, quando as empresas colocam muitas mercadorias nas lojas”. Segundo explica o noticiário, para a diretora Clarice Messer, da FIESP, a redução dos juros funcionaria como um desacelerador da recuperação de empregos.

Leio, a seguir, para que conste dos Anais do Senado, como parte integrante deste pronunciamento, a notícia do jornal carioca:

Indústria de São Paulo demite pelo quarto mês

Fiesp pede isonomia na redução do IPI e queda mais forte dos juros

SÃO PAULO - O nível de emprego no setor industrial de São Paulo completou em julho o quarto mês seguido de queda. E segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), responsável pelo levantamento, a indústria só voltará a contratar entre setembro e outubro. Na avaliação da entidade, os dados de julho carregam um alento: houve uma diminuição no ritmo das demissões. No mês passado, foram fechados 1.213 postos, o que significa variação negativa de 0,08%. Em junho, o número de postos fechados no Estado chegara a 4.564 (variação negativa de 0,30%).

O resultado também é melhor na comparação com o de julho de 2002, quando o recuo chegou a 0,52%. Como tem sido praxe nos últimos meses, em julho apenas setores ligados, direta ou indiretamente, às exportações e à agricultura sobressaíram na criação de postos. No setor de congelados, o nível de emprego aumentou 16,18%, favorecido pelo envio da safra de laranja para as indústrias exportadoras. Já no setor automotivo, houve recuo de 0,13%.

A Fiesp cobrou do governo cortes mais ousados da taxa básica de juros e a extensão da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados a outras cadeias produtivas, além do setor automotivo.

- Funcionaria como um acelerador da recuperação de empregos - defendeu a diretora da Fiesp Clarice Messer.

Para a federação, a desaceleração das demissões ocorreu justamente graças aos ajustes (desova) dos estoques. Para a entidade, a atuação governamental deveria ocorrer em três vertentes: política monetária (juros), estímulo à confiança entre investidores (via aprovação das reformas) e subsídios à indústria, como o IPI menor e a desoneração de investimentos.

- Não há momento mais propício para uma redução substancial dos juros que agora - defendeu a diretora. - Com as empresas ofertando muita mercadoria no mercado, o tal risco de inflação de demanda fica muito reduzido.

A diretora da Fiesp referia-se aos argumentos do Banco Central, para a política de reduções graduais dos juros, de que um aquecimento rápido da economia pode provocar escassez de produtos e estimular reajustes. Clarice sustentou que, mesmo sem a atuação do governo, a retomada nas contratações virá no próximo mês, por conta de fatores sazonais (proximidade do Natal).

Mas não significa que o governo não possa fazer nada. Há um custo que está sendo carregado pela indústria, seja em menores investimentos, em empregos e diminuição da margem de lucros.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/2003 - Página 23385