Pronunciamento de Renan Calheiros em 14/08/2003
Discurso durante a 97ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Divulgação dos resultados dos estudos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe - CEPAL sobre a estagnação sócio-econômica da América Latina.
- Autor
- Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
- Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ECONOMIA INTERNACIONAL.
ECONOMIA NACIONAL.
REFORMA TRIBUTARIA.:
- Divulgação dos resultados dos estudos da Comissão Econômica para América Latina e Caribe - CEPAL sobre a estagnação sócio-econômica da América Latina.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/08/2003 - Página 23698
- Assunto
- Outros > ECONOMIA INTERNACIONAL. ECONOMIA NACIONAL. REFORMA TRIBUTARIA.
- Indexação
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- COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, ESTUDO, AUTORIA, COMISSÃO ECONOMICA PARA A AMERICA LATINA (CEPAL), SITUAÇÃO, ECONOMIA, AMERICA LATINA, COMPROVAÇÃO, INFERIORIDADE, INDICE, CRESCIMENTO ECONOMICO, COMPARAÇÃO, SUPERIORIDADE, CRESCIMENTO DEMOGRAFICO, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, AMERICA DO SUL, AMERICA CENTRAL.
- COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), OCORRENCIA, RECESSÃO, INDUSTRIA NACIONAL, BRASIL.
- APREENSÃO, SITUAÇÃO, INADIMPLENCIA, INSOLVENCIA, MUNICIPIOS, BRASIL, NECESSIDADE, AGILIZAÇÃO, VOTAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, CONGRESSO NACIONAL.
DESENVOLVIMENTO DA AMÁRICA LATINA (CEPAL)
O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe divulgou estudo, na semana passada, constatando que a economia da região cresceu, em média, 1% ao ano, para uma expansão demográfica média de 1,5%, no período de 1997 a 2002. A conclusão do estudo é no sentido de que os últimos seis anos foram perdidos no que se refere a desenvolvimento socioeconômico para a América Latina.
Ainda de acordo com o estudo da CEPAL - organismo que completou 55 anos de contribuição com o desenvolvimento econômico da América Latina - o Produto Interno Bruto da região recuou 1,45%. Para aquelas pessoas que estão em casa assistindo à TV Senado ou ouvindo a Rádio Senado, PIB é a soma de bens e serviços produzidos durante um determinado período, dividido pelos habitantes de um País, estado ou cidade.
O que se compreende do trabalho da CEPAL é que praticamente teremos mais uma década difícil pela frente. E, se não engendrarmos grandes esforços, a América Latina irá na direção de mais um período de estagnação, com reflexos diretos na área social.
É fato que os governos da América Latina não podem ser totalmente responsabilizados por essa estagnação, embora alguns tenham adotado modelos econômicos equivocados. As crises da Ásia, Rússia, Argentina e a nossa de 1999 são também responsáveis diretas por este quadro. O economista da CEPAL, Alejandro Ramos, bem explicou a situação, quando declarou à Folha de S.Paulo que “as crises internacionais reduziram drasticamente os investimentos para a América Latina”, inibindo o desenvolvimento da Região.
No referido estudo, a CEPAL nos apresenta ainda duas notícias: uma boa e outra ruim. A boa é que a projeção para o crescimento da região este ano de 1,5% é superior à queda de 0,6% verificada no ano passado. A ruim é que essa expansão de 1,5% está aquém dos 2,1% estimados há seis meses. Para o Brasil - diz a CEPAL - o crescimento será de no máximo 1,5%. Motivo: desaceleração da economia mundial e queda no fluxo de investimentos. Esse diagnóstico vem refletido diretamente nos indicadores da indústria nacional, que é o carro-chefe da nossa economia. Segundo o IBGE, em estudo também divulgado na semana passada, a indústria nacional está em plena recessão. Em junho de 2003, a produção industrial brasileira caiu 2,6% na comparação com o mês anterior, descontadas as influências sazonais.
No confronto com junho do ano passado - confirma o IBGE - também houve queda, menos 2,1%. No índice de base fixa com ajuste sazonal, a produção do mês de junho atingiu o patamar mais baixo desde dezembro de 2001. No primeiro semestre de 2003, a atividade fabril mostrou estabilidade, com variação de 0,1% em relação a igual período de 2002. O crescimento praticamente nulo se deve à trajetória de queda apresentada desde abril. Apesar de a produção ter crescido 2,5% no primeiro trimestre deste ano, frente a igual período de 2002, ela caiu 2,1% no segundo trimestre, no mesmo tipo de comparação.
Mais um dado preocupante da pesquisa da CEPAL mostra que, no ano passado, os investimentos internacionais na região foram de US$ 39 bilhões. Para este ano, a expectativa é de US$ 30 bilhões, o que representa uma queda de 23%.
Este é um quadro que precisa ser enfrentado com muita coragem. Não é o caso de se considerar como verdade absoluta a frase do ex-presidente americano Richard Nixon que afirmou: “para onde for o Brasil vai a América Latina”. Mas é verdade que, por sua dimensão continental e potencial econômico, o Brasil terá sempre influência direta no desenvolvimento da Região.
Vivemos um semestre de muitas dificuldades. A previsão de crescimento este ano na faixa de 1,5% do PIB é muito tímida. As medidas para nos tirar dessa recessão e nos livrar do remédio amargo já passam da hora. É um momento de muita preocupação. O País enfrenta uma crise social das mais sérias. Estamos votando as reformas. Mas há outras medidas a serem adotadas. Precisamos olhar para os municípios. Tratei do tema aqui desta Tribuna, na semana passada.
Reitero que tenho sido procurado por prefeitos e vereadores de todo o País, que trazem narrativas dramáticas do quadro no interior, principalmente nas pequenas e médias cidades. A redução do Fundo de Participação dos Municípios significa inibir os investimentos das prefeituras. Os municípios não podem ficar abandonados à própria sorte. Por isso, fizemos, nesta semana, a primeira reunião de trabalho da Frente Parlamentar Pró-Municípios, que está sendo presidida pelo Senador Ney Suassuna. Mas temos de ir mais longe. Precisamos acelerar as reformas, sobretudo a tributária, focando a interação entre os entes federados. Afinal, o Senado Federal, a Casa da Federação, tem essa responsabilidade constitucional.
Creio que temos todas as condições para que se comece a oferecer um ambiente favorável para a retomada do crescimento econômico, da geração de emprego e renda e da justiça social.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado!