Discurso durante a 99ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Desempenho do agronegócio no Brasil.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Desempenho do agronegócio no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2003 - Página 24010
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, EXPANSÃO, PRODUÇÃO AGROPECUARIA, BRASIL, RESULTADO, INVESTIMENTO, TECNOLOGIA, DESENVOLVIMENTO, ATIVIDADE AGROPECUARIA, CONTRIBUIÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • LEITURA, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), IMPORTANCIA, EFEITO, MULTIPLICAÇÃO, CRESCIMENTO, ATIVIDADE AGROPECUARIA, ESPECIFICAÇÃO, FAVORECIMENTO, CRESCIMENTO ECONOMICO, INTERIOR, BRASIL, AMPLIAÇÃO, ATIVIDADE, LUCRO, AREA, INCORPORAÇÃO, AGROPECUARIA, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, INSTALAÇÃO, FABRICA, EQUIPAMENTO AGRICOLA, PAIS.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, REFORÇO, POLITICA AGRICOLA, NECESSIDADE, GARANTIA, PAZ, CAMPO, EFETIVAÇÃO, REFORMA AGRARIA, RESPEITO, LEGISLAÇÃO.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sras e Srs. Senadores, quero enfocar, neste meu pronunciamento, não apenas a atual pujança do agronegócio brasileiro, mas, particularmente, seu destacado papel em estimular o surgimento e o crescimento de outras atividades econômicas.

Julgo importante enfatizar o excepcional desempenho da agricultura e da pecuária em nosso País, já há algum tempo incontestável. Por mais que o quadro geral de nossa economia venha mostrando sinais de retração, o setor agropecuário mantém-se ativo e dinâmico, apresentando sucessivos índices de crescimento, que chegam com freqüência a surpreender. Tal crescimento deve ser tributado, antes de tudo, ao aumento da produtividade, vinculado, por sua vez, à utilização de novas e melhores tecnologias, seja no plantio, seja na pecuária cada vez mais intensiva.

No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE, a produção agropecuária apresentou um expressivo crescimento de 4,51%, enquanto o Produto Interno Bruto brasileiro aumentou apenas em 0,14%. Em 2001, essa diferença foi praticamente a mesma: enquanto o PIB crescia 1,42%, a agricultura e a pecuária alcançavam o índice de 5,71%.

As notáveis conquistas recentes da agropecuária não estão trazendo retorno apenas para os produtores rurais. Em primeiro lugar, devemos nos referir a um conceito mais amplo do que agropecuária, o de agronegócio, que abrange, além do plantio e da criação, o conjunto dos estabelecimentos que utilizam matéria-prima de origem vegetal ou animal para transformá-los em produtos mais elaborados.

Não há dúvida de que devemos juntar à nossa vocação agrícola e pecuarista a preocupação de agregar valor aos seus produtos, estimulando o desenvolvimento industrial e trazendo mais divisas para o País.

Sr. Presidente, grande tem sido a contribuição do agronegócio para ajudar a economia brasileira a enfrentar as dificuldades que se lhe antepuseram em tempos recentes. A produção agropecuária e agroindustrial vem se mostrando particularmente importante para melhorarmos a situação de nossa balança de pagamentos, sendo responsável, ultimamente, por mais de 40% das exportações, o que nos possibilitou obter um expressivo superávit em 2002. A situação é ainda mais favorável no corrente ano, com um superávit na balança comercial do agronegócio, nos sete primeiros meses, de US$13,5 bilhões de dólares, 40,3% superior ao do mesmo período do ano passado.

Não é à toa que uma onda de confiança e otimismo espalha-se tanto pelas empresas de agronegócio como por outras que integram sua cadeia produtiva. Chegam-nos notícias relativas a consideráveis investimentos em projetos voltados para a produção de equipamentos e insumos utilizados no setor do agronegócio. Um grupo vai investir R$30 milhões na transferência de uma fábrica de colheitadeiras de cana-de-açúcar da Austrália para Piracicaba, em São Paulo. Outro grupo de origem estrangeira está elevando a capacidade de produção de uma fábrica de tratores em Canoas, no Rio Grande do Sul, de 80 para 120 unidades diárias, para o quê será transferida parte dos equipamentos de uma fábrica na Inglaterra. Um grupo brasileiro, por sua vez, está construindo uma nova fábrica de silos e estruturas de terminais portuários em Campo Grande (MS), com um investimento de R$105 milhões.

Todas essas notícias são recentes, selecionadas dentre as que constam de um artigo da Gazeta Mercantil, de 28 de julho do corrente ano. Esse artigo assegura-nos, entretanto, que “os efeitos multiplicadores do agronegócio não param por aí”.

O dinamismo que passa a atingir as atividades econômicas, tanto na área rural como nas cidades de pequeno e médio porte do País, em razão do crescimento das atividades agropecuárias e do se efeito multiplicador, é difícil de mensurar.

Quero citar, Sr. Presidente, todo um parágrafo do referido artigo da Gazeta Mercantil, que bem expressa esse aquecimento induzido pelo agronegócio em áreas do interior do País, que têm permanecido à margem do desenvolvimento econômico verificado nos centros tradicionais.

A expansão da produção e a contínua ampliação das áreas incorporadas às atividades agropecuárias ampliam a demanda interna e atraem investimentos em infra-estrutura e criam um vasto leque de oportunidades não só para as indústrias com interesse direto no agronegócio. O setor de serviços é um dos que mais se têm beneficiado com o surgimento de novos núcleos urbanos e o crescimento das cidades interioranas. A demanda por escolas, serviços médicos e de alimentação, de engenharia e outros estimula profissionais das mais variadas atividades a deixar os grandes centros em busca dessas oportunidades.

Verificamos, assim, Srªs e Srs. Senadores, o poderoso efeito multiplicador de um setor produtivo levado a sério, encarado com profissionalismo e com uma mistura bem dosada de precaução e ousadia. Apesar de o apoio governamental ter-se mostrado, por tantas vezes, insuficiente, o dinamismo do setor agropecuário foi capaz de superar obstáculos e criar amplo círculo virtuoso.

Com esse processo, que incorpora ao desenvolvimento vastas áreas que permaneciam quase inertes, tendo em vista todo o seu potencial, vislumbramos - para usar outra vez as palavras do jornalista da Gazeta Mercantil - o “possível início de novo ciclo de desenvolvimento”.

É inconteste, Sr. Presidente, que os Governos da União e dos Estados devem não só ficar atentos ao dinamismo econômico produzido pelas atividades agropecuárias, mas procurar reforçá-lo e induzi-lo; buscar, inclusive, antecipar-se a ele por meio de planejamento estratégico, de políticas concatenadas e pensadas para médio e longo prazo. Já não cabe, no mundo contemporâneo, considerarmos as atividades econômicas de modo isolado e estanque. É preciso pensá-las conjugadamente, como um processo em que diferentes empresas e setores podem e devem somar-se, complementar-se, estimular-se mutuamente.

Por outro lado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, percebemos, mais uma vez, o papel decisivo que o agronegócio desempenha na economia de nosso País. É uma missão e um dever do Governo Federal e dos Governos Estaduais garantir a paz e a segurança no campo, realizando uma reforma agrária ordenada e pacífica, que dê terra para quem quer trabalhar, sem prejudicar o bom andamento daqueles que já estão trabalhando a terra com excelentes resultados.

Concluo, Sr. Presidente, ressaltando que o agronegócio deve ser reconhecido como vetor privilegiado para impulsionar o crescimento da economia brasileira, pelo qual anseia toda a sociedade do nosso País.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2003 - Página 24010