Discurso durante a 100ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento, hoje, do embaixador brasileiro Sérgio Vieira de Melllo, vítima de ataque terrorista ao prédio da ONU em Bagdá, Iraque. (como Lider)

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Pesar pelo falecimento, hoje, do embaixador brasileiro Sérgio Vieira de Melllo, vítima de ataque terrorista ao prédio da ONU em Bagdá, Iraque. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 20/08/2003 - Página 24262
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SERGIO VIEIRA DE MELLO, DIPLOMATA, CHEFE, MISSÃO OFICIAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DEFESA, PAZ, PAIS ESTRANGEIRO, IRAQUE, VITIMA, ATENTADO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, SERGIO VIEIRA DE MELLO, DIPLOMATA, DEFESA, PAZ, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, CRITICA, VIOLENCIA, ATENTADO, DESAPROVAÇÃO, GUERRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), IRAQUE.
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), INSERÇÃO, VOTO DE PESAR, ATA, SENADO, ITAMARATI (MRE), FAMILIA, PERSONAGEM ILUSTRE, VITIMA, VIOLENCIA.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo inteiro foi tomado de surpresa no dia de hoje, às 9h45min, horário de Brasília, com um grave atentado à sede da ONU no Iraque. Desde os primeiros momentos, recebemos as informações de que o diplomata brasileiro, chefe da missão da ONU na cidade de Bagdá, o grande Embaixador Sérgio Vieira de Mello tinha sido atingido e estava gravemente ferido.

Acompanhamos as notícias desde aquele instante, Sr. Presidente, com profunda preocupação por parte do povo brasileiro e, mais do que isso, de todos os países que integram a ONU e que sabem da importância daquela instituição principalmente neste momento pós-guerra no Iraque.

O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe das missões das Nações Unidas no Iraque, não resistiu ao atentado com um caminhão-bomba na sede da ONU e faleceu. A informação foi confirmada por volta de 14h20min, portanto, há poucos minutos. Ele estava há mais de quatro horas preso nos escombros da sede da ONU.

Sérgio Vieira de Mello tinha 55 anos de idade. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Foi nomeado por Kofi Annan, Secretário-Geral da ONU, para representante do órgão no Iraque com a missão de participar da reconstrução daquele país no pós-guerra. Chegou a Bagdá no começo de junho para uma missão de quatro meses. “Acho que o primeiro desafio é o problema da insegurança, principalmente nos centros urbanos, a começar por Bagdá”, afirmou o diplomata ao chegar ao Iraque. Mello havia comandado o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da Organização, chefiado a missão de independência do Timor Leste de 1999 a 2002, sido Chefe Interino das Missões das Nações Unidas em Kosovo em 1999 e Sub-Secretário para Assuntos Humanitários dessa entidade internacional. Começou sua carreira na ONU em 1969 e dedicou-se principalmente ao Alto Comissariado para Refugiados em Genebra. Tinha doutorado em Filosofia e Ciências Sociais pela Universidade de Sourbonne em Paris.

Pelo fato de a ONU, num marco histórico e inédito, ter se posicionado contrariamente à autorização para que os Estados Unidos da América do Norte invadisse o Iraque, para que todos os esforços fossem envidados para os caminhos da paz, restou-lhe, após efetivada a guerra, escolher um dos seus melhores, um dos mais preparados homens da diplomacia internacional, depois do êxito das suas missões em Kosovo e no Timor Leste, para a missão naquele país. 

Se para a ONU é perda irreparável, para o Brasil é dor profunda, sentimento enorme de pesar que nós, aqui do Senado, dividimos, neste momento, com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o Ministério das Relações Exteriores, com a diplomacia brasileira e internacional.

Em nome do PSDB, e tenho certeza de que em nome de todos os integrantes desta Casa, deixo com a diplomacia internacional, com a diplomacia brasileira, com o nosso povo, os nossos sentimento. Estendo a nossa solidariedade à família do grande diplomata Sérgio Vieira de Mello, que, muito jovem, aos 55 anos, foi vítima deste momento de incompreensão, deste momento difícil para a diplomacia internacional. E aconteceu exatamente ali, onde ele envidava todos os seus esforços, com o conhecimento e o reconhecimento que tinha da ONU, para chefiar a missão tão importante de buscar o melhor caminho para o povo iraquiano no pós-guerra.

Não se sabe, Sr. Presidente, a origem do atentado, mas é sabido que foi covarde, profundamente injusto para com o papel da ONU no episódio específico do Iraque e mais ainda com o povo brasileiro, que foi um dos primeiros a levantar a sua voz para pedir a paz e lutar pela paz.

Assim fez o Presidente da República no primeiro pronunciamento em que teve oportunidade, logo após anunciada a intenção de intervenção no Iraque, posicionando-se de forma muito firme em favor da paz.

Com esse sentimento de pesar, o PSDB submete à Mesa, juntamente, tenho certeza, com as demais lideranças, um requerimento de inserção em Ata de votos de pesar ao Ministério das Relações Exteriores, à ONU, aos familiares do Embaixador e ao povo brasileiro.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/08/2003 - Página 24262