Discurso durante a 101ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta ao Senador Tião Viana sobre crítica ao governo. (Como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Resposta ao Senador Tião Viana sobre crítica ao governo. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2003 - Página 24483
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • RESPOSTA, ACUSAÇÃO, TIÃO VIANA, ATUAÇÃO, ORADOR, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, DIFAMAÇÃO, AUTORIDADE, COMPROVAÇÃO, EXISTENCIA, CONTA-CORRENTE, PAIS ESTRANGEIRO, SUSPEIÇÃO, ILEGITIMIDADE.
  • CRITICA, POLITICA PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), OCULTAÇÃO, CORRUPÇÃO, PREFEITURA, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou direto ao assunto e à pessoa, vou referir-me ao Líder Aloizio Mercadante. S. Exª que tem posição econômica oposta à linha praticada pelo Ministro Palocci fala que a taxa de juros cai de maneira sustentada, e digo que ela cai de maneira tardia. S. Exª sabe, melhor do que ninguém, que nada impede que um abalo sísmico da economia mundial obrigue o Governo a, daqui a pouco, aumentar taxas básicas de juros. Portanto, essa promessa poderá angariar complicações políticas para um Governo que se esmera em errar na técnica.

S. Exª fala da agricultura com orgulho, como se as coisas tivessem sido plantadas e colhidas neste Governo. Isso é uma inverdade! Daqui a pouco, S. Exª vai dizer que o Brasil preparou atletas para o Pan-Americano em oito meses. Seria outra grosseira inverdade.

S. Exª fala na exportação. A exportação se deve à grande produtividade obtida nos oito anos passados e ao brutal arrocho econômico imposto ao consumidor brasileiro. Essa é outra faceta do saldo exportador que aí está.

S. Exª fala em 18 bilhões de déficit nas transações correntes, quando sabe muito bem que terminou em 6 bilhões o déficit das transações correntes do governo Fernando Henrique. E é louvável que hoje tenhamos superávit. Esse é um dado bom para pensarmos em economia futura.

S. Exª diz que o Governo do PT não tem engavetador e, com isso, insulta um homem que reputo íntegro, o Dr. Geraldo Brindeiro. Se engavetador fosse, o Dr. Geraldo Brindeiro teria engavetado cerca de 10 ações ou mais do Ministro da Fazenda, Antônio Palocci, nos últimos momentos.

O Presidente Lula, na revista Veja, naquela entrevista generosíssima, naquele carnaval fora de época, não comemorava 6 meses, nem 100 dias, tampouco 1 ano. Nunca vi alguém celebrar 8 meses. Isso é sinal de fraqueza demonstrado pelo Governo. Mas disse o Presidente Lula, com muita honestidade, que remarcadores vorazes de preço achavam que o Governo de Sua Excelência seria um Governo tresloucado e, por isso, geraram aquele movimento inflacionário despropositado. Sua Excelência mesmo desmentiu o jargão, levianamente propalado por lideranças parlamentares suas, quanto à tal herança maldita, quanto a terem recebido o País desorganizado. Ao contrário, a desconfiança que Lula impunha aos mercados desorganizou o final do governo Fernando Henrique. Por isso, sim, pagou-se um preço grande, pelo chamado risco Lula.

Direi algo, porque hoje sou uma pessoa extremamente cordata, cordial no trato, afetuoso em relação aos meus Colegas, mas não adianta. Hoje, o melhor negócio que fazem é me enfrentar de maneira até mais rude porque não há nada que me faça baixar o tom. Pode ser que amanhã o baixe; hoje não.

Direi bem claramente, com muita nitidez: não votarei nada, nem que seja de minha convicção, em relação às tais reformas se não cessar de vez essa leviandade dupla, que tem dois itens: primeiro, essa falsa e mentirosa herança maldita - ouvindo isso, não voto nada, a começar pela reforma da Previdência; segundo, essa história infundada e inculta de que temos uma agricultura maravilhosa graças a não sei quem. Não é verdade, é preciso reconhecer o mérito do que foi feito para trás, sob pena de estarmos achando que nos propõem uma parceria de má-fé. Não trabalho com quem não fala a verdade. É o Presidente Lula quem diz que a desorganização da economia se deve à desconfiança injustificada contra Sua Excelência, imposta pelos mercados e agentes econômicos. Fica muito bem claro isso.

Está na hora do amadurecimento, da maturidade. Está na hora daqueles que são responsáveis pelo Governo assumirem uma fisionomia madura e confiável perante seus interlocutores. Prefiro ser adversário; aliás, sou adversário ditado pelas urnas. Aceito ser aliado? Não. Aceito ser parceiro conjuntural, quando a minha consciência apontar, e aceito ser inimigo se for essa a destinação apontada por quem ouse tratar com leviandade a mim, ao governo de quem fui líder e à minha Bancada. Aceito ser adversário, ser inimigo, qualquer coisa que me mantenha fiel aos meus princípios, às minhas idéias e aos ideais que me motivam na vida pública.

Portanto, Sr. Presidente, V. Exª começará a Ordem do Dia, mas apenas quero dizer que hoje não há força humana que me impeça de ficar com a última palavra - força humana nem desumana. Força alguma me impedirá de ficar com a última palavra hoje aqui. Hoje, se alguém falar, falarei em seguida. Se falar outro, falarei novamente, fico aqui até as três horas da manhã, mas juro que a última pessoa a falar sobre esse assunto serei eu e mais ninguém, porque é uma destinação do próprio vigor com que defendo as minhas idéias.

Portanto, comecemos a Ordem do Dia. Depois, se for para continuarmos o debate, continuaremos o debate. Se quiserem, podemos marcar um dia e poderemos dar cinco minutos para cada um, para que possamos, efetivamente, examinar cada ponto exaustivamente, desde a tão propalada economia até o fracasso das políticas sociais que aí estão.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo a V. Exª que ofereci um roteiro para investigação da corrupção neste País ao Ministro Valdir Pires, que deve ser honrado - claro que é honrado, meu pai dizia que S. Exª era honrado; não é mais honrado do eu, não é mais honrado do que o meu Partido, não é mais honrado do que os meus companheiros. Por isso, não vamos aceitar lição de ética do Sr. Valdir Pires. E, se S. Exª quer seguir o roteiro que lhe ofereci, que comece abrindo o baú da podridão de Santo André. É o primeiro item. Os outros doze, encaminharei por escrito a S. Exª.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2003 - Página 24483