Discurso durante a 101ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante em defesa do governo. (Como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante em defesa do governo. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2003 - Página 24488
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, ALOIZIO MERCADANTE, SENADOR, INEXATIDÃO, ESTABILIDADE, TAXAS, JUROS, MOTIVO, RISCOS, ECONOMIA INTERNACIONAL, CONTESTAÇÃO, IMPUTAÇÃO, RESPONSABILIDADE, GOVERNO FEDERAL, RESULTADO, BRASIL, EXPORTAÇÃO, AGRICULTURA, SUPERAVIT, PROTESTO, ACUSAÇÃO, ATUAÇÃO, GERALDO BRINDEIRO, EX-CHEFE, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, ORGANIZAÇÃO, GOVERNO, AUSENCIA, IMPUTAÇÃO, RESPONSABILIDADE, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REITERAÇÃO, EXERCICIO, OPOSIÇÃO, SUGESTÃO, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, se, por exemplo, o Senador Eduardo Suplicy for nos seus pronunciamentos, menos prolixo, já sobrará muito tempo.

Fala o Senador Aloízio Mercadante em convicção e é exatamente a minha a convicção que, por último, S. Exª aqui demonstrou, ou seja, a de que, em seis ou oito meses, nenhum Governo é capaz de fazer um resultado tão brilhante na agricultura. É um reconhecimento que entendo como uma autocrítica e louvo o sentimento de autocrítica de S. Exª.

Fala S. Exª nos deveres da Oposição. Chego a pensar que, na última eleição, uma parte ponderável do eleitorado pode - quem sabe? - não ter votado, para mudar o Governo; pode ter votado, para mudar a Oposição, buscando criar para o País uma Oposição mais responsável e capaz de ser mais construtiva - não obstaculizando, por exemplo, votações essenciais para a coisa pública. A Oposição, que era feita pelo Partido de S. Exª, estava abaixo da crítica, do ponto de vista do radicalismo, do sectarismo, da falta de compostura e do descompromisso com as transformações deste País.

Diz S. Exª ‘peço a ele isso, peço a ele aquilo’. E eu repito: peço a S. Exª duas coisas: a primeira, item a, que de uma vez por todas sepulte esta justificativa inculta, injusta e denunciada pelo próprio Presidente Lula, a tal “herança maldita”, sob pena de cessar qualquer colaboração nossa em relação ao Governo, ainda que porventura haja a concordância ideológica. Estou sendo bem claro e não recuo das minhas posições.

O segundo ponto é deixar bem nítido que esse jogo de ‘a ética nos pertence’ não é verdade: vide Santo André. Ofereci o roteiro ao Ministro Valdir Pires e, do roteiro, consta esta podridão que é o escândalo de Santo André, que está em insepulto e não deve continuar insepulto.

Fala S. Exª na convivência. E sabe S. Exª como sou eu capaz da boa convivência. Volto a dizer: a convivência e o calor da luta não são determinados por mim nunca. Sempre é o adversário que dá o tom. Se quiser ar-condicionado, aceito de bom grado. Se quiser o caldeirão do inferno, também aceito. Aceito as duas ofertas, porque meu dever é defender as minhas convicções e não fazer a parceria e o diálogo de Situação contra Oposição, se eu não tiver confiança nos meus interlocutores. Não admito interlocutor que não é exato, que contraria o próprio Presidente da República e que reconhece que a inflação, por exemplo, explodiu não por nós, mas por eles, explodiu por ele. Essa matéria foi publicada na revista Veja. Interlocutor que desmente isso desconsidera intelectualmente o próprio Presidente da República e passa a não merecer o meu respeito. Nesse caso, muda a conversa, muda o tom, muda o calor. E é exatamente assim que estou tentando delimitar minha posição.

Não há razão para usar os cinco minutos de que disponho, até porque obtive agora do Líder o reconhecimento de que, de fato, este Governo não é responsável por safra nenhuma. O Governo está colhendo e tem sido boa a sua colheita, embora não tenha plantado nada. Se há um nicho de competência neste Governo é precisamente o Ministro Roberto Rodrigues, que está se vendo muito mal com os radicalismos impostos por setores também ligados ao Governo no campo brasileiro, ameaçando a balança comercial e o resultado conjunto da nossa economia. Obtive do Líder essa informação.

De minha parte, não trabalho olhando para trás, mas olhando para frente. Não trabalho eu com a figura do “cabisbaixismo”; trabalho eu com a figura da altivez; trabalho eu com a figura da liberdade; e manifesto-me eu sempre de acordo com o ditame do meu coração, do meu cérebro e da minha vontade de servir a este País.

Portanto, Sr. Presidente, passemos à Ordem do Dia, para votarmos as matérias de interesse do País, e saudando, porque, de fato, as coisas começam, pelas palavras ponderadas dos dois Líderes, a ser repostas no seu lugar.

Poderiam não ser assim repostas, e teríamos dias acalorados. Mas estão sendo repostas, e, evidentemente, eu próprio me disponho a aceitar tal atitude como uma demonstração de boa vontade, esperando que seja duradoura e, sobretudo, sincera, porque entre os meus defeitos não está o da insinceridade. Não tolero dialogar com interlocutor que não se manifeste de maneira sincera.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2003 - Página 24488