Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo bicentenário de nascimento de Duque de Caxias, em 25 de agosto próximo. (como Lider)

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo bicentenário de nascimento de Duque de Caxias, em 25 de agosto próximo. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2003 - Página 24596
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, LUIS ALVES DE LIMA E SILVA, VULTO HISTORICO, PATRONO, EXERCITO, RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, PAIS.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falar sobre Duque de Caxias, na comemoração do bicentenário do seu nascimento, nesse 25 de agosto é reiterar, quando se detém no estudo dos nossos homens públicos, os méritos de um notável patriota cultuado por todo o Brasil.

Multifárias foram as facetas da sua primorosa personalidade, que devem sempre ser lembradas não somente pela gratidão que lhe deve a Pátria, mas como fontes de orgulho cívico para as gerações que se sucedem.

Caxias viveu num período que, embora mundialmente conturbado, tornou-se a época histórica em que se sedimentaram os valores mais preciosos da humanidade. Quando nasceu, em 1803, ainda perduravam, no mundo inteiro, as graves seqüelas da Revolução Francesa de 1789, das quais resultou, finalmente, o incontrastável amor pela liberdade. Assim, ele assistiu, desde menino, à ascensão e queda do grande Napoleão. Testemunhou a chegada ao Brasil de D. João VI e somou-se aos que pegaram em armas para sustentar, com o retorno do rei a Portugal, a proclamação da Independência e a continuidade, por muitas décadas, da monarquia genuinamente brasileira. Foi contemporâneo das lutas em que San Martin libertou o Chile; Bolívar, a Colômbia; e Sucre, o Equador e o Peru, além da independência do Uruguai, em 1830.

A atuação de Caxias, como militar, dificilmente encontrará paralelo em qualquer outro lugar do mundo. Foi o comandante sempre convocado pelo seu excepcional talento de estrategista e grande coragem para solucionar, em benéfico do Brasil, os muitos conflitos que ameaçavam nossa unidade política e territorial. Em 1851, foi o vitorioso comandante das forças no Sul contra Rosas, na Argentina, e Oribe, no Uruguai. Na guerra do Paraguai, assumiu com definitivo êxito o comando das forças brasileiras, em 1866, em meio às sucessivas vitórias do indomável Solano Lopes. Nessa sangrenta campanha, o nosso Exército utilizou pela primeira vez os balões de reconhecimento para observar posições inimigas. Assim atuou, sempre com bravura e grande generosidade para com os vencidos, nas conflagrações de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e em movimentos de rebeldia contra o governo Imperial.

Como filho do Maranhão - que, com muita honra, já governei, representei na Câmara dos Deputados em dois mandatos e aqui, no Senado, cumpro, em nome do seu povo, o terceiro mandato de Senador -, inclino-me, naturalmente, a fixar a figura de Caxias como Presidente do meu Estado em 1840. Acumulando tais funções com as de comandante das forças imperiais, combateu a revolta da Balaiada. Iniciada no Maranhão, a sublevação estendeu-se ao Piauí e Ceará. Como sempre ocorreu na sua vida de vitorioso, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva conseguiu a pacificação dessas províncias, irmanando as comunidades desavindas. Por tais feitos, foi promovido a brigadeiro e galardoado com o título nobiliárquico de Barão de Caxias.

Nem todos conhecem, Sr. Presidente, o episódio que vincula Caxias ao rio Itapecuru, um importante curso de água que percorre 610 quilômetros em território maranhense até desaguar no oceano Atlântico. O Itapecuru - nos dias correntes agredido pela poluição e devastação das matas ciliares - já foi navegável e passou a ter condições econômicas graças à iniciativa de Caxias.

O coronel Luís Alves de Lima e Silva, no seu período maranhense, foi o primeiro a visualizar a importância, inclusive estratégica, do Itapecuru. Em 1840, em plena Balaiada, estimulou a Assembléia do Maranhão a fazer concessões para quem quisesse explorar a sua navegação, o que se consumou alguns anos depois.

Pode-se dizer, com acentuado sentimento de brasilidade, que Caxias foi um dos mais conceituados e respeitáveis pró-homens brasileiros do século XIX. O único a receber no Brasil o título de duque, reflete-se nessa iniciativa inédita do governante o quanto de gratidão lhe quis explicitar a Pátria.

Em 1923, a data de nascimento de Caxias (25 de agosto) foi consagrada como “Dia do Soldado” e, em 1962, nosso governo o proclamou Patrono do Exército Brasileiro.

É o conceito que adotamos como nosso, com a missão de incuti-lo nas gerações vindouras.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

************************************************************************************************

SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR EDSON LOBÃO.

************************************************************************************************

O SR. EDISON LOBÃO (PFL - MA) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falar sobre o Duque de Caxias, na comemoração do bicentenário do seu nascimento nesse 25 de agosto - Luís Alves de Lima e Silva, o militar, o político, o governante -, é reiterar, quando se detém no estudo dos nossos homens públicos, os méritos de um notável patriota cultuado por todo o Brasil.

Multifárias foram as facetas da sua primorosa personalidade, que devem sempre ser lembradas não somente pela gratidão que lhe deve a Pátria, mas como fontes de orgulho cívico para as gerações que se sucedem.

Caxias viveu num período que, embora mundialmente conturbado, tornou-se a época histórica em que se sedimentaram os valores mais preciosos da humanidade. Quando nasceu, em 1803, ainda perduravam, no mundo inteiro, as graves seqüelas da Revolução Francesa de 1789, das quais resultou, finalmente, o incontrastável amor pela liberdade. Assistiu, desde menino, à ascensão e queda do grande Napoleão. Testemunhou a chegada ao Brasil de D. João VI, e somou-se aos que pegaram em armas para sustentar, com o retorno do rei a Portugal, a proclamação da Independência e a continuidade, por muitas décadas, da monarquia genuinamente brasileira. Foi contemporâneo das lutas em que San Martin libertou o Chile; Bolívar, a Colômbia; e Sucre, o Equador e o Peru, além da independência do Uruguai, em 1830.

A atuação de Caxias, como militar, dificilmente encontrará paralelo em qualquer outro lugar do mundo. Foi o comandante sempre convocado, pelo seu excepcional talento de estrategista e grande coragem, para solucionar, em benefício do Brasil, os muitos conflitos que ameaçavam nossa unidade política e territorial. Em 1851, foi o vitorioso comandante das forças no Sul contra Rosas, na Argentina, e Oribe, no Uruguai. Na guerra do Paraguai, assumiu com definitivo êxito o comando das forças brasileiras, em 1866, em meio às sucessivas vitórias do indomável Solano Lopes. Nessa sangrenta campanha, o nosso Exército utilizou pela primeira vez os balões de reconhecimento para observar posições inimigas. Assim atuou, sempre com bravura e grande generosidade para com os vencidos, nas conflagrações de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e movimentos de rebeldia contra o governo imperial.

Como filho do Maranhão - que com muita honra já governei, representei na Câmara dos Deputados em dois mandatos e, aqui neste Senado, cumpro em nome do seu povo o terceiro mandato de senador -, inclino-me naturalmente a fixar a figura de Caxias como Presidente do meu Estado em 1840. Acumulando tais funções com as de comandante das forças imperiais, combateu a revolta da “Balaiada”. Iniciada no Maranhão, a sublevação estendeu-se ao Piauí e Ceará. Como sempre ocorreu na sua vida de vitorioso, o coronel Luís Alves de Lima e Silva conseguiu a pacificação dessas províncias, irmanando as comunidades desavindas. Por tais feitos, foi promovido a brigadeiro e galardoado com o título nobiliárquico de Barão de Caxias.

Nem todos conhecem, Senhor Presidente, o episódio que vincula Caxias ao Rio Itapecuru, um importante curso de água que percorre 610 quilômetros em território maranhense até desaguar no Oceano Atlântico. O Itapecuru - nos dias correntes agredido pela poluição e devastação das matas ciliares - já foi navegável, e passou a ter condições econômicas graças à iniciativa de Caxias.

O coronel Luiz Alves de Lima e Silva, no seu período maranhense, foi o primeiro a visualizar a importância inclusive estratégica do Itapecuru. Em 1840, em plena “Balaiada”, estimulou a Assembléia do Maranhão a fazer concessões para quem quisesse explorar sua navegação, o que se consumou alguns anos depois. Em maio de 1849, singrava as águas do Itapecuru a gaiola “Caxiense”, 40 cavalos de força, da Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão, fazendo a viagem inaugural. Em 1870, nove vapores de outras companhias já cortavam as águas desse Rio da Integração Maranhense. O de maior capacidade foi o “Gurupi”, com 156 pés de comprimento e capacidade para 411 toneladas. Todas as máquinas que industrializaram as cidades ribeirinhas no início do século XX vieram pelo rio, importadas da Inglaterra. O Itapecuru foi o elo a ligar as regiões maranhenses, transportando produções agrícolas e comerciais entre São Luís e as cidades a montante.

Pode-se dizer, com acentuado sentimento de brasilidade, que Caxias foi um dos mais conceituados e respeitáveis pró-homens brasileiros do século XIX. O único a receber no Brasil o título de duque, reflete-se nessa iniciativa inédita do governante o quanto de gratidão lhe quis explicitar a Pátria. Duas vezes ministro da Guerra, presidente também da Província do Rio Grande do Sul, mais tarde um dos seus senadores e, por último, presidente do Conselho de Estado, em todas as posições onde atuou ficaram marcadas sua correção e tirocínio.

Em 1923, a data de nascimento de Caxias (25 de agosto) foi consagrada como “Dia do Soldado” e, em 1962, nosso governo proclamou-o “Patrono do Exército Brasileiro”.

Em trecho de recente artigo no “Noticiário do Exército”, o ilustre General Francisco Roberto de Albuquerque, Comandante do Exército, definiu em feliz síntese Caxias “não apenas como o vulto histórico do passado, mas, sobretudo, como o ícone cultuado do presente.”

É o conceito que adotamos como nosso, com a missão de incuti-lo nas gerações porvindouras.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2003 - Página 24596