Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Saudações ao Dr. Campos da Paz pela competente gestão frente à Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Saudações ao Dr. Campos da Paz pela competente gestão frente à Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2003 - Página 24994
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • ELOGIO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, IMPORTANCIA, EXPANSÃO, TERRITORIO NACIONAL, QUALIDADE, TECNOLOGIA, GRATUIDADE, ATENDIMENTO, EFICACIA, IDONEIDADE, GESTÃO, RECURSOS, CONTRATO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), EXPORTAÇÃO, MODELO, PAIS ESTRANGEIRO, DINAMARCA.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Sr.s Senadores, em junho passado, a imprensa nacional deu larga repercussão ao convênio que se está firmando entre a Dinamarca e a Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor, sobejamente conhecida de todos nós que vivemos aqui em Brasília.

O Senador Pedro Simon e outros de meus nobres Pares ressaltaram o papel relevante da instituição e o fato de que ela também está expandindo sua atuação para centros onde não tem hospitais próprios, como o Rio Grande do Sul.

Eu desejo, neste momento, ser mais um a saudar o Dr. Campos da Paz e sua obra magnífica em prol da saúde do povo brasileiro. Ela é um exemplo cabal de que um serviço de utilidade pública, gratuito, pode ser eficiente, eficaz, atender dignamente a todos, sem distinção de classes, dominar o que de mais moderno existe em matéria de tecnologia mundial sem, contudo, perder de vista o ser humano, para o qual se destina toda sua atividade.

Sr. Presidente, a União destina, todo ano, 200 milhões de reais para a Rede Sarah, deixando-lhe a responsabilidade da gestão do dinheiro, ressalvado, evidentemente, o direito de auditoria do Estado. Eis aí um dinheiro público bem empregado. Uma instituição pública que não faz parte do Sistema Único de Saúde presta serviços de largo alcance popular, mas tem suas atividades balizadas por contrato de gestão assinado entre o Ministério da Saúde e a administração da Rede.

O Dr. Campos da Paz e a Dra. Lúcia Braga, diretora executiva da Rede, imprimem aos seus hospitais um modelo de gestão que está impressionando todo o mundo desenvolvido. A Dinamarca é o primeiro país a formalizar um acordo de importação de tecnologia. Universidades norte-americanas e espanholas querem fazer o mesmo ainda este ano. Esse é o Brasil que deve expandir-se para todas as áreas de nossa vida.

O Sarah, como é carinhosamente chamado por todos, tem como filosofia assinar “um contrato de vida com os pacientes”, no dizer de seu fundador. Os dois mil e oitocentos profissionais que lá trabalham são treinados para se entregarem de corpo e alma à tarefa de reabilitar os movimentos dos pacientes, mas, mais do que isso, reabilitá-los para uma vida saudável, independentemente das seqüelas físicas que possam persistir.

Os médicos, todos em regime de dedicação exclusiva, são chamados a se reciclarem todos os anos, para que possam manter-se sempre atualizados e capazes de tratarem seus pacientes com o carinho necessário para transformar cada movimento recuperado em uma grande vitória pessoal de ambos, médico e paciente.

Srªs e Srs. Senadores, o exemplo da Rede Sarah é definitivo sobre o que pode ser feito com o serviço público brasileiro, se abandonarmos a mentalidade patrimonialista que sempre grassou em nossa administração pública. Poucos recursos bem cuidados podem produzir bons efeitos e de primeiríssima qualidade.

Mas, quando se coloca diante do País a impressão de que tudo que é público é ruim e é para ser espoliado, vemos as dificuldades em que fica a população para ser atendida em suas necessidades mais elementares.

Sr. Presidente, quando o povo vê um serviço que funciona e supre suas necessidades, não só respeita os profissionais que nele atuam, como respeita o patrimônio físico, cuidando de instalações e zelando para que o serviço continue a funcionar a contento. Os metrôs estão aí, por todo o Brasil a demonstrar que somos educados o suficiente para respeitar e zelar pelo que é bom.

O que não dizer, então, de um serviço de saúde, algo fundamental para nossa existência? A Rede Sarah é a prova de que tudo pode funcionar a contento. Mas isso se os funcionários envolvidos estiverem imbuídos do espírito de servir, como deve sempre ser. Se o atendimento for voltado para a pessoa integral e não apenas um mero ato burocrático. Enfim, se o ideal de atender bem ao cidadão e ao ser humano perpassar todas as instâncias do sistema.

E é por isso que o Sarah funciona e se destaca. A primeira preocupação de toda sua equipe é com o paciente que deve ser atendido, não com a doença que ele apresenta.

Paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, espinha bífida, doenças metabólicas que afetam o cérebro, diagnóstico clínico-laboratorial das doenças genéticas, atrofia muscular espinhal, traumatismo crânio-encefálico, lesão medular, paralisia facial periférica, paralisia braquial obstétrica, distrofia muscular progressiva, artrogripose, pé torto congênito, compõem a lista das doenças que o Sarah trata. São nomes complicados e difíceis, mas que significam males bem reais para todos. Vivemos todos os dias a experiência de ver acidentados que sofrem graves lesões cerebrais ou medulares e, com isso, perdem funções locomotoras, às vezes, de modo irreversível. As equipes do Sarah se dedicam de corpo e alma a que essas pessoas, dentro das limitações que restarem, possam retomar uma vida saudável e plena. Essa é a missão grandiosa a que se dedica essa obra modelar brasileira.

Sr. Presidente, como médico, só posso estar orgulhoso de ver que nossos profissionais são capazes de criar e exportar não apenas tecnologia, mas uma verdadeira filosofia de vida no tratamento de disfunções do aparelho locomotor. Isso é criar um novo mundo, melhor e mais humano.

Meus nobres Pares, oxalá o exemplo hoje pontual da Rede Sarah se torne um paradigma de toda a administração pública brasileira, em todas as áreas. Desta maneira, sim, estaremos, finalmente, saindo do Brasil atrasado e desigual para o Brasil desenvolvido, harmônico e socialmente justo.

Num momento em que se fala tanto de reformas, cujos objetivos de benefício à população e ao servidor público são extremamente duvidosos, utilizar o modelo de trabalho da Rede Sarah como fundamento para uma remodelação dos serviços públicos da administração direta talvez resolvesse os problemas de caixa do tesouro, sem impor mais sacrifícios a quem tanto já tem se sacrificado pelo Brasil.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2003 - Página 24994