Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento de técnicos na base de Alcântara, em virtude da explosão do Veículo Lançador de Satélites - 1 (VLS-1), no último dia 22.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Voto de pesar pelo falecimento de técnicos na base de Alcântara, em virtude da explosão do Veículo Lançador de Satélites - 1 (VLS-1), no último dia 22.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2003 - Página 24955
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, TECNICO, CIENTISTA, MORTE, ACIDENTE DO TRABALHO, EXPLOSÃO, CENTRO DE LANÇAMENTO DE ALCANTARA (CLA).
  • ELOGIO, TRABALHO, CENTRO TECNICO AEROESPACIAL (CTA), DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIA, LANÇAMENTO AEROESPACIAL, SATELITE, BASE AEREA, MUNICIPIO, ALCANTARA (MA), ESTADO DO MARANHÃO (MA), DECLARAÇÃO, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, PROGRAMA NACIONAL, ATIVIDADE ESPACIAL.

O SR. JOSÉ SARNEY (PMDB - AP. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o requerimento que acaba de ser lido tem a finalidade de mostrar ao País a solidariedade do Senado neste momento de grande frustração pela falta de êxito no lançamento do veículo espacial, em uma tentativa de colocar o Brasil à frente do domínio do lançamento de satélites.

Nessa trágica ocorrência perderam a vida 21 brasileiros envolvidos nesse projeto há muitos anos. Eram homens que dedicaram suas vidas a esse trabalho em espírito de missão. Testemunhei, desde que era Presidente da República, o trabalho do CTA* (Centro Tecnológico da Aeronáutica), dos engenheiros, dos técnicos, de todos os envolvidos nesse projeto. Os salários que recebiam eram muito aquém do que poderiam receber se trabalhassem num projeto em outro país ou em outros ramos da indústria, mas eles eram motivados por essa grande sedução de ver o Brasil entre os países que dominam tecnologias de ponta como é a tecnologia de lançamento de satélites.

A construção da base aérea de Alcântara foi um grande passo para o Brasil ingressar nessa era que nós tanto desejamos. Eu me recordo de que, como Presidente da República, tive a oportunidade de inaugurá-la, de dar um apoio extraordinário a todo esse setor da tecnologia e da ciência brasileira com a participação do laboratório de testes de satélite de São José dos Campos, com o apoio às equipes que ali estavam, com a nossa determinação de que na base de Alcântara nós tivéssemos, em breve, o domínio da tecnologia espacial.

Temos hoje, no Brasil, a melhor localização mundial para o lançamento de satélites, o que nos dá um caráter competitivo. Temos também o desejo extremo de chegar a esse ponto de avanço tecnológico. Sabemos perfeitamente que essa é uma área em que um mercado mundial de tecnologia; cada país tem de desenvolver sua própria tecnologia. E o Brasil procurou desenvolvê-la.

Esses homens que morreram em Alcântara, sem dúvida, necessitam de uma homenagem e de uma reverência do Brasil inteiro. Essa homenagem, nós a prestamos. A reverência deve ser representada pela nossa persistência no ideal deles, perseguindo a realização do desejo deles, sonhando, como eles sonharam, não nos faltando, em nenhum momento, a vontade de prosseguir no programa espacial, de alocar recursos, de considerar prioritário, e não marginal, a atividade científica brasileira. Assim, estaremos investindo no futuro, investindo nas novas gerações, investindo no desenvolvimento de um dos setores que mais crescem no mundo, uma vez que hoje a indústria espacial cresce cerca de 17% ao ano. O Brasil não pode ficar fora da corrida espacial, sob pena de submeter-se a um tipo de escravidão tecnológica, com a qual não podemos nem devemos sonhar. No futuro, sem dúvida, o que importará será o domínio do conhecimento e da tecnologia e não se os países são grandes ou pequenos.

Assim, Sr. Presidente, tenho o desejo de que, ao encaminhar essas condolências do Senado Federal, levemos conforto às famílias envolvidas no trágico episódio da explosão do VLS-1 V03 em Alcântara. Elas podem ter a certeza de que nós, no Brasil inteiro, levaremos à frente o projeto pelo qual eles morreram e do qual o Brasil não pode, em nenhum momento abdicar.

Eram essas as palavras que, neste momento, eu devia proferir nesta Casa. Ao encaminhar este requerimento, também expressamos os nossos sentimentos à Aeronáutica, que sempre esteve à frente desse projeto; ao Ministério da Defesa; ao Ministério da Ciência e Tecnologia; ao Comando e a todos aqueles que trabalham no Centro Tecnológico da Aeronáutica.

Eu acredito que esta seja uma homenagem menor para a grande causa pelo qual todos eles sacrificaram suas vidas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2003 - Página 24955