Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento de técnicos na base de Alcântara, em virtude da explosão do Veículo Lançador de Satélites - 1 (VLS-1), no último dia 22.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento de técnicos na base de Alcântara, em virtude da explosão do Veículo Lançador de Satélites - 1 (VLS-1), no último dia 22.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2003 - Página 24958
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, TECNOLOGIA, LANÇAMENTO AEROESPACIAL, SATELITE, BENEFICIO, TELECOMUNICAÇÃO, REGISTRO, ASSINATURA, TRATADO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, UCRANIA, DEFESA, REFORÇO, INVESTIMENTO PUBLICO, PROGRAMA NACIONAL, ATIVIDADE ESPACIAL, APOIO, CONVOCAÇÃO, AUTORIDADE, ESCLARECIMENTOS, SENADO, EXPLOSÃO, CENTRO DE LANÇAMENTO DE ALCANTARA (CLA).
  • HOMENAGEM POSTUMA, TECNICO, CIENTISTA, MORTE, ACIDENTE DO TRABALHO, EXPLOSÃO, BASE AEREA, MUNICIPIO, ALCANTARA (MA), ESTADO DO MARANHÃO (MA).

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todo o Brasil ficou estarrecido com esse acidente, que teve o maior número de vítimas em todo o mundo.

Quando se ouve falar em lançar foguetes não se entende muito o porquê. Mas, no mundo globalizado, onde os satélites existem, e são os satélites que cuidam da comunicação entre as partes de um país ou entre ele e os demais países, quando se fala em comunicação, mas que também mapeiam e verificam onde está havendo devastação, onde está havendo fenômenos, inclusive climáticos, os satélites são de uma importância primordial.

O nosso satélite da Embratel está com seu tempo exaurido. Mais cedo ou mais tarde virá ao chão. Foi pedida a colocação de um outro satélite no espaço, nas mesmas condições, por US$500 milhões. O Brasil pode fazê-lo por muito menos por intermédio das experiências que vínhamos fazendo. E, se tivéssemos tido sucesso, colocaríamos satélites em órbitas mais baixas, por meio da união com outros países. E aí me refiro à Ucrânia. A Ucrânia está se programando e já assinou com o Brasil um tratado em que, em 2 ou 3 anos, colocaremos em órbita o Ciclone 4, a um custo de US$52 milhões, da parte brasileira e US$52 milhões, da parte ucraniana.

Como vêem V. Exªs, embora seja uma experiência barata, ela ainda é muita mais cara do que a experiência que estávamos fazendo no Brasil e que, com toda certeza, mais cedo ou mais tarde, terá sucesso.

Todos os técnicos brasileiros estavam exultantes com essa possibilidade da transferência de tecnologia e, mais ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com a possibilidade de podermos colocar um satélite em órbita estacionária. Teríamos um upgrade na tecnologia de foguetes. É claro que existem forças antagônicas. Nenhum dos países - e são muito menos que dez - que detêm a tecnologia gostaria que o Brasil entrasse em seu clube fechado e de grande importância. Nenhum País detentor de tecnologia quer mais um no clube.

Lamentavelmente, o Brasil não tem tido a sensibilidade de injetar verbas no projeto há muito tempo. Desde que o Presidente Sarney criou a Base de Alcântara, as verbas foram minguando. Não entendo por quê? Temos tantos fundos com verbas significativas! O Fundo de Ciência e Tecnologia, por exemplo, tem verbas importantes. Por que não investimos mais na nossa pesquisa? Isso é incompreensível para um País do porte do Brasil.

Com toda a certeza, esse acidente será um fator de atraso para o programa brasileiro. O que poderemos fazer além de lamentar a perda da experiência e a perda de um quadro técnico altamente categorizado? Desistir? Jamais! Devemos prestar homenagens aos que se foram, tentar amealhar as experiências que tivemos e buscar interações. No caso específico, dois países estão nos oferecendo transferência tecnológica: Ucrânia e Israel. Tudo isso para queimar etapas e economizar dinheiro público. São necessários US$500 milhões para ter um satélite. Podemos fazê-lo por US$100 milhões. Dessa forma poderemos corrigir um erro crasso e incompreensível. Falo da privatização de um satélite que usamos para fins militares, para comunicação entre tropas. Quando privatizamos o satélite para a Embratel, vendemos comunicação militar, algo incompreensível para um País que quer ser potência. Para corrigir esse erro e os erros do passado em relação aos poucos recursos que foram investidos em um projeto de grande importância para o mundo moderno, creio que - e nessa questão concordo plenamente com o Líder Renan Calheiros e com o Senador Luiz Otávio - o Senado deve pedir informações e precisa estar presente à última homenagem aos técnicos da indústria aeroespacial.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2003 - Página 24958