Discurso durante a 109ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do diplomata Sérgio Vieira de Mello.

Autor
Leomar Quintanilha (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: Leomar de Melo Quintanilha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do diplomata Sérgio Vieira de Mello.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2003 - Página 25624
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SERGIO VIEIRA DE MELLO, DIPLOMATA, CHEFE, MISSÃO OFICIAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DEFESA, PACIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, IRAQUE, VITIMA, ATENTADO, TERRORISMO, ELOGIO, ATUAÇÃO, PAZ, RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PFL - TO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o mundo assistiu estarrecido, no último dia 19, à morte de um herói em circunstâncias dramáticas. Um ser humano especial, um brasileiro iluminado, que alcançou destaque no cenário internacional em virtude de sua dedicação à causa da paz, teve a sua trajetória de sucesso violentamente interrompida por um insano ato de terror. A crueldade empregada no atentado terrorista chocou a todos e deixou a humanidade órfã de um operário da paz, de um eficiente reconstrutor de países. Até o último momento de sua vida não fez outra coisa senão lutar pela democracia e garantir a liberdade dos povos.

Designado pela ONU para as mais árduas e espinhosas tarefas, como as missões que liderou em Kosovo, no Timor Leste e, por último, no Iraque, desincumbiu-se de todas elas com a maior competência e brilho. Obteve reconhecimento tanto dos líderes governamentais quanto das populações dos países nos quais desempenhou missões oficiais, sendo tido por todos como um líder conciliador e como um entusiasta defensor dos direitos humanos, matéria na qual era especialista.

Desde que, num fatídico 11 de setembro, um ato terrorista sem precedentes pôs abaixo as duas torres gêmeas do World Trade Center e com elas o sonho milenar de paz da humanidade, acostumamo-nos a conviver com as mais insanas práticas de agressão à ordem internacional. São guerras, ocupações, derrubada de regimes e novas e constantes ameaças. Nada, entretanto, é mais emblemático do que esse atentado em que morreu Sérgio Vieira de Mello, porque foi cometido contra a Organização das Nações Unidas, contra uma entidade que se dedica única e exclusivamente à causa da paz e da garantia dos direitos humanos.

Esse brasileiro que já somava em sua biografia feitos de grande relevo em cenários de graves conflitos, foi convocado para um novo e mais terrível desafio. Experiente, preparado e, principalmente, fiel à convicção interior que sempre o moveu, ele estava lá, no olho do furacão, cumprindo sua missão, até ter sua existência terrena brutalmente interrompida.

O que mais lastimo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que a quase totalidade dos brasileiros só teve conhecimento da existência desse herói exatamente no momento em que ele se transformou em um mártir. Porque herói não morre, ingressa no panteão da história, aspirante ao Olimpo, inspiração para as futuras gerações. É certo que Sérgio Vieira de Mello não morreu. Ele renasceu num plano mais alto.

Perde a nação brasileira, que ficou sem um de seus filhos mais ilustres, perde a humanidade, que já não tem um de seus principais artífices da paz. Exemplos dessa envergadura devem ser conhecidos para que possam influenciar mais seres humanos, para que possam despertar mais consciências, no sentido de que precisamos de paz assim como precisamos de alimento e de liberdade.

É preciso mais coragem para lutar pela paz do que para fazer a guerra.

Oxalá esse exemplo se torne semente, vingue e floresça nesta terra sofrida, para que a humanidade possa reencontrar a esperança de vivermos todos em paz, independente de cor, de raça, de religião, de pensamento...

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2003 - Página 25624