Fala da Presidência durante a 111ª Sessão Especial, no Senado Federal

A Mesa associa-se às homenagens a memória do Jornalista Roberto Marinho.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • A Mesa associa-se às homenagens a memória do Jornalista Roberto Marinho.
Publicação
Publicação no DSF de 04/09/2003 - Página 25902
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, SENADO, HOMENAGEM, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA, EMPRESARIO, PRESIDENTE, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

 

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Os discursos enviados à Mesa pelos Senadores Aelton Freitas e Maguito Vilela, em homenagem ao jornalista Roberto Marinho, farão parte integrante da presente sessão e figurarão nos Anais do Senado.

A Presidência agradece ao Ministro Nelson Jobim, representante do Presidente do Supremo Tribunal Federal, ao Ministro Marco Aurélio, ao Ministro da Ciência e Tecnologia, Dr. Roberto Amaral, ao Ministro Marcos Vilaça, do Tribunal de Contas da União e representante da Academia Brasileira de Letras, aos membros do Corpo Diplomático, aos Srs. Deputados, às autoridades civis e demais autoridades que nos honram com suas presenças.

É com uma recordação e uma lembrança que não passam que presido esta sessão - e devo também encerrá-la - de homenagem que o Senado presta à memória do jornalista Roberto Marinho, como ele gostava de ser tratado.

Devo dizer que a minha recordação é de quem teve o privilégio da sua amizade e o gosto da sua convivência. E a minha memória é de um ex-Presidente da República e de um Presidente do Senado Federal que sabe que estamos homenageando um dos maiores brasileiros e das mais marcantes personalidades que tivemos na História brasileira contemporânea.

Os dias que transcorreram de sua morte já estão definindo os contornos definitivos de sua imagem, aquela forma indelével que a História guarda de todos os homens. E essa imagem é, sem dúvida, a expressão da vida de Roberto Marinho, toda ela dedicada ao trabalho, ao amor ao Brasil e ao bem comum.

Deixa um grande exemplo ao povo brasileiro. O exemplo de que os instrumentos que o destino lhe entregou como um bandeirante e pioneiro da comunicação ele sempre os empregou em benefício do nosso País.

Nunca o sucesso perturbou sua serena determinação de ser simples, educado, cordial, amável, sem prejuízo de ser obstinado; obstinação que não teve ausente, em nenhum momento, o domínio total da sua coragem.

Tudo o que ele fez, o fez com uma carga de grande idealismo, com perfeição, com paixão e sempre com a vontade de fazer melhor. A TV Globo hoje, como um exemplo, está em cem países do mundo, como uma demonstração de qualidade e de tecnologia de ponta, honrando o Brasil e mostrando o que ele é; e, em nosso País, ela é um instrumento de coesão da nossa sociedade.

Roberto Marinho foi também um homem que expressou a visão do empresário, aquela visão de futuro, a visão moderna de que a empresa tem uma função social; nisso e nessa direção as suas empresas foram e são modelares. Deu oportunidade a uma infinidade de inteligência e de talentos que representaram os pontos mais altos da arte e do jornalismo nesse meio século da nossa História.

Roberto Marinho ocupa o imaginário nacional como símbolo do homem que pensava na educação, na preservação do patrimônio histórico, na devoção às belezas do nosso País, no seu culto à natureza -- que ele mostrava sempre no seu amor às árvores, aos pássaros, às flores e às águas.

De sua janela de trabalho, aos interlocutores ou visitantes que tiveram oportunidade de ali estar, a primeira coisa que ele fazia era dar uma aula sobre a natureza. Abria a cortina e mostrava a paisagem do Rio de Janeiro, com seus mares, suas praias e sua beleza extraordinária. Dizia o Dr. Roberto que era o primeiro teste que fazia para conhecer os homens; de acordo com a reação das pessoas, ele sentia de quem se tratava. Mostrava aquela paisagem para também demonstrar o seu amor à natureza, que era presente em toda a sua vida.

Roberto Marinho era um amante das artes, da literatura, gostava do convívio com os artistas e tinha um grande fascínio pelos esportes.

Alguns dias depois de sua morte estive no Rio de Janeiro e ouvi de um garçom que me servia o seguinte:

-- “Senador Sarney, o senhor perdeu o seu amigo Dr. Roberto Marinho”, naturalmente pensando em minha amizade com o Dr. Roberto. Mas aí acrescentou: “O Brasil vai sentir muita falta dele, porque ele fez muito pelo povo, pela educação, pelas nossas crianças; ele fez muito pela alegria das nossas famílias”.

            Quando ouvi isso, de um homem do povo, senti o quanto a figura do Dr. Roberto Marinho já não pertencia a sua família, a seus amigos, aos formadores de opinião pública, à consciência dirigente do País.

Ele já estava e está incorporado ao imaginário nacional, ao reconhecimento do povo brasileiro, nesta forma definitiva com que a História o guardará: um homem que fez tudo pelo País, que dedicou sua vida ao País e cujos resultados estão aí, no trabalho pela educação e pela preservação do nosso patrimônio histórico.

Mas nós temos a certeza de que a sua ausência será preenchida pela continuidade da sua obra, porque o que ele deixou é um patrimônio que não se extingue. É a herança definitiva do modo de fazer as coisas, do modo de amar o Brasil, que está transmitido às suas empresas; é o seu espírito que aí está fixado.

Na pessoa do seu filho, que aqui está, Dr. João Roberto, e dos continuadores de sua obra, o Senado envia a mensagem, hoje aqui expressa por todos os Senadores, da importância que teve o Dr. Roberto Marinho para a História brasileira. Já não é mais só um sentimento de pesar, de condolências, mas o reconhecimento do que ele representa para o País, reconhecido nas palavras e na consagração que o Senado Federal faz à sua grande pessoa.

Peço também que transmita aos seus irmãos, Roberto Irineu e José Roberto, e à Dona Lily o testemunho do que o senhor aqui assistiu e do reconhecimento da Pátria ao seu grande pai.

(Palmas!)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/09/2003 - Página 25902