O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ) - Sr. Presidente, Sr. Vice-Presidente, José Alencar, a primeira manifestação de regozijo com a apresentação desse Projeto de Revitalização e Transposição de Águas do São Francisco é quanto a verificarmos que ele está sob a coordenação segura e competente de V. Exª, que garante a sua execução e com o anúncio de que, no momento em que V. Exª se desincumbir da formulação geral, a execução cairá nas mãos do igualmente competente nosso grande Ministro Ciro Gomes.

Sr. Presidente, a segunda manifestação de regozijo é quanto ao estágio de desenvolvimento de estudos em que se encontra o projeto, que nos permite ter a certeza de sua realização. Não se trata de mais um devaneio; não no sentido do sonho a que se referiu o Senador Fernando Bezerra, sonho no sentido de grande aspiração. Mas existe a outra acepção, aquela de grande aspiração não realizável, inviável.

O estágio avançado dos estudos nos permite acreditar que essa etapa foi superada e que o projeto é efetivamente viável, realizável, o que nos faz também devedores do reconhecimento a todos aqueles que, precedentemente, nele trabalharam, como é o caso do Senador Fernando Bezerra.

Esse é, indubitavelmente, o maior projeto do Governo Lula em todos os sentidos, a começar pelo fato de ser genuinamente brasileiro.

Quando na escola primária, aprendi que o rio São Francisco é o maior rio genuinamente brasileiro. Agora, esse rio colaborará, permitirá a realização de um projeto grandioso e genuinamente brasileiro, para atender exatamente a Região mais carente do Brasil. Essa carência causa certa frustração, um certo sentimento de culpa em todos os brasileiros, por ainda não terem sido resolvidas as disparidades regionais e a grande carência da Região Nordeste.

Trata-se de um grande projeto não apenas pela grandiosidade do custo do investimento envolvido. V. Exª foi muito feliz ao dizer que o Brasil está um pouco desacostumado com a apreciação de grandes projetos; mas eis a grandiosidade retornando ao pensamento do brasileiro. O projeto não é grande apenas porque resolverá um problema secular que, desde o século XIX, vem perturbando a tranqüilidade do brasileiro que quer ver um Brasil harmoniosamente desenvolvido, onde não haja carências aflitivas a massacrar toda a população. Ele é grande, principalmente, Sr. Vice-Presidente, José Alencar, porque mudará o Brasil mais uma vez, como Brasília mudou o Brasil.

Quando o Projeto Brasília foi concebido, os seus desdobramentos e todas as suas conseqüências - até as últimas, que hoje estamos avaliando, como a explosão de desenvolvimento produtivo do Centro-Oeste brasileiro -, naquele momento, não era possível avaliar. Também quanto a este projeto não é fácil avaliar, mas é possível intuir; é possível, com a sensibilidade de V. Exª, ter a antevisão do que será o resultado, já na primeira metade deste século, quando o Brasil, finalmente, terá resolvido a questão secular da seca nordestina.

De sorte que este projeto alavancará o sentimento de auto-estima do brasileiro, pois beneficiará não só as populações carentes do Nordeste, mas também refletirá no Rio de Janeiro, em São Paulo, em todo o Brasil. Todo brasileiro acredita que o Brasil tem competência, tem condições para, com sua própria inteligência, com seus próprios recursos, com pequenas ajudas complementares aqui e ali, resolver esse magno problema e mudar a face do País, na medida em que a população, que sempre foi vista como carente e até, sob certos pontos de vista, culturalmente mais atrasada, ingressará no mesmo patamar, no mesmo padrão de vida das populações do Sul, Sudeste, das regiões mais desenvolvidas.

Realmente, esse será um novo patamar para o Brasil. É claro que o projeto tinha que ter e teve amadurecimento, mas ele chegou num momento extremamente propício politicamente, pois contou com um Presidente nordestino com vontade política de realizá-lo, que encontrou estudos razoavelmente avançados, teve V. Exª, pessoa com competência para coordená-lo, e o grande executivo Ministro Ciro Gomes, a quem será repassado o projeto.

Sr. Vice-Presidente, manifesto aqui meu regozijo de brasileiro do Rio de Janeiro que compreende o alcance do resultado desdobrado deste projeto, que mudará, como Brasília, a face do Brasil.

Sr. Vice-Presidente, as perguntas que eu pretendia dirigir a V. Exª já foram feitas e muito bem respondidas, especialmente a indagação do Senador Eduardo Azeredo quanto à garantia da revitalização, à qual V. Exª respondeu muito bem. O sentimento do brasileiro, pela concepção e estima que tem pelo rio São Francisco, é de que essa garantia seja efetivada, ou seja, que o São Francisco contribua com suas águas para o reflorescimento do Nordeste, mas que não perca, obviamente, a capacidade de ser o que é, inclusive, com a recuperação da sua navegabilidade, uma das grandes conseqüências desse projeto.

Não tenho mais indagações a V. Exª, mas sim um pedido: que V. Exª acelere a elaboração e a apresentação do cronograma. Penso que a partir do momento em que V. Exª apresentar o projeto à Nação, com todos os seus desdobramentos, o País também cobrará de V. Exª que apresente, tão logo quanto possível, um cronograma físico-financeiro pelo menos das primeiras etapas fundamentais desse grande projeto, que é um programa, como V. Exª definiu muito bem.

Portanto, gostaria de cumprimentar V. Exª por essa apresentação e pela coordenação efetiva que está fazendo.