Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários à entrevista do coordenador de mobilização do programa Fome Zero, Frei Betto, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, que alerta para o fracasso do programa caso não haja uma efetiva implantação da reforma agrária no País. (como Líder)

Autor
Efraim Morais (PFL - Partido da Frente Liberal/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários à entrevista do coordenador de mobilização do programa Fome Zero, Frei Betto, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, que alerta para o fracasso do programa caso não haja uma efetiva implantação da reforma agrária no País. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2003 - Página 26334
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REFERENCIA, ESCOLHA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SERVIDOR, OCUPAÇÃO, CARGO PUBLICO, AUSENCIA, QUALIFICAÇÃO, INTERESSE, PRESIDENTE, INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), REVOGAÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), CONTENÇÃO, INVASÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, DECLARAÇÃO, AUTORIDADE, GOVERNO FEDERAL, CONDICIONAMENTO, PROGRESSO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, COMBATE, FOME, REFORMA AGRARIA, REDUÇÃO, QUANTIDADE, EMPREGO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é uma questão de só querer entender.

Por considerá-lo importante, passarei a ler o artigo do jornalista Clóvis Rossi publicado no jornal Folha de S.Paulo de hoje:

Eu só queria entender

Juro que não é má vontade com o PT. Até gosto dessa meninada, como gostava dos tucanos enquanto estavam no governo (depois que deixam o governo, tucanos ou não, sempre gosto mais ainda).

É que não consigo entender algumas coisas. Se fosse só eu, azar meu. Mas há um bom número de mensagens de petistas e/ou de não-petistas que votaram em Lula no ano passado com o mesmo ponto de interrogação na cabeça.

Seguinte: imagine que você tenha mantido amizade constante com seus amigos de faculdade ou de colégio. Aí você é nomeado diretor-gerente de uma empresa ou ganha eleição para um cargo público.

Você sabe muito bem se pode ou não pode chamar Pedro, Antônio ou João para o cargo x, y ou z, não é?

Como é que o PT, que viveu a situação acima descrita, não sabe? (Perdão por criar uma situação metafórica, mas eu sou muito influenciável).

Durante 23 anos, essa turma que hoje está no Governo central conviveu intensamente. Não havia e talvez ainda não haja outro partido com o nível de atividade permanente do PT. A maioria dos outros se agita só em épocas eleitorais e depois hiberna ou se limita à atividade nos postos públicos ganhos na eleição.

O PT não. Logo, não é possível que o ministro do Desenvolvimento Agrário, o presidente do partido, o presidente da República não soubessem as virtudes e limitações, por exemplo, do cidadão que indicaram para o Incra [já demitido].

Não é razoável que tenham de esperar oito meses [foi o caso] para descobrir que ele não servia para a função.

Se fosse só o Incra, vá lá. Mas você, leitor [e telespectador agora], nem imagina quão mal os petistas no Governo falam de outros petistas também no Governo, em especial os da área social. Ou todos emburreceram na função pública, ou enganaram uns aos outros durante os 23 anos de vida do PT.

É o artigo do jornalista Clóvis Rossi publicado na Folha de S.Paulo, que considero interessante.

Já o jornal O Estado de S. Paulo comenta a demissão do Presidente do Incra e a nomeação do novo Presidente: “Hackbart assume e critica MP antiinvasão”. Todos os senhores lembram que a mesma coisa foi dita pelo Presidente demitido.

Estão aqui as palavras do novo Presidente, Rolf Hackbart: “Vamos respeitar a lei. Qualquer alteração de legislação será debatida com o Congresso”.

E ele diz que vai propor ao Congresso Nacional que acabemos com essa medida provisória. A não ser que o Presidente da República faça como fez com a MP que estava trancando a pauta da Câmara dos Deputados: revogue. Não acredito que nós, Senadores e Deputados, possamos atender ao novo Presidente, autorizando a anarquia no nosso País.

Tenho certeza que o próprio Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante, de quem era assessor o novo Presidente do Incra, não vai permitir que isso aconteça. Parece-me, Senador Heráclito Fortes, que não é essa a intenção do Senador.

Quero ainda comentar as palavras de Frei Betto publicadas no Jornal do Brasil de hoje: “Fome Zero fracassa sem reforma agrária”. Ora, o Incra, órgão responsável pela reforma agrária, já teve seu Presidente mudado. Preocupam-me as palavras de Frei Betto, que considero um homem inteligente.

Frei Betto, amigo pessoal do presidente Lula e um dos responsáveis pelo Fome Zero, disse ontem que, sem a reforma agrária, o programa estaria condenado ao fracasso. No lançamento de um núcleo de segurança alimentar da Universidade Federal de São Paulo, Frei Betto falou da importância da reforma agrária na estimulação de programas de combate à fome. O religioso também comentou a mudança na direção do Incra: “Foi como mudar da Coca para a Pepsi. O Hackbart é tão envolvido com os movimentos sociais quanto o Resende”.

Sr. Presidente, a nossa preocupação é com o fato de o Fome Zero, que se encontra em ponto morto, depender da reforma agrária. Segundo o Presidente do Incra que assumiu agora, se não houver recursos para se cumprir a meta de assentamento de 60 mil famílias - este ano, até agora, foram assentadas apenas cinco mil -, ele buscará dinheiro dentro e fora do Governo. Sabe onde, Senador Arthur Virgílio? Junto aos governadores e prefeitos. Está aqui, não estou mentindo, não estou criando. Está escrito no jornal O Estado de S. Paulo. Ele diz claramente: “Vamos buscar dinheiro dentro e fora do Governo, recorrendo aos governadores e prefeitos”.

Aliás, a imprensa hoje está interessante. Como sempre, o “Painel” traz uma informação que é mais da lavra dos tucanos, porque, quando o Presidente Serra - em quem votei - foi candidato, ele disse que pretendia gerar oito milhões de empregos neste País. Diz o “Painel” da Folha de S.Paulo:

Parece piada.

Ao reduzir a meta de geração de empregos dos 10 milhões da campanha presidencial para os 7,8 milhões do PPA (Plano Plurianual), o presidente Lula se aproximou do candidato José Serra (PSDB). No ano passado, o tucano prometia criar 8 milhões de postos de trabalho.

Está aí mais uma posição: no Brasil, onde estamos todos vivendo uma recessão, com o desemprego aumentando, começa a diminuir alguma coisa, o número de empregos prometidos pelo Governo. Em vez dos 10 milhões da proposta inicial, o número passou agora para 7,8 milhões; considerando o aumento de um milhão no número de desempregados, passou para 6,8 milhões.

Era este o registro, Sr. Presidente, grande Presidente, grande Parlamentar, Senador do PMDB, do Piauí, com grande atuação, principalmente lá, no nosso querido Delta do Parnaíba, Senador Mão Santa.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

Muito obrigado.

 

************************************************************************************************

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EFRAIM MORAIS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

************************************************************************************************


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/09/2003 - Página 26334