Discurso durante a 115ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações à parceria estabelecida entre o SESI e o Ministério da Educação, no esforço conjunto de erradicar o analfabetismo no país.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • Congratulações à parceria estabelecida entre o SESI e o Ministério da Educação, no esforço conjunto de erradicar o analfabetismo no país.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2003 - Página 26462
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, PARCERIA, SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA (SESI), MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), ESFORÇO, ERRADICAÇÃO, ANALFABETISMO, BRASIL, COMBATE, EXCLUSÃO, PARCELA, POPULAÇÃO, SOCIEDADE.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com grande satisfação que subimos a esta tribuna para felicitar a parceria estabelecida entre o SESI e o Ministério da Educação, no esforço conjunto de erradicar o analfabetismo neste País.

Fala-se muito sobre a necessidade de o Brasil conquistar seu lugar no mundo ou sobre a capacidade brasileira de liderar a América do Sul rumo a uma ordem econômica mundial mais justa. É tema recorrente em debates políticos, bem como em protestos mundo afora, a brutal desigualdade vigente na atual divisão internacional do trabalho.

Causa-nos alegria, portanto, perceber que o governo do Brasil está direcionando esforços que vão além da mera verbalização de vontades e de anseios políticos, para adentrar o bem mais fértil terreno das realizações.

No contexto de crescente interdependência entre economias e países, nossa competitividade está diretamente ligada à maior qualificação profissional do trabalhador brasileiro. E é impossível desvincularmos a eficiência e a produtividade dos trabalhadores de um quadro social em que a educação mereça papel de destaque.

Sim, pois a alfabetização de jovens e de adultos - meta precípua do Ministro Cristovam Buarque - aumenta consideravelmente as chances de inclusão social de significativa parcela de brasileiros que ainda se encontram nas bordas marginalizadas de nosso tecido social.

Erradicar o analfabetismo, para essa gente, é o mesmo que gerar novas perspectivas, novas possibilidades de realização pessoal e profissional, para os milhões de iletrados deste País. Já chegamos à conclusão de que promover o crescimento da economia, tão-somente, não nos basta. É preciso crescer com qualidade, é preciso crescer com inclusão social, é preciso crescer dando a chance aos trabalhadores de se aperfeiçoarem e de buscarem uma vida mais digna, para si próprios e para seus familiares.

No caso específico da parceria entre SESI e Ministério da Educação, cabe ressaltarmos o fato de o convênio ser de excelente custo-benefício, uma vez que cada aluno custará aos cofres do Ministério 15 reais por mês, enquanto o alfabetizador a ser capacitado custará 20 reais. O SESI, por sua vez, contribuirá com o mesmo valor, oferecendo sua estrutura física e pedagógica, o que implica fornecer material didático, logística e as metodologias de ensino previstas no Programa SESI Educação do Trabalhador.

No nosso entendimento, um dos grandes méritos do programa é poder contar com a imensa capilaridade geográfica de que dispõe o SESI atualmente. Esta entidade possui, nos dias de hoje, salas de aula em empresas, escolas públicas e privadas, clubes e até em igrejas.

Essa situação permite que a parceria tenha efetivo impacto nas comunidades, permite que o projeto se faça sentir no convívio diário entre as pessoas. Esse é o primeiro passo - primeiro, e fundamental - em direção à transformação da sociedade.

E o caminho da transformação social, Srªs e Srs. Senadores, passa necessariamente pela mudança de paradigma no plano individual, uma vez que implica a aquisição da cidadania perdida no constrangimento do analfabetismo.

O educador João Bosco Bonfim relata, baseado em sua experiência de alfabetizador de adultos no âmbito do Senado Federal, que, certa feita, um adulto recém-alfabetizado lhe dissera que sua maior satisfação era a de “poder entrar e sair dos lugares”. Finalmente, disse-lhe o trabalhador, ele se sentia capaz de ler o rótulo dos produtos que comprasse no supermercado, finalmente poderia ler a palavra “Masculino”, escrita na porta de banheiros públicos.

Essas experiências, Sr. Presidente, tão verdadeiras quanto pungentes, dificilmente seríamos capazes de avaliar, pois desde cedo nos acostumamos a ver e a apreender o mundo através da palavra escrita.

Na cerimônia de assinatura do Protocolo de Intenções, realizada na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o operário da construção civil José Pereira Lima, representando os trabalhadores alfabetizados pelo SESI, afirmou que “O caminho do brasileiro está na ponta do lápis. Um país com o seu povo alfabetizado é um país desenvolvido, um país de Primeiro Mundo”. Por trás da singeleza da afirmativa, encontra-se percepção bastante acertada acerca das necessidades prementes do País.

Não podemos conceber futuro brilhante para o Brasil enquanto nosso enfoque for o de fornecer mão-de-obra barata e desqualificada para o restante do mundo. Nosso foco e nossa meta devem concentrar-se na busca da eficiência fundada no trabalho produtivo, na mão-de-obra valorizada e aperfeiçoada pelo acesso à educação.

É nesse ponto que entendemos a parceria entre o SESI e o Ministério da Educação como estratégica. Não se trata, apenas, de oferecer alfabetização a um grupo de adultos determinados. Há também a grande expectativa, por parte do trabalhador, de haver contrapartida efetiva, por meio de melhor inserção no mercado de trabalho.

Nesse sentido, contamos com o depoimento do próprio Presidente Lula, ele mesmo torneiro mecânico formado pelo SENAI. Segundo as palavras do Presidente, foi por intermédio do SENAI que ele saiu do salário mínimo. O SENAI, para ele, foi sua “primeira conquista de cidadania”.

A parceria entre o SESI e o Ministério da Educação pode, igualmente, ter o condão de despertar outras entidades que também possam contribuir para a erradicação do analfabetismo. O Ministro da Educação receberia esta semana, por exemplo, o representante do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), com o objetivo de criar projeto de alfabetização em todas as 220 unidades da instituição espalhadas pelo País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vemos como alvissareiras as perspectivas de engajamento de setores do empresariado na causa representada pela erradicação do analfabetismo. É preciso despertar as consciências adormecidas daqueles agentes econômicos que esquecem - ou, o que é pior, fingem esquecer - do fato de serem as empresas as primeiras beneficiárias da alfabetização e do aumento da escolaridade dos empregados.

A produtividade, a eficiência, o menor índice de acidentes, o despertar para soluções novas e criativas, todos esses aspectos estão umbilicalmente ligados ao acesso à educação.

Esperamos, Sr. Presidente, que a parceria entre o SESI e o Ministério da Educação seja apenas o primeiro ato de um movimento que, ao final, consiga expurgar, de forma definitiva, o analfabetismo de nosso território. E que lutemos, no plano externo, por uma divisão de trabalho mais justa, porque já a teremos alcançado dentro de nosso País.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2003 - Página 26462