Discurso durante a 120ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 101 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Autor
Paulo Octávio (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Paulo Octávio Alves Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 101 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Aparteantes
Eurípedes Camargo, Maguito Vilela.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2003 - Página 27087
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, ESFORÇO, CAPACIDADE, TRABALHO, VITORIA, TRANSFERENCIA, CAPITAL FEDERAL, CONSTRUÇÃO, BRASILIA (DF), INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, BRASIL.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, INAUGURAÇÃO, MEMORIAL, HOMENAGEM, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MUNICIPIO, JATAI (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), REFERENCIA, PERIODO, ANTERIORIDADE, HISTORIA, BRASIL, ESCOLHA, CIDADE, INICIO, CAMPANHA ELEITORAL, PERSONAGEM ILUSTRE, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, GRUPO PARLAMENTAR, REGIÃO CENTRO OESTE, PARTICIPAÇÃO, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, OBJETIVO, ESTUDO, CRIAÇÃO, AREA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • COMENTARIO, PROGRAMA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, INTEGRAÇÃO, CERRADO, REGIÃO CENTRO OESTE, AUTORIA, ORADOR, APRESENTAÇÃO, ANTERIORIDADE, PLENARIO, SENADO.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador-Comendador Mão Santa, assisti ontem, no Memorial JK, à outorga que lhe foi feita do título de Comendador da Ordem dos Empreendedores, em homenagem a Juscelino Kubitschek.

Srªs e Srs. Senadores, Senador Eurípedes Camargo, de Brasília, realmente hoje, 12 de setembro, comemoramos o nascimento desse grande estadista brasileiro. Há exatamente cento e um anos, em Diamantina, nascia um Presidente que soube, com competência, amor e patriotismo, dirigir o Brasil.

Sei, Senador Mão Santa, que hoje V. Exª, neste plenário, registrou a célebre frase de JK, que se refere a Brasília: “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu País e antevejo esta alvorada com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa) - Senador Paulo Octávio, isso foi dito em 02 de outubro.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - De 1956.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa) - Antes de haver qualquer coisa além da crença de Juscelino.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - E é por isso, Senador, que quero registrar que a homenagem de ontem foi a empreendedores brasileiros, a pessoas que souberam, com sacrifício pessoal, familiar e de toda natureza, construir pontos e coisas positivas para o nosso País.

Já vi homenagem ao JK político, ao JK Governador, ao JK Prefeito, ao JK Senador, ao JK Presidente, ao JK estadista. Ontem, assistimos a uma menção diferente: JK empreendedor. E ser empreendedor é um pouco diferente de ser apenas político.

Nós, políticos, temos que também ser realizadores, também acreditar neste País.

Ontem, tive a oportunidade de lembrar que, no seu espaço de Presidente, por centenas de vezes, JK, depois de trabalhar o dia todo no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, pegava um avião, que não era como esses aviões modernos, a jato, que temos hoje, cruzava os céus do Brasil, sem nenhuma orientação do Sindacta, sem nenhuma orientação de tráfego aéreo, com radares antigos, muito diferentes dos atuais, e descia em Brasília. Trabalhava o dia todo, pegava um avião, dormia nele e, depois de três ou quatro horas de vôo, descia em Brasília às cinco ou seis da manhã para visitar as obras. A sua presença foi o que fez Brasília, porque ele sabia que o sacrifício de viajar a noite toda, correndo todos os riscos, seria importante. Do contrário, a cidade não seria construída nos mil dias.

V. Exª, que já foi Governador, sabe muito bem da importância da presença da autoridade acompanhando a obra, o trabalho, o que dá uma nova motivação. Os candangos, aqueles maravilhosos brasileiros - o Senador Eurípedes Camargo bem sabe disto -, quando acordavam, na madrugada, deparavam com um Presidente da República, de botas, olhando a construção de uma avenida, de uma catedral, de um palácio, de um prédio residencial, ficavam muito mais motivados, porque se sentiam prestigiados e homenageados por estarem sendo observados e aplaudidos pelo Presidente do Brasil.

Brasília foi construída em 1.000 dias, graças ao desprendimento de um empreendedor, que, democraticamente, com muita liberdade, suportou todas as críticas que lhe foram feitas pela construção de uma nova capital no cerrado brasileiro, no interior do Brasil. Fico imaginando as dificuldades que esse homem suportou; as dificuldades dos partidos de oposição, implacáveis; as dificuldades daqueles que não queriam sair de uma cidade, até hoje maravilhosa, o Rio de Janeiro. Imaginem os cariocas, muitos funcionários públicos, com suas vidas estabelecidas, suas casas construídas, suas famílias edificadas, terem que acompanhar o sonho de um empreendedor brasileiro.

Talvez nós, hoje, depois de 43 anos de Brasília inaugurada, não tenhamos a dimensão do que foi essa epopéia brasileira.

Mas a história, a cada dia, registra mais esses momentos do País. A história, a cada dia, registra mais a epopéia de Brasília, e a marca como a grande obra dos brasileiros no século passado. Se temos que ter orgulho de sermos brasileiros, temos que ter orgulho de ter tido a capacidade de, em apenas 1.000 dias, construir uma capital no cerrado, sem nenhum apoio, sem infra-estrutura nenhuma, sem meios de comunicação, sem transporte, sem telefone, com muitas dificuldades. Se hoje já é difícil construir uma cidade, imaginem há 50 anos!

É por isso que hoje, dia do nascimento do fundador de Brasília, fico muito feliz em saber que os Senadores Mão Santa, Maguito Vilela, Valmir Amaral e Eurípedes Camargo registraram, nos Anais do Senado, a devida homenagem a esse grande Presidente.

Hoje, no final da tarde, estaremos em Jataí inaugurando, nessa pacata cidade do interior de Goiás, um monumento à memória de JK. Porque foi em Jataí, Senador Mão Santa, que um simples brasileiro, em um comício de um candidato a Presidente da República, quando o candidato colocava suas propostas, suas metas, democraticamente, numa noite chuvosa, em cima de um caminhão, foi naquele momento que um jovem de apenas 18 anos perguntou ao candidato se ele ia cumprir a Constituição e construir a nova capital brasileira. Em um momento abençoado - eu não tenho dúvida de que foi uma resposta abençoada, aqueles momentos que mudam a história da humanidade, aqueles momentos que os líderes têm e que mudam um país -, um momento mágico, JK responde: “Sim, vou respeitar a Constituição e vou construir a nova capital dos brasileiros”. Imaginem a perplexidade da equipe que o acompanhava, de seus assessores, que não tinham essa meta como uma das metas lançadas em sua candidatura a Presidente.

Terminado o comício, a meta síntese da candidatura do então candidato a Presidente, JK, foi a construção de uma nova capital. Ninguém sabia com que recursos, ninguém sabia exatamente como seria, mas era a meta síntese de um candidato a Presidente. Ninguém acreditava. O Brasil não acreditava. Como seria possível mudar a capital, de uma cidade tão bonita como o Rio de Janeiro, para o interior do Brasil, onde nada havia? É aí que entra a frase: “... desta solidão...”. Era uma solidão este local. O Brasil não conhecia o seu interior; o Brasil não conhecia o Centro-Oeste; o Brasil era todo voltado para o litoral. Oitenta por cento da população brasileira vivia no litoral. De repente, um brasileiro, abençoado, lança, com muito entusiasmo, a construção desta cidade. E lança porque um humilde jovem do interior de Goiás lhe perguntou se ele ia respeitar a Constituição. Vejam a importância da democracia. Vejam a importância das eleições, das disputas políticas, do contato com o povo, das perguntas que, muitas vezes, um simples trabalhador brasileiro pode fazer a um político e influenciar a vida do País.

Hoje, estaremos em Jataí - repito -, homenageando aquele jovem Toniquinho, homenageando a cidade e também e principalmente o Presidente JK, que esteve aqui nestas mesmas cadeiras onde hoje nos sentamos, hoje ocupadas pela Bancada de Goiás, tendo em vista que o Senador JK representou o povo goiano.

Senador Mão Santa, acabo de vir de uma missa; uma missa campal, muito simples, realizada sob um toldo armado no Cruzeiro de Brasília, logo após o Memorial JK. Uma missa bonita, celebrada por Dom José Freire Falcão, Arcebispo de Brasília; uma missa muito tocante, com a participação de crianças de algumas escolas, com alguns corais, o coral do Cruzeiro, muito bonito. Lá, nós assistimos, mais uma vez, a uma missa em homenagem ao Presidente JK , à sua família, aos candangos que aqui viveram, que aqui morreram, a homens de fibra, que o Brasil tem muitos. V. Exª, como político eminente do País, ex-Governador, sabe muito bem como é o trabalhador brasileiro. Quantos piauienses fizeram Brasília! Quantos piauienses deram suas vidas em prol dessa epopéia que foi a construção da nossa cidade! E lá, nos garantiu o Governador Joaquim Roriz que pretende construir definitivamente um local para que a primeira missa realizada em Brasília possa estar sempre na memória dos brasileiros, e o local passe a ser de conhecimento do País e do mundo. Lá, se pretende construir, da mesma forma como foi feita a primeira missa, em 1956, um local adequado para as futuras missas, onde muitos outros brasileiros, nossos filhos, nossos netos, poderão sempre, nos momentos de valorização dos estadistas, dos heróis, da história brasileira, estar presentes, pensando em Deus e nas realizações humanas.

Por isso, Senador Mão Santa, quando comemoramos 101 anos de nascimento de JK, o “tocador de sonhos”, na inspirada definição do jornalista Humberto Werneck. Mais do que um sonhador, JK foi um estadista. Homem de extraordinária visão, como poucos, amou e honrou a nossa Pátria. É um exemplo para as novas gerações de brasileiros.

Em 1955, com a eleição do Presidente Juscelino, é reiniciada a marcha para o oeste brasileiro, cuja partida fora dada séculos antes pelos colonizadores portugueses.

Nos anos 60, 70 e 80, ocorreram imensas correntes migratórias do Nordeste para o Sudeste. A despeito disso, programas como o “Pólo Noroeste”, incentivaram as migrações do Sul em direção ao centro do País, principalmente aos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Goiás, incluindo a região onde se encontra o atual Estado do Tocantins.

Os proprietários rurais da região Sul, atraídos pelos baixos custos das terras localizadas no Centro-Oeste, emigraram para o cerrado, voltando seus olhos para a exportação de grãos, sobretudo a soja, que muito bem se adaptou ao clima local.

Os anos 90 consolidaram a nova fronteira agrícola do cerrado: a soja passou a ser o principal item de nossa pauta de exportações. Apesar do visível progresso econômico, bolsões de pobreza começaram a se formar, sobretudo no entorno do Distrito Federal e das demais capitais dos Estados da região.

A proliferação dessas áreas pobres demonstra que o desenvolvimento sustentável do cerrado não pode estar alicerçado unicamente na agricultura. É necessário um planejamento integrado, sob pena de a região sofrer, num futuro muito próximo, dos mesmos males das grandes cidades do Sudeste.

Com a finalidade de buscar soluções para os problemas comuns, em fevereiro deste ano foi instituída a Frente Parlamentar do Centro-Oeste, de caráter suprapartidário, composta por 41 Deputados Federais e 12 Senadores.

Logo nas primeiras reuniões da Frente, ficou decidido que seria constituído um grupo dedicado ao estudo de uma área de desenvolvimento regional.

Após entendimento com o ilustre Senador Jonas Pinheiro, apresentei, neste plenário, em 21 de julho, as bases para o futuro Programa de Desenvolvimento Integrado da Região Centro-Oeste (RIDE).

Dada a complexidade do Programa, que envolve aspectos políticos, técnicos, institucionais, legais, administrativos, sociais, ambientais, financeiros e gerenciais, recomendei à minha assessoria que buscasse uma metodologia que abrigasse todas essas vertentes, sintetizando-as num único documento, transparente e objetivo, com a finalidade de chamar a atenção dos três níveis de governo, da sociedade civil e do setor produtivo para a importância do tema.

Tomei a liberdade de nomear o documento preliminar de “Programa JK”. Uma justa homenagem àquele que, como nenhum outro, como aqui referenciamos, reconheceu as potencialidades do cerrado brasileiro e redesenhou o mapa político e econômico do País.

Gostaria de registrar que, em breve, disponibilizarei aos membros da Frente Parlamentar do Centro-Oeste, aos Governadores dos Estados da região e a cada um dos Srs. Senadores que se interessarem um exemplar do “Programa JK”, para exame, sugestões e aperfeiçoamento.

Caso consigamos levar adiante o “Projeto JK”, podem ter certeza de que estaremos galvanizando o grande ideal de Juscelino, tornando realidade o sonho do grande estadista.

Sr. Presidente, Senador Mão Santa, já se disse que este é um País injusto. Infelizmente, não é possível discordar dessa assertiva. Afinal de contas, nunca é demais lembrar que a distribuição de renda no Brasil é uma das piores do mundo.

Já se disse que este é um país sem memória.

Também já se disse que este é o País do futuro.

O que não se disse, ou melhor, o que poucos percebem é que este é um País surpreendente. E o que mais nos surpreende no Brasil é a capacidade de superação de seu povo. Em determinados momentos da história, esse povo dá provas incontestáveis de grandeza, altruísmo e fé.

Em toda a história deste País, o momento de maior superação do povo brasileiro se deu com a construção da cidade-monumento de Brasília, obra-prima da arquitetura contemporânea. Brasília não existiria não fosse a obstinação de Juscelino e o braço forte de milhares de brasileiros e brasileiras que acreditaram no sonho da nova capital.

Lembrar Juscelino é homenagear a fibra do povo brasileiro. No dia de seu 101º aniversário, a memória do saudoso Presidente nos remete a dias de glória. Dias esses que pretendemos retomar com a implantação do grandioso “Projeto JK”.

Não tenho dúvidas de que alguns, mais apressados, dirão que esse projeto é por demais ambicioso e de difícil execução. Lembro, porém, que se ouviu algo semelhante a isso quando um certo candidato a Presidente da República disse que mudaria a capital do Rio para o centro do País.

É um projeto estratégico e moderno que terei muito prazer em apresentar a V. Exªs, de quem espero ouvir valiosas sugestões e contar com inestimável apoio.

Sr. Presidente, por isso, hoje, no dia em que comemoramos o 101º aniversário desse grande estadista, no dia em que V. Exª preside esta sessão, com esta condecoração de “Comendador da Ordem JK”, quero registrar a emoção de todos os candangos e brasilienses, de todos aqueles que amam esta cidade, em ver o Senado Federal sendo presidido por um ilustre representante do povo do Piauí, Estado que ajudou a construir Brasília, ostentando, com muito orgulho, esta comenda, que tão apropriadamente foi concedida ontem a V. Exª.

Assisti à cerimônia, aplaudi V. Exª e o aplaudirei sempre, porque sei que dentro do coração do nobre Senador Mão Santa bate um grande amor por Brasília, um grande amor pela história do Presidente JK e um grande respeito por aqueles piauienses - e foram tantos - que trabalharam, viveram e fizeram este sonho.

Por isso, ao prestigiar e homenagear o povo do Piauí, por intermédio de V. Exª, quero deixar registrado que hoje, com muita emoção, ao lado do Senador Maguito Vilela, que acaba de adentrar neste plenário, estaremos juntos, Brasília e Goiás, homenageando JK, o nosso grande herói brasileiro.

Parabéns, Senador Mão Santa, pela comenda que foi conferida a V. Exª ontem.

Parabéns, Senador Maguito Vilela, pela homenagem que prestará hoje, em Jataí, a esse que foi eleito recentemente o maior homem do século que passou. Parabéns aos goianos, por intermédio do povo de Jataí. É uma homenagem que toca profundamente Brasília, que toca profundamente a família JK, que toca profundamente aqueles que querem construir um Brasil diferente.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - É um enorme prazer receber um aparte deste grande amigo, ilustre representante do povo goiano, ex-Governador de Estado, Senador Maguito Vilela.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Paulo Octávio, quero dizer a V. Exª que, desde ontem, vários pronunciamentos foram feitos nesta Casa para comemorar os 101 anos do nascimento de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o maior estadista de toda a história do nosso País, dos 500 anos do Brasil, homem que tinha uma visão extraordinária, um grande empreendedor e um político habilíssimo, com uma enorme sensibilidade. Hoje, V. Exª e os demais Senadores de Brasília terão oportunidade de conhecer alguns fatos inéditos. Eu acompanhava o pronunciamento de V. Exª quando me deslocava para esta Casa. V. Exª dizia da coragem de JK. Quando ele se deslocou para Jataí, saindo de Belo Horizonte, o tempo era chuvoso, extremamente perigoso. Ele foi num avião - naquela época, os aviões não tinham muita segurança -, e os próprios líderes de Jataí o advertiram dos riscos de fazer aquela viagem, mas, corajosamente, ele disse que iria, que era um compromisso dele com a cidade. Realmente, chegou lá debaixo de muita chuva, tanto que faria um pronunciamento na Praça Tenente Diomar Menezes, onde o povo já se encontrava, mas isso não foi possível em função do mau tempo. Deslocou-se, então, para uma oficina mecânica e, em cima de um caminhão Studebaker, fez seu pronunciamento. Acho que esse caminhão ainda está lá. V. Exª relembrava a célebre pergunta feita por Toniquinho, que levantou o braço no meio da multidão. O interessante é que entreguei ao ex-Presidente do Senado uma foto que registrou justamente esse momento. Juscelino interrompeu seu pronunciamento para ouvir Toniquinho, que lhe fez a pergunta. Juscelino a ouviu atentamente, parou um pouquinho e respondeu. A partir daquele momento, ele fez da pergunta e da resposta a sua bandeira de campanha. Era um homem que tinha lampejos de genialidade, sabia o que queria, tinha uma visão estratégica do nosso País e que demonstrou grande sensibilidade ao interromper seu pronunciamento para ouvir alguém do povo. Juscelino Kubitscheck fez largas amizades em Jataí. Jataí, na época - isso é interessante, e a história não registra -, era o maior reduto do PSD no Brasil, que tinha como líder um médico, colega de JK na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais - assim denominada na época -, o Dr. Serafim de Carvalho. Por certo, na tarde de hoje, a esposa dele, que foi a anfitriã, D. Sílvia de Carvalho, também os cumprimentará. V. Exª - já tive oportunidade de dizer isso - verá fatos inéditos da história toda que culminou com a construção desta Capital maravilhosa, que V. Exª tem ajudado muito, política, administrativa e empresarialmente falando. V. Exª é um dos ícones desta Capital, tem dado uma contribuição muito grande ao seu desenvolvimento e, coincidentemente, está ligado à família de JK, pois casou-se com a neta dele, Ana Cristina Kubitschek. É importantíssimo para todos nós, jataienses, recebê-los lá hoje, o casal, naturalmente, acompanhado do Senador Eurípedes Camargo e do Senador Valmir Amaral, que vai representar o Senado na inauguração do parque ecológico, que é muito bonito, tem um lago, e do memorial, com fotos inéditas que nem mesmo Brasília possui, algumas cartas, bilhetes que Juscelino, de forma muito carinhosa, mandava ao povo de Jataí, escritos com sua própria letra. Cumprimento V. Exª por esse pronunciamento, por suas ligações com a família Kubitschek, por seu arrojo ao ajudar esta cidade a se transformar na grande Capital que é. Também cumprimento o Senador Mão Santa pela comenda recebida ontem, muito justa e merecida. Muito obrigado.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Senador Maguito Vilela, V. Exª, com seu aparte, enriquece o pronunciamento que faço em homenagem ao 101º aniversário do Presidente Juscelino, com detalhes que confesso que desconhecia e em que hoje quero aprofundar-me ao chegar a Jataí. Certamente, nos discursos que ouviremos e transmitiremos para todo o País, registraremos cenas vivas da história política brasileira. 

O Senador Maguito Vilela tem sido um grande companheiro no resgate da memória de JK; tem participado de momentos importantes de comemoração, como o centenário que fizemos no ano passado, e prestigiado o memorial presidido por Ana Cristina, lembrando sempre a saga, a tenacidade do Presidente.

É importante, Senador, que nós, políticos, tenhamos sempre em mente a importância de resgatar os heróis brasileiros, aqueles homens que mudaram o nosso País. São poucos. V. Exª é um deles: mudou o Estado de Goiás. É jovem representante de um dos Estados que mais crescem no País.

Cumprimento V. Exª e o povo do Estado de Goiás, que teve a nobreza de eleger JK Senador da República. Depois de deixar o mandato presidencial, ele continuou na vida pública graças à gratidão e ao reconhecimento do povo goiano, que V. Exª tão bem representa, graças a essa nobreza de gestos concretos do povo goiano, que V. Exª continua representando com dignidade, ao lembrar sempre esse grande estadista.

Convido V. Exª, Senador Maguito Vilela, o Senador Eurípedes Camargo e o Senador Valmir Amaral, para juntos analisarmos o documento que pretendo levar em nossa viagem: o Programa de Desenvolvimento Integrado Sustentável da Região do Cerrado do Centro-Oeste.

Se JK foi capaz de construir esta cidade em mil dias, certamente nós, políticos de Goiás, Brasília e Minas Gerais, seremos capazes de dar dignidade a essas milhares de famílias que hoje vivem numa região que é a que mais cresce no Brasil - com taxas de quase 5% ao ano, inimagináveis em qualquer país do mundo -, mas que enfrenta dificuldades que V. Exª tão bem conhece.

Por isso, tenho certeza de que essa viagem, além do resgate da memória de JK, da homenagem de Toniquinho, de V. Exª e do povo goiano por intermédio da cidade de Jataí, será muito oportuna, porque concretaremos um caminho, solidificaremos uma parceria de propostas para melhorar a região.

Se JK foi capaz de fazer em mil dias esta grande cidade, seremos capazes, talvez em um espaço de tempo mais longo, de achar uma solução para o entorno da Capital brasileira.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Paulo Octávio, quero, mais uma vez, solicitar um aparte, para dizer que lutarei, de corpo e alma, para que esse projeto se concretize. Por certo, mais um sonho de JK estará sendo concretizando. V. Exª chamou a atenção para um detalhe: o crescimento da ordem de 5%. O Centro-Oeste brasileiro, hoje, a meu ver, é a grande alavanca deste País. Mas é importante notar que Juscelino Kubitschek fez o País crescer quase 8% ao ano, naquela época. Isso, sim, é administrar com competência, com visão, com amor à Pátria. Juscelino talvez tenha feito o Brasil crescer com o maior índice de toda a sua história. Senador Paulo Octávio, sobre as homenagens de Jataí, elas também devem ser dirigidas e endereçadas ao seu Prefeito, Humberto Machado. Trata-se de um engenheiro muito jovem, competentíssimo, que teve essa visão e que construiu o parque, o Memorial, a que V. Exª terá acesso hoje, com recursos da Prefeitura Municipal, naturalmente com o apoio da Câmara Municipal e de todo o povo de Jataí. Mas a obra arquitetônica, toda a obra física foi feita por esse extraordinário Prefeito municipal, um jovem talentoso e inteligente, que construiu praticamente esse elo de ligação entre Jataí e Brasília. Esse Memorial resgata o início dessa história que relatei; naturalmente, outros detalhes V. Exª conhecerá. Dessa forma, prestamos a nossa homenagem ao extraordinário Prefeito de Jataí, que teve a sensibilidade de vivificar o nome de JK. Todos os Prefeitos brasileiros deviam, de alguma forma, homenagear o maior estadista de toda a história do Brasil, que é JK.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Estarei com muito orgulho e com muita alegria, Senador Maguito Vilela, conhecendo o Prefeito Humberto Machado hoje, à noite, em Jataí. O Brasil precisa de Prefeitos otimistas, como esse jovem Prefeito que V. Exª acaba de mencionar. Terei o maior orgulho e grande satisfação de conhecê-lo hoje à noite.

O Sr. Eurípedes Camargo (Bloco/PT - DF) - Senador Paulo Octávio, V. Exª me permite um aparte?

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Senador Eurípedes Camargo, é com o maior prazer que ouço o aparte de V. Exª, ilustre representante do povo candango, do povo de Brasília.

O Sr. Eurípedes Camargo (Bloco/PT - DF) - Ontem, tive a oportunidade, em pronunciamento do Senador Maguito Vilela, de me reportar a esse ato importante, aqui lembrado por V. Exª, de justa homenagem pelo centenário de JK. Por mais que Juscelino Kubitschek seja homenageado, nunca será o bastante pelo que ele representou e representa para o nosso País. Portanto, a nossa ida a Jataí será uma homenagem àquele povo. Naquele memorável dia, Toniquinho fez aquela pergunta que propiciou toda essa epopéia que vem acontecendo. Com certeza, todos os candangos de Brasília gostariam de estar lá conosco homenageando o povo jataiense nesta tarde de hoje. Logo, o Distrito Federal e os candangos se somam à saudável memória que têm do nosso ex-Presidente JK.

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF) - Muito obrigado, Senador Eurípedes Camargo. V. Exª muito contribuiu para a construção de Brasília e sempre homenageia o povo candango, o povo realmente tenaz que veio de todo o Brasil. Candango é a expressão melhor do povo brasileiro, porque aqui houve a maior miscigenação de todo o País, uma mistura gostosa que formou o brasiliense, que V. Exª tão bem conhece. Por isso, agradeço a V. Exª pelo aparte, que é feito em homenagem ao povo de Brasília, que tanto amou JK e trabalhou por ele.

Para terminar as minhas palavras, já que o Senador Maguito Vilela mostrou tão bem a forma como foi a interpelação de Toniquinho, democrática, livre, numa campanha política, quero dizer que essa, Senador Maguito Vilela, é que faz a diferença do homem público de coragem, que não é aquele que, para tomar uma decisão, demora tanto tempo, que a decisão passa. O homem público tenaz e corajoso se diferencia dos outros porque toma a decisão na hora. É aquele que tem o feeling, o sentimento de dizer que o Brasil precisa de algo e que ele vai fazer e que tem a coragem de assumir, com todos os ônus, aquele seu gesto. É isso o que está faltando ao Brasil. Está faltando ao Brasil homens com coragem de fazer. É disso de que precisamos neste País.

Por isso, fica registrada a tenacidade de JK no atendimento a um pleito de um cidadão comum, um jovem que se levanta, na multidão, tremendo, como me foi contado. Tremia de emoção e medo - imaginem - por interpelar um candidato a Presidente da República e perguntar se ele obedeceria à Constituição brasileira. Foi um gesto de muita ousadia.

O Brasil precisa de brasileiros ousados, que interpelem os políticos e os governantes para o bem do País. O Brasil precisa de governantes competentes, capazes, corajosos e empreendedores, que não tenham medo do risco, mas que tenham vontade de fazer.

Por isso, fica hoje essa grande homenagem que o Senado presta, por intermédio de ilustres Parlamentares, a JK, o estadista do século.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2003 - Página 27087