Discurso durante a 121ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelos 57 anos de fundação da Rádio Difusora de Macapá.

Autor
Papaléo Paes (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelos 57 anos de fundação da Rádio Difusora de Macapá.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 16/09/2003 - Página 27142
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMPRESA, RADIO, MUNICIPIO, MACAPA (AP), ESTADO DO AMAPA (AP).

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao subir nesta tribuna para prestar minhas homenagens aos 57 anos da Rádio Difusora de Macapá, comemorados no dia 11 de setembro deste ano, vieram à lembrança as notáveis palavras de Roquette Pinto, quando da inauguração da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por ele fundada em 1923. Naquela oportunidade, o antropólogo carioca, olhando com otimismo o futuro da radiodifusão, disse o seguinte: “Todos os lares espalhados pelo imenso território do Brasil receberão livremente o conforto da ciência e da arte (...) pelo milagre das ondas misteriosas que transportam no espaço, misteriosamente, as harmonias”.

O sentido da minha homenagem pelos 57 anos da Rádio Difusora de Macapá, que inaugura seu Departamento de Acervo Fotográfico, com a Sala da Memória e Pesquisa, e o serviço intitulado Rádio Online, é o de reconhecer a importância sociocultural dessa emissora. Afinal, ela é pioneira em levar informações de qualidade a todos os rincões do Estado do Amapá. Nos dias de hoje, tenho a certeza de que serviços como a Rádio Online contribuirão ainda mais para consolidar a Rádio Difusora de Macapá como marco da comunicação amapaense.

Em verdade, a história da Rádio Difusora de Macapá se confunde com a própria trajetória dos pioneiros que fazem do Estado do Amapá uma das jóias mais cobiçadas da região Norte brasileira. Como deixar de mencionar o pioneirismo e a coragem de um Heracildes Macêdo, responsável por irradiar o som amplificado por meio de alto-falantes na Praça da Matriz e na Praça do Barão do Rio Branco, lá pelos ido de 1945?

Como nos esquecermos do ex-Governador do Território, Capitão Janary Nunes, e do Primeiro-Tenente e jornalista Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque, responsáveis pelas primeiras transmissões de programas específicos sobre o Amapá?

Já era passada a hora de fundarmos um acervo fotográfico permanente dos pioneiros da Rádio que fizesse justiça ao imensurável papel social que prestaram junto à comunidade amapaense. Pois quando o acesso aos povoados era precário, quando os meios de transporte eram significativamente mais limitados, a existência de uma radiodifusão de qualidade era a garantia do contato permanente com a cultura, com a informação e o entretenimento.

Apesar de a radiodifusão amapaense ser anterior a 1946, convencionou-se estabelecer o dia 11 de setembro de 1946 como o início das atividades da Rádio Difusora de Macapá por ter sido nesta data que a aparelhagem da Rádio mudou, em definitivo, para a Rua Cândido Mendes, onde a emissora se encontra instalada até hoje.

Aliás, a preocupação com a utilidade pública marca, desde a concepção, a trajetória da Rádio Difusora de Macapá. Para confirmar essa assertiva, basta evocarmos a saudosa noite de inauguração da Rádio, que contou com a participação do Dr. Carlos Alberto Monteiro Leite, médico com exercício no Hospital Geral de Macapá, que proferiu palestra sobre a Campanha Antituberculose.

O aproveitamento do alcance social da radiodifusão para levar dicas de saúde, noticiário político e músicas de todas as partes do mundo fez da Rádio Difusora de Macapá, desde logo, uma referência da transmissão radiofônica em toda a região Norte. Com o fito de exemplificarmos a importância da rádio para a sociedade do Amapá, é válido lembrar que sua discoteca, iniciada com acervo de 200 obras, foi durante vários anos referência de toda a Amazônia, levando ao ar obras populares, clássicas, de câmara e até óperas completas.

A pujança e o alcance social da Rádio Difusora de Macapá serviram, desde a inauguração, para desmistificar a falácia do argumento, muito em voga nos primeiros tempos da televisão, segundo o qual a televisão, por ser meio “mais completo” por apresentar, simultaneamente, som e imagem, condenaria o rádio à morte e aos museus de antigüidades.

Ao observarmos penetração da Rádio Difusora de Macapá na sociedade de meu Estado, é inevitável reconhecer o prestígio do rádio nas camadas populares, como comprovam as elevadas audiências de programas direcionados ao grande público. Mas a verdade é que a Rádio Difusora de Macapá alcança, com a diversidade de sua programação, todo o espectro social do Amapá ao cobrir eventos culturais e oficiais ocorridos no Estado e ao excursionar pelo interior do território com a Caravana da Boa Amizade.

É com muita alegria, pois, que celebramos mais um aniversário da Rádio, que faz, nessa oportunidade, com a instalação do Departamento do Acervo Fotográfico, justa e merecida homenagem àqueles que superaram todas as dificuldades e as precariedades em nome de um ideal de servir à sociedade amapaense.

A inauguração da Rádio Online significa o reforço do papel da Rádio Difusora de Macapá como referência regional na busca, na transmissão e na análise do que acontece de importante no Estado, no Brasil e no mundo. O milagre das ondas misteriosas que transportam no espaço as maravilhas da ciência, das artes e das manifestações populares mais genuínas, como diria o saudoso Roquette Pinto, tem na Rádio Difusora de Macapá um de seus mais fiéis aliados.

O rádio, esse veículo de comunicação que aproxima as pessoas dos lugares mais remotos, conduz, ainda que de forma indireta, ao diálogo e ao entendimento entre os homens. Tais atributos, tão urgentes quanto escassos, ganham especial significado em tempos em que o 11 de setembro, data de fundação da Rádio Difusora de Macapá, é também lembrado como símbolo de nossas piores discórdias.

Receba, pois, a Rádio Difusora de Macapá nossa sincera homenagem e nossos votos de que continue a aproximar as pessoas através das ondas do rádio.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PPS - RR) - Senador Papaléo Paes, permite V. Exª um aparte?

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Ouço o aparte de V. Exª, Senador Mozarildo Cavalcanti.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PPS - RR) - Senador Papaléo Paes, gostaria apenas de somar-me aos aplausos, aos parabéns que V. Exª faz à Rádio Difusora de Macapá. Como amazônida, quero dar meu depoimento sobre a importância das rádios na Amazônia. Não fossem essas, a Amazônia estaria até hoje ouvindo apenas A Voz da América, pregando tão-somente o pensamento norte-americano de ser, e a Voz de Cuba, que eram as rádios alcançadas na Amazônia. Hoje, com a Rádio Difusora de Macapá, de Roraima e tantas outras, podemos efetivamente integrar melhor o Brasil. Felizmente, houve uma democratização grande na concessão de rádios na Amazônia, mas precisamos liberalizar mais ainda, porque a presença de rádios naquele grande território brasileiro e nas fronteiras, principalmente as mais distantes, é com certeza um fator de integração nacional. Muito obrigado.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP) - Agradeço a V. Exª pela referência muito importante que fez. Temos uma preocupação na nossa região quanto a essa questão das rádios. Precisamos ampliar ainda mais as rádios AM, porque são justamente as que podem alcançar todo o interior da Amazônia.

Como referi em meu pronunciamento, a Rádio Difusora de Macapá, no Estado do Amapá, como as de outros Estados - e os nossos são Estados grandes -, de Municípios ou localidades de difícil acesso, serve sim para fazer comunicações, sendo possível até salvar vidas.

Agradeço a V. Exª; a sua lembrança foi muito importante. E quero mais uma vez aqui, homenageando a Rádio Difusora de Macapá, homenagear também todas as outras rádios da Amazônia e principalmente o povo do meu Estado, o Amapá.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/09/2003 - Página 27142