Pronunciamento de Arthur Virgílio em 19/09/2003
Discurso durante a 125ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Cobrança de solução para o do caso da VARIG.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA DE TRANSPORTES.:
- Cobrança de solução para o do caso da VARIG.
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/09/2003 - Página 28471
- Assunto
- Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
- Indexação
-
- COMENTARIO, CRISE, FINANÇAS, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), IMPORTANCIA, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO, IMPEDIMENTO, SAIDA, DOLAR, BRASIL, AUMENTO, DESEMPREGO.
- CRITICA, GOVERNO FEDERAL, DISPONIBILIDADE, CREDITOS, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, EMPRESA ESTRANGEIRA, ENERGIA ELETRICA, AUSENCIA, INICIATIVA, TENTATIVA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG).
- REGISTRO, INEFICACIA, FUSÃO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), SOLUÇÃO, PROBLEMA, DESEMPREGO, POSSIBILIDADE, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, TRANSPORTE AEREO.
- SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, BUSCA, ALTERNATIVA, IMPEDIMENTO, FUSÃO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG).
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -
A VARIG NÃO APENAS PODE SER SALVA. ELA É
TAMBÉM VIÁVEL E ESTRATÉGICA PARA A
ECONOMIA BRASILEIRA
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se a VARIG vier a desaparecer, com a fusão ou sem a fusão, os perdedores não serão apenas os 27 mil empregados, que ficarão ao desamparo. O maior perdedor será o Brasil. Portanto, todos nós, brasileiros.
Sem a VARIG, o País não vai apenas ficar sem as aeronaves que levam a bandeira brasileira aos quatro cantos do mundo.
Se a VARIG acabar, o Brasil fica sem uma forte geradora de dólares. E passa a remeter para o exterior, já não mais a imagem brasileira. Os dólares, que hoje vêm.
Em vez de vir, os dólares irão. Nas asas das companhias aéreas estrangeiras que cumprirão sozinhas as linhas do Brasil para o mundo.
Não é pouca coisa. Será uma sangria de R$ 3 bilhões de dólares.
Para efeito comparativo, isso é quase o dobro do faturamento da EMBRAER, por sinal uma geradora de divisas que está sempre lá em cima, nos primeiros lugares entre as empresas brasileiras.
O que falta para solucionar o problema? No governo passado, estava tudo muito bem encaminhado e, em dezembro, havia terreno propício para uma rolagem das dívidas da VARIG, sem fusão. Na época, o montante financeiro para esse fim era a metade do que será necessário hoje.
O atual governo tem como liberar os recursos necessários para salvar a VARIG, que, a despeito da fragilidade atual, ainda é uma empresa viável. Só que o seu fôlego está sumindo, pouco a pouco.
Há poucos dias, numa audiência pública na Câmara, vieram à luz os resultados do balanço da CVM e da VARIG, mostrando que, no dia 31 de dezembro último, o consolidado da empresa encerrou com cerca de 40 milhões, em valores positivos , decorrentes de suas atividades operacionais.
Na ocasião, foram exibidos aos Deputados elementos do Plano de Recuperação recentemente elaborado. Ali foi feita uma projeção segundo a qual, devidamente iniciada a reestruturação, a Varig não encerraria o exercício de 2003 com menos do que 150 milhões, muito conservadoramente, de resultado positivo no seu fluxo de caixa operacional.
Em vista disso, concluiu-se que não só o ativo, mas o fluxo de caixa operacional foi positivo em 2001, apesar da crise imensa da aviação naquele ano. A despeito dessa crise para o setor, ainda assim permitiu a VARIG encerrou o ano com 40 milhões positivos.
Considero que o governo do Presidente Lula está no dever de, rapidamente, encarar o problema como ele deve ser encarado. O fim da VARIG significa 27 mil brasileiros a mais no rol dos desempregados.
Numa fase em que não é fácil gerar novos empregos, como o próprio governo Lula está sentindo na pele, jogar pela janela quase 30 mil empregos seria não apenas uma crueldade. Seria um desatino.
Afinal, o BNDES acaba de patrocinar uma vultosa renegociação com o grupo norte-americano AES-Eletropaulo. Trata-se de uma operação de US$ l,2 bilhão, embora, como garante o banco, não tenha entrado dinheiro novo na operação.
O mesmo BNDES também abriu linhas de crédito para a Venezuela, como foi fartamente noticiado pela imprensa no mês passado.
Portanto, nada mais justo e correto do que encarar o problema da VARIG desde logo. A fusão com a TAM não é o melhor caminho.
Se essa opção vier a se consumar, a seguir o Governo vai ter que enfrentar problemas semelhantes com as demais empresas do setor aéreo.
Ademais, o que ficar decidido vai representar apenas o primeiro tempo de uma partida cujo segundo tempo não poderá ter intervalo prolongado.
O setor de transporte aéreo no Brasil está desorganizado. E precisa urgentemente de novos estudos, à luz de uma realidade que veio a surgir após a grande crise que se seguiu à tragédia do atentado de 11 de setembro em Nova York.
A própria VARIG já se antecipa, dando sua contribuição a um necessário processo de reorganização do sistema em vigor. Ainda há pouco, em meu Estado, a companhia firmou acordo pelo qual cedeu as linhas de ligação de Manaus com o interior a uma empresa amazonense, a Rico Linhas Aéreas.
Pelo acordo, a VARIG continua cumprindo as rotas de ligação dos grandes centros brasileiros com Manaus, redistribuindo à Rico os passageiros que se destinam as outras cidades, inclusive em Estados vizinhos. Com isso, fortalecem-se a VARIG e as empresas que fazem as linhas regionais.
Insisto, pois, em nome do bom senso: o desfecho do problema da VARIG comporta algumas alternativas. A menos recomendável é a fusão.
É preciso salvar empregos. Em nome da tranqüilidade social no País. É preciso salvar a VARIG, geradora de empregos.
Era o que tinha a dizer.