Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a primeira Mostra Internacional de Filmes sobre Deficiência "Assim Vivemos".

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIAL.:
  • Considerações sobre a primeira Mostra Internacional de Filmes sobre Deficiência "Assim Vivemos".
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2003 - Página 28955
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, REALIZAÇÃO, DISTRITO FEDERAL (DF), FESTIVAL, AMBITO INTERNACIONAL, EXIBIÇÃO, VIDEO, FILME, EXPOSIÇÃO, VIDA, EXPERIENCIA, PESSOA DEFICIENTE, ELOGIO, INTEGRAÇÃO SOCIAL, PARTICIPAÇÃO, ARTES, PORTADOR, DEFICIENCIA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, INCLUSÃO, PESSOA DEFICIENTE, SOCIEDADE, RECONHECIMENTO, CAPACIDADE, TRABALHO, DEFESA, ATENÇÃO, CONGRESSISTA, ELABORAÇÃO, LEGISLAÇÃO, GARANTIA, CIDADANIA, PORTADOR, DEFICIENCIA.

O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o desafio da inclusão do portador de deficiência em nossa sociedade, apesar de razoavelmente bem encaminhado por uma série de medidas tomadas no Legislativo, ainda está longe de ser solucionado. A resistência maior à plena participação não tem sido estabelecida da parte dos legisladores, juristas ou dos governantes. Infelizmente, é estabelecida por setores desinformados da nossa sociedade.

Ainda não se desintegrou de todo a visão, bondosa mas contraproducente, do portador de deficiência como o “coitadinho”. Busca-se atender as suas necessidades, mas por vezes não se reconhece sua grande capacidade de trabalho, suas soluções próprias de sobrevivência, sua maneira de enxergar a vida.

            Sendo assim, constantemente precisamos ser lembrados que incluir não é apenas aceitar a existência da deficiência, mas criar as condições para afloramento de uma vida de cidadania plena.

Quero aproveitar a ocasião para registrar a realização, aqui em Brasília, da Primeira Mostra Internacional de Filmes sobre Deficiência, que acontecem entre os dias 16 e 21 de setembro. Essa mostra, que tem o nome bastante revelador de “Assim Vivemos”, foi inspirada em um festival alemão de mesmo nome - já na terceira edição -, dedicado às questões de integração social e expressão artística dos portadores de necessidades especiais.

Aconteceram exibições de filmes e vídeos, abrangendo ficção, documentários e animações, acompanhados de debates, no Centro Cultural Banco do Brasil, patrocinador do evento em Brasília.

Não são obras que expõem histórias de fraquezas, ou que resvalem para a lacrimosidade fácil. São, antes, importantes registros de vidas plenas, de superação de barreiras, de construção de alternativas e estratégias de sobrevivência, com protagonistas que contam ou não com significativo suporte social ou familiar. São histórias de bravura, de exploração de limites, que incluem momentos de alegria, comicidade e tristezas, como as histórias de vida de qualquer um de nós.

A variedade das situações registradas também é notável, indo de portadores de deficiências congênitas com diversos graus de severidade, aos que adquiriram limitações em decorrência de acidentes, chegando aos atingidos pelas dificuldades decorrentes do próprio processo de envelhecimento.

Repetiu-se, assim, em Brasília, o sucesso que o evento já teve na cidade do Rio de Janeiro. Esperamos que os organizadores da mostra, Lara Pozzobon e Gustavo Acioli, consigam levá-la a outras cidades, dando oportunidade a um número maior de brasileiros de reavaliar seu entendimento e ampliar seus horizontes sobre a questão do portador de necessidades especiais.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda existe espaço para o legislador aperfeiçoar, como vem fazendo, os diplomas legais necessários para garantir as condições adequadas de exercício da cidadania a esse grupo muito especial de nossa sociedade.

O sucesso da empreitada, entretanto, necessita do concurso de outros esforços, desenvolvidos em níveis que a simples existência da determinação legal não é capaz de atingir: o nível da consciência individual, o nível da vida cotidiana, o nível da intimidade. Nesses níveis, agem mais completamente a educação, as artes, as convicções éticas e de solidariedade. A “Assim Vivemos” é um excelente exemplo do que a linguagem da arte pode fazer pela causa da plena inclusão social de todas pessoas, e de modo especial da pessoa portadora da deficiência.

Parabéns aos produtores e patrocinadores do evento; parabéns aos realizadores das obras apresentadas; parabéns aos portadores de necessidades especiais que participaram das filmagens. Esses últimos, mais do que protagonistas dos vídeos e fitas, demonstram ali, de forma cabal, serem capazes de protagonizar suas próprias vidas.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2003 - Página 28955